Gymnasio Anglo-Brazileiro
No final do século 18 e início do 19, muitos
colégios estrangeiros surgiram em São Paulo. O professor inglês Charles
Wicksteed Armstrong fundou, em 1899, o Gymnasio Anglo-Brazileiro – The Anglo Brazilian
School, que iniciou com 14 alunos, situada na Alameda dos Andradas.
Tempos depois, com a inauguração da Avenida Paulista, o colégio construiu um prédio no número 17 e, já bastante reconhecido, a instituição se apresentava como o verdadeiro ‘Collegio Modello Inglez’.
Geralmente, os professores
dessas novas escolas eram estrangeiros que vinham para o Brasil com esse
propósito, foi o que aconteceu com o Sir Charles Wicksteed Armstrong, que
nasceu em Nottingham, Inglaterra, em 1871, que veio com mais um dos idealizadores do colégio. O
seu lema e um de seus princípios era a frase latina ‘Mens sana in corpore sano’
(mente sã em corpo são).
Segundo notícias, o trabalho
desenvolvido no Gymnasio Anglo-Brazileiro alcançou excelentes resultados, tanto
que em 1906, o colégio obteve equiparação ao Gymnasio Nacional (o Collegio Pedro II), o que assegurava aos seus estudantes a entrada direta em cursos
superiores assim que concluíssem o ginasial.
O sucesso obtido levou
Armstrong a investir na criação de outra unidade no Rio de Janeiro, que foi
instalado em um lugar chamado Chácara Paraíso, em São Gonçalo. As aulas na nova
unidade tiveram início em 1910.
Anúncio publicado em revistas
da época, valorizava as localidades – Avenida Paulista e a praia do Leblon –
além dos atrativos das comemorações cívicas, aspectos de aulas, atividades
físicas e acomodações. O Sr. Charles aparece no centro da parte sobre a escola
em São Paulo.
O ginásio era muito conhecido
nos esportes, principalmente no futebol, no qual ganhou muitas partidas e
campeonatos, como mostra o anúncio da Revista Fon-Fon com seu primeiro time de
futebol.
Porém, a escola teve vida curta. Em 1917, o prédio do ginásio foi vendido ao Colégio São Luis, que permanece no local até hoje.
Colégio São Luiz
Fundado pelos padres jesuítas, a instituição foi inaugurada no dia 12 de maio de 1867, em Itu, cidade próxima à São Paulo. Por muitos anos, o colégio desenvolveu uma educação série, baseada nos preceitos religiosos. Chegou a receber a visita de D. Pedro II, quando percorria o país em 1875, em suas rotineiras viagens.
Vista aérea do Colégio São Luís, em Itu, fim do século 19 |
Em 2017, o Colégio São Luis comemorou 150 anos de existência e, para celebrar, foram organizadas várias atividades festivas, que se iniciaram no mês de maio. A Série Avenida Paulista também celebra esta data com este artigo. As fotos e as informações são oriundas do site da instituição e da publicação ‘Colégio São Luís – A educação e os jesuítas no Brasil – 140 anos’.
Em 1918, o colégio se estabeleceu na Avenida Paulista, número 17, e para contar essa história, matéria publicada pelo colégio:
“Nem só de glórias se faz uma
história, mas os períodos difíceis sempre fortalecem. Abalado por sucessivas
epidemias de varíola e febre amarela, que forçaram a suspensão das aulas e
acometeram metade da população de Itu, o Colégio São Luís perdeu muitos de seus
alunos e professores e saiu em busca de um novo lar em São Paulo.
Por sorte, o Colégio Anglo-Brasileiro estava vendendo sua sede, numa avenida inspirada nas grandes vias europeias, que seria a primeira da cidade a receber asfalto e arborização. Porém, na mudança para a Avenida Paulista, em 1918, houve mais um surto: a gripe espanhola se alastrou pela cidade e um pavilhão da escola foi cedido para funcionar como hospital. As aulas só recomeçaram em fevereiro de 1919, iniciando uma nova era para o Colégio.
Quando o Colégio São Luís foi
transferido para São Paulo, em 1918, o governador, ou para usar o termo da época, o
presidente da província, era um antigo aluno, Altino Arantes. Seu governo ficou
conhecido como o ‘governo dos quatro gês’, referentes a grandes problemas que
teve