Entre os colegas de turma da faculdade onde Juarez Alvarenga (JA) cursava Administração de Empresas, havia um que trabalhava na Eletroradiobraz, no Departamento de Organização e Métodos - DOM. Esse departamento executava as mesmas atividades que despertaram seu interesse no Boston Bank, onde então trabalhava.
O colega de faculdade
de JA que trabalhava na Eletroradiobraz, J. G. Martinez, por
coincidência (ou não) era chefe de um dos setores do departamento de O&M -
exatamente na área onde ele pretendia trabalhar.
Por não conseguir
transferência para esse o setor no banco, tentou por várias vezes, até conseguir,
uma entrevista de emprego na Eletroradiobraz.
Finalmente, em outubro de 1969, cursando o último ano da faculdade, conseguiu a vaga, saiu do banco, e passou a trabalhar na ‘Eletro’, na área que pretendia.
Empresa
A Eletroradiobraz nasceu
nos anos 40, no Bairro do Brás, na Av. Rangel Pestana, próximo da estação
ferroviária e da Confeitaria Colombo, no Largo da Concordia, na cidade de São
Paulo.
Inicialmente ela surgiu
como um ponto de consertos de rádios e outros pequenos eletrodomésticos, como
ferro de passar, liquidificadores, entre outros.
O início do negócio foi
dado pelo Sr. Ayme Taub e sua esposa Anita Taub, os quais tinham um casal de
filhos, Carlos Taub e Sarah Taub.
Com o passar do tempo o
filho Carlos Taub procurou diversificar o negócio de seu pai, dando início a
venda de eletrodomésticos e, em seguida, confecções - especialmente ternos e
acessórios. A partir desta iniciativa começou a haver um crescimento comercial
e estrutural.
A loja de consertos deu
lugar no mesmo endereço a um prédio de sete andares que passou a abrigar uma
moderna loja tipo magazine (alguns a conheciam como loja vitrine), com
vários departamentos interligados internamente por passarelas, que facilitavam
e criavam clima para desfile de modas e outros eventos.
Até meados de 1967, a
estrutura administrativa da Eletroradiobraz era familiar. Com o crescimento dos
negócios a empresa foi sendo profissionalizada com a contratação de executivos
específicos para cada área da empresa, porém sempre mantendo em sua estrutura
os funcionários que colaboraram para o crescimento empresarial da
organização.
A Eletroradiobraz contava
na época também com um grande depósito no bairro do Tatuapé, e posteriormente
na via Anhanguera, que podia ser visto da rodovia, de onde saiam seus Caminhões
Chevrolet amarelo e azul para entregar as mercadorias vendidas nas lojas.
A empresa matinha também
para seus funcionários uma colônia de férias, na Praia Grande, São Paulo.
No início dos anos 70,
transferiu a sua estrutura administrativa para o Largo Santa Cecilia, no prédio
anteriormente ocupado pelas Lojas Clipper, loja tradicional em São Paulo nos
moldes dos atuais magazines.
Um pouco antes dos anos 70, o ramo de supermercado já era uma realidade, e crescia a necessidade de se atender à crescente demanda populacional pelo sistema de autosserviço. Aos poucos, a Eletroradiobraz também expandiu suas atividades para esse segmento chegando a ter oito lojas.
Em 1971 a
Eletroradiobraz inaugurou o seu primeiro hipermercado, com a denominação de
‘Baleia’, no Bairro da Água Branca, em São Paulo - no prédio anteriormente
ocupado pela Eucatex. A definição de Hiper para aquela época era que se dizia
que, em um único ponto de venda, se podia encontrar do alfinete ao avião.
O nome ‘Baleia’ foi
escolhido porque já existia o Jumbo (antecessor do Extra) o primeiro
hipermercado do Brasil que foi inaugurado em Santo André, município de São
Paulo, também em 1971 pertencente ao Grupo Pão de Açúcar.
A empresa, tanto para os
supermercados e hipermercados, contratava assessoria de executivos americanos
aposentados, com vasta experiência nesse segmento como, por exemplo, nos
Estados Unidos entre outros países.
