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Por que?


Olhando para trás, para quando ainda era uma criança, percebeu que a lembrança mais marcante é de que era uma menina com muitas dúvidas. Vivia perguntando: ‘Por que?’ As perguntas,  próprias  de todas as crianças, eram muitas. Entretanto, poucos se davam ao trabalho, ou conseguiam responder.
“ Por que o mundo gira em torno dele e do sol?  Por que a vida é justa com poucos e tão injusta com muitos? Por que o céu é azul?  Quem foi que inventou o Português?  Como foi que os homens e as mulheres chegaram a descobrir as letras e as sílabas? Como a explosão do Big Bang foi originada?  Será que existe inferno?  Como pode ter alguém que não goste de planta?  Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Um cego sabe o que é uma cor?  Se na Arca de Noé havia muitos animais selvagens, por que um não comeu o outro?  Para onde vou depois de morrer?  Por que eu adoro música e instrumentos musicais se ninguém na minha família toca nada?  Por que sou nervoso?  Por que há vento?  Por que as pessoas boas morrem mais cedo?  Por que a chuva cai em gotas e não tudo de uma vez? ...”
Conforme foi se tornando adulta, suas perguntas deixaram de ter um foco tão amplo, e foram ficando mais específicas, tendo a ver com a sua família, formação, atividade  profissional.
As perguntas de pessoas adultas já não revelam o espanto das crianças diante da diversidade do universo e da imensidão das possibilidades. Os adultos, conforme vão crescendo, vão se tornando mais limitados, centrados nos caminhos que escolheram percorrer.
Ao passar da fase adulta para a chamada bondosamente de ‘a melhor idade’, as perguntas passaram a ter um caráter mais existencial:
“ Por que não consegui passar  para os outros a imagem daquela que tenho certeza que sou? Por que eu não me sinto em paz, se batalhei a vida toda, sempre tentando e, muitas vezes, conquistando isso e aquilo? Por que eu, que sempre ajudei a quem precisava, não fui e não sou ajudada quando mais preciso? Por que os homens públicos se preocupam mais com seus interesses pessoais do que com os do povo que deveriam representar? Por que os maiores criminosos raramente são penalizados? Por que meus defeitos sempre foram muito mais valorizados do que minhas qualidades? Por que pessoas que me foram muito próximas, a partir de determinado momento, se afastaram? Por que o que ganhei nunca foi suficiente para cobrir meus gastos com coisas que considero básicas? Por que me sinto tão sozinha, mesmo estando cercada por tanta gente?  Por que cada vez mais precisei  me doar aos outros, sendo que cada vez eu  precisava mais  dos outros?  Por que tantas vezes tive que ensinar, sendo que ainda tenho tantas dúvidas, tanto a aprender?  Por que, mesmo tendo feito tudo o que eu considerava que tinha que fazer, ainda não consegui atingir muitos dos meus objetivos?  Por que, em determinado momento, vou ter que partir definitivamente, sendo que ainda não terminei de fazer o que devo fazer? ...”
Remoendo essas dúvidas, vivia nessa época ansiosa e deprimida.

Quando se conscientizou do seu estado, e da razão de estar assim, resolveu mudar. Suas dúvidas existiam realmente na sua cabeça. Entretanto, por mais que tentasse, não conseguia respondê-las. Nesse ponto, surgiu um nova dúvida:
‘ -  Por que viver tentando responder perguntas cujas respostas efetivas talvez nem existam?’ 
Realmente, o mais perto que se poderia chegar de uma resposta, seria apenas uma  suposição.  Portanto, concluiu / respondeu: 
‘ -  Se as respostas existem, provavelmente eu nunca saberei!’
Decidiu então ignorar as suas dúvidas recorrentes, e procurar se concentrar nos seus sentimentos - naquilo que sentia diante de tudo que tinha oportunidade de perceber: a beleza dos diversos eventos da natureza, a graça de uma criança; a mensagem do artista através da sua obra; as pessoas especiais....
Pouco a pouco, superou a sua depressão e passou a se sentir melhor, feliz. Passou a irradiar  uma luz interior que, naturalmente, compartilhava com as pessoas que tinham oportunidade de ter contato com ela. Ela as atraia para o seu mundo, e as fazia se sentirem em paz, felizes, também.
Assim, deixou de precisar ser iluminada e passou a iluminar. Esqueceu seus ‘Por quês?’. Assumiu o papel afirmativo de alguém, cuja simples presença, independentemente de qualquer dúvida, pessoa ou situação, confirmava a validade da vida.
Agora, surpreendentemente, quanto mais velha fica mais lhe ocorrem perguntas que uma criança faria, se estivesse nas mesmas situações com as quais ela se depara.


                "Às vezes, temos que recuar para poder avançar mais".



(JA, Set14)



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