Ele era um menino, com cerca de oito anos de idade, que vivia numa
comunidade agrícola, no pequeno sítio da
sua família. A ele foram atribuídas
algumas tarefas, como, por exemplo, alimentar as galinhas que eles criavam. Além disso, tinha que frequentar e cumprir os
deveres da escola, e cuidar do irmão menor, enquanto a mãe estava na lavoura.
O tempo ia passando: os dias, as noites; as estações do ano; o tempo chuvoso, o
tempo de seca; plantação, colheita; ... Cada momento trazia consigo o seu
significado, exigência, ações, e consequências.
Terminado o Ensino Médio, conseguiu
ser admitido numa faculdade. Infelizmente, ficava numa outra cidade. Após seus
pais concordarem em mantê-lo por uns tempos na nova cidade, foi para lá, entrou
e se adaptou na nova rotina.
Basicamente, lá, o processo se
repetia, muito parecido com o de quando estava em casa: observar e entender o
momento, cumprir o que era necessário, e ter direito ao resultado (exigências,
ações e consequências).
A partir dai, começou a ajudar sua
família, contribuindo para a formação dos irmãos mais novos. Mais tarde, casou-se,
comprou sua casa e teve dois filhos.
Atravessou aquela fase de formação e
educação dos filhos, os quais por sua vez, também foram cumprindo seus ciclos:
estudar, trabalhar, casar...
Hoje, bem aposentado, fruto da sua
carreira bem sucedida e de um planejamento financeiro adequado, pode viver tranquilo, acompanhar e colaborar para cumprimento dos ciclos de seus netos.
Às vezes, olha para o que conseguiu
realizar, tanto pessoal como socialmente,
e lhe ocorre que, mesmo estando muito bem, poderia ter feito ainda mais. Entretanto, considerando
de onde veio , as eventualidades negativas, o tempo disponível, as suas
limitações e dons naturais, conclui que o que fez está de bom tamanho.
Tem consciência de que cada pessoa,
além de ter o seu tempo certo, tem um papel, um missão a cumprir, fechando
alguns ciclos e iniciando outros, para que todo processo previsto ocorra,
naturalmente. Dentro desse contexto, tendo vivido como viveu, construído o que
construiu, de um modo geral, independentemente de suas limitações físicas
atuais, sente-se realizado, feliz.
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Viver no tempo certo é viver em equilíbrio
com a natureza. Os eventos vão ocorrendo naturalmente, um depois do outro, sem estresse.
Os alicerces, as paredes da construção da vida, vão tomando corpo e, ao final, pode-se
olhar para trás, com um misto de surpresa e, normalmente, de satisfação, ver o
resultado da obra, da sua influência sobre si próprio, sobre outras pessoas, sobre o meio ambiente, sua
cidade, seu país, o mundo - dependendo
do grau de influência alcançado.
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Tempo presente e tempo passado
Estão ambos presentes no tempo futuro
E o tempo futuro, contido no tempo passado.
(T.S. Eliot)
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(JA, Set14)