Trabalho
Na Eletroradiobraz, JA, que
havia acabado de concluir a faculdade, começou a exercer a função de analista
de O&M, inicialmente como trainee e depois, Junior e, finalmente, como Sênior.
Sua maior experiência foi
na área de suprimento, armazenamento e entrega de produtos vendidos pelas
lojas. Nos finais de ano, considerando o grande aumento do volume de
vendas, a empresa alugava e passava a utilizar um espaço adicional para
armazenamento. Alugava um depósito na Vila Carioca, em São
Paulo.
JA,
numa dessas ocasiões foi encarregado de administrar esse depósito: quadro de
pessoal, frota de veículos, segurança, recebimento de produtos, armazenamento,
controle de estoque, separação e entrega.
Num desses dias choveu
torrencialmente na região, e ocorreu uma grande inundação. A água
começou a entrar no depósito e ameaçava molhar os móveis e eletrodomésticos. JA
foi pesquisar o porquê da inundação, e verificou que a água da chuva não estava
escoando porque havia sido bloqueada pelo vizinho - uma área ocupada por uma
montadora de automóveis.
Ele, no meio daquela
chuvarada, foi falar com o responsável pelo local. Ele estava
sentado em cima de uns sacos de areia, cercado por seguranças, para impedir que
fossem retirados. Os sacos tinham sido colocados ali justamente para bloquear o
fluxo de escoamento da água.
Independentemente dos
apelos indignados de JA, o responsável se recusou a desobstruir para dar vazão à
água. Argumentou que tinha uma caldeira em funcionamento no local e
que, se a água invadisse a área, ela explodiria. Em contrapartida,
forneceu caminhões, pessoal e espaço para guarda do que houvesse no depósito,
para evitar a perda.
JA, por
telefone, colocou a ideia para seu Diretor, Sr. J. Casoy. Após a sua
concordância e preparativos, iniciou a transferência. Foi tudo
salvo. No início do processo, preocupado com a volta para casa, ele
havia deixado sua roupa na carroceria de um caminhão, para não molhar, para
ficar mais à vontade no trabalho de salvamento. Infelizmente, no meio da
confusão, acabou por perdê-la. Naquela noite chegou tarde em casa, molhado, sem
sapatos, e usando uma roupa emprestada.
Participou da criação do
depósito na via Anhanguera, e no planejamento e execução da transferência da
estrutura administrativa da empresa, do Largo da Concórdia para o Largo Santa
Cecilia, também em São Paulo, tendo sido elogiado pelo resultado.
Nesse trabalho de transferência
dos escritórios, JA:
o Levantou
todos os móveis e equipamentos existentes nos escritórios;
o Distribuiu
o espaço da nova sede entre os diversos departamentos/setores, considerando seu
tamanho e atividade;
o Projetou
o layout de cada área, considerando e prevendo a localização de seus móveis e
equipamentos;
o Organizou
o fluxo da transferência utilizando caminhões – definiu a ordem de
saída/entrada, a carga de cada caminhão, o pessoal e as viagens necessárias
para execução.
o Orientou
o pessoal envolvido sobre o que deveria ser feito.
No dia e horário
definidos, a mudança foi realizada. Uma passagem interessante desse evento foi
que JA previu que seriam necessárias 150 viagens para realização da transferência. Entretanto, por qualquer
motivo, ao final, verificou-se que a última viagem seria a 149. JA não
concordou; dividiu a carga dessa última viagem em duas. Assim, a mudança foi
realizada com 150 viagens, como previsto.
Alguns anos mais tarde,
em 1972, seu colega saiu da Eletroradiobraz e passou a trabalhar na
Mercedes-Benz do Brasil, em São Bernardo do Campo. Não passou muito tempo, ele
convidou um outro colega de JA, que também trabalhava na Eletroradiobraz, o P. Astolfo, para ser
funcionário da MBB na mesma área. E, em seguida, também convidou JA que, igualmente,
aceitou.
E então, começou uma nova
fase em sua vida profissional.
(JA, Ago21)