Falar sobre a atual fase da
seleção brasileira de futebol não é falar apenas sobre futebol. O esporte que
sempre foi a identidade brasileira no mundo, também reflete o comportamento do
povo. A marchinha da copa de 62 dizia: ‘A
taça do Mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa...O Brasileiro lá no
estrangeiro mostrou o futebol como é que é’. Este trecho aponta para o
comportamento criativo e ousado do Brasileiro, que jogava confiante, que ia
para ensinar, seguro do que faria.
Os jogadores, quase todos de
origem humilde, enfrentavam dificuldades sociais na vida, precisavam vencer
desafios, não se intimidavam com as adversidades, improvisavam para viver. E
era exatamente isto o que Garrincha, Pelé, Didi e outros faziam em campo.
A seguir veio o improviso do
Zico, o galo de Quintino, garoto do subúrbio. A autoconfiança e malandragem de
Romário, a mesma que ele aplicava nas peladas que disputava na Vila da Penha.
Depois, a objetividade e força do Ronaldo, a eficiência e seriedade do Rivaldo,
e a molecagem autoconfiante do Ronaldinho Gaúcho. A disciplina objetiva do Kaká
foi o último suspiro desta identidade.
Depois veio a geração Neymar,
e agora a geração Vinícius Júnior. E esta fase marca não só a derrocada da
Seleção Brasileira, como a perda da identidade de tudo o que a seleção era.
Mas, como a identidade da seleção sempre esteve ligada ao que o povo era, não
dá para achar que a geração Neymar e Vinícius Júnior é caso específico do
futebol. Ela é um fenômeno comportamental.
Neymar, Vinícius Jr e Cia são
jogadores que não precisaram lutar por nada. Bajulados por todos os lados,
nunca precisaram exercitar a criatividade na vida. São bobos, fabricados. De
longe, não transmitem a espontaneidade de Romário, Ronaldo, Bebeto. A
criatividade que possuem foi toda direcionada às futilidades. Baladas,
polêmicas, dancinhas, roupas, bobagens. E esse é justamente o comportamento
deles em campo.
A geração Neymar e Vinícius
Jr exerce sua habilidade em campo de forma fútil, sem objetividade, com
inúmeros lances improdutivos. Neymar passou boa parte de sua carreira na
seleção dando dribles e sofrendo faltas na linha lateral, na altura do meio de
campo. As chuteiras coloridas, tatuagens em dia, cabelo também. E aquelas
dancinhas ridículas também.
Assisti ontem ao jogo da
Argentina contra o Equador. É um jogo de homens. As comemorações são de homens,
há um sentimento de gana que é transmitido. Quando vejo a seleção brasileira, a
impressão é de que se trata de um grupo de amigos adolescentes. Dancinhas
ridículas, palhaçadas, e um monte de marmanjo de 30 anos passando a imagem de menino.
Desestabilizados emocionalmente, choram à toa. Lembro-me das seleções que eram
assim.
Colombianos gostavam desse
negócio de cabelo colorido e dancinha. Sua seleção era engraçadinha, todo mundo
curtia, mas ninguém levava a sério. O mesmo acontecia com Nigéria e outras.
Hoje, todos pararam com isso, todos levam a sério o futebol, e o Brasil
estacionou nessa adolescência mental. Insuportável ver Paquetá, Vinícius Jr e
Cia. rebolando após um gol.
Agora, o pior. Neymar, Vinícius Jr e Cia. não vieram de outro Planeta. Eles são o extrato mais fiel do comportamento brasileiro atual. Disciplina nunca foi nosso ponto forte. E até mesmo o poder de improviso de antes, hoje foi todo direcionado para futilidades. É triste, mas a seleção brasileira representa o Brasil atual.
(JA, Jul24)