Andando à pé, na calçada de uma rua
movimentada da cidade, lhe ocorreu o quanto todos somos dependentes uns dos
outros. Dependemos de pessoas que, na sua quase totalidade, não conhecemos e
nem vamos conhecer. São pessoas que nos
proporcionam, de alguma forma, tudo o que usamos, consumimos – desde a nossa
roupa, até a água que bebemos, a qualidade do ar que respiramos.
Em torno de cada um de nós gira um
mundo invisível de pessoas, do presente ou do passado, ou seus substitutos, sem
as quais, teríamos muita dificuldade em continuarmos vivendo dentro do nosso padrão de vida atual, usufruindo dos meios facilitadores
aos quais estamos habituados.
Tudo isso é devido ao sistema de vida
em sociedade. Um sistema que começou há se formar há mais dos dois mil
anos do nosso calendário. Nossos
antepassados se agregaram aos seus afins, com o objetivo egoísta de se
defenderem das ameaças que sofriam por parte daqueles não eram do seu grupo, da
sua espécie. Pouco a pouco, foram se
organizando: alguns assumiam a liderança, outros esta ou aquela tarefa, e assim
cada comunidade passou a viver com mais conforto, abastecida de alimentos, e
pronta para defender suas propriedades e os seus membros.
Naturalmente, esse sistema, embora
seja a melhor solução, também acarreta problemas. Afinal na vida em sociedade, para se
desfrutar das vantagens advindas, há
necessidade de repressão aos maus
feitos, e de algumas renúncias por parte de seus associados. Entretanto, a
maioria aceita os princípios e valores
estabelecidos; tem consciência que sem eles sua vida seria caótica, e, por isso
mesmo inviável.
Em alguns momentos, houve necessidade
de revoluções - como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial nos séculos 18 e 19
- para redefinição dos princípios originais. Essas revoluções mudaram o mundo
antigo e moldaram a modernidade. Naquela época, o homem, mesmo vivendo em
sociedade, exigiu que fossem respeitados seus direitos pessoais de igualdade,
fraternidade e liberdade. Além disso, a Revolução Industrial gerou
empregos, permitiu ao homem ganhar o seu
sustento e a ascender socialmente, pelo seu esforço – estudo e trabalho –, e talento, independentemente da sua origem,
raça ou cor, e a desfrutar de alguns
confortos antes sequer imaginados – telefone, luz elétrica, veículos
motorizados, ...
Hoje vivemos no pós-moderno, no
pós-tudo, que, justamente por isso, é pré-tudo. A era das revoluções que está
sendo inaugurada promete muito menos
sangue e poluição do que as anteriores, mencionadas. Seus motes são: colaboração,
respeito ao ser humano e ao meio ambiente. E' preciso lembrar que os jovens já
começaram a mudar o mundo, começando por mudar o seu próprio. O poder jovem,
desvinculado de uma estrutura tradicional, é popular horizontal, transacional,
digital e jovem. É a chamada “emergência jovem".
Vivemos um momento em que a maioria
das posições de comando político e empresarial estão passando, cada vez mais
rapidamente, para as mãos dos mais jovens. Eles, embora menos experientes que
os mais velhos, são, na sua maioria, melhor preparados e estão capacitados para
exercer uma liderança que conquistaram ou lhes foi outorgada. Suas preocupações são sociais, e abrangem
todos aqueles que fazem parte da sua unidade, célula (empresa, cidade, país).
Basicamente
lutam para que seus ‘produtos’ atendam às necessidades de seus 'clientes', a um
preço justo/pagável, com prioridades definidas pela necessidade da maioria. E,
para tanto, proveem capacitação adequada para os jovens, para os seus
subordinados, cooptam e adotam as tecnologias de ponta para otimizar a produção
e a administração, gestão, e realizam um controle rígido de desempenho. Nessa
sociedade todos os ‘associados’ têm metas definidas a cumprir,
responsabilidades. Nela, os ‘bons’ (os que cumprem as metas, atendem às
expetativas) são exaltados e os ‘maus’ excluídos. Eles (a emergência jovem) têm
uma visão de conjunto ampla – falam mais de um idioma, são conectados digitalmente,
familiarizados com a tecnologia global
mais recente, e suas ações são fruto de uma visão sistêmica que define:
- Quais devem ser as ações – Determinadas pelas necessidades, demandas existentes.
- Quando vão ser implantadas – Cronograma organizado para atender as necessidades de seus ‘clientes’, acordo com uma escala de prioridade
- Como fazer – Desenvolvimento e aprovação de um projeto detalhado, definição de responsabilidade, e alocação de recursos para viabilização, execução
- Realização
- Controle do Resultado Obtido x Consequências Esperadas.
Esses padrões de comportamento projetam uma sociedade produtiva, eficaz, mas
basicamente fria? Sim, é mais fria, menos humana talvez. Principalmente se
considerarmos a validade da fala: 'Errar é humano!'. A sociedade no formato
atual, que está sendo modificado, tem, como sabemos, muitos inconvenientes: baixo nível de profissionalização, corrupção,
desrespeito com o consumidor, funcionários mal remunerados e desmotivados,
ações baseadas em motivações políticas / eleitoreiras interesseiras, meramente
pontuais,...
Com o passar do tempo, diante dos
resultados que certamente serão alcançados,
com a percepção de que as necessidades dos empregados, do povo, dos ‘clientes’,
estão sendo atendidas de maneira cada vez mais eficiente, quando os
resultados se tornarem mais perceptíveis, esse padrão passará a ser aceito normalmente,
sem restrições.
E o futuro? O futuro à Deus pertence,
como se diz. Porém, pessoalmente, acredito que continuaremos a evoluir, a nos
superar como seres humanos e
sociedade. Temos um futuro inimaginável
pela frente, considerando tudo o que fizemos e já alcançamos até aqui.
"No tempo certo, as coisas
parecem acontecer de repente."
(JA, Set14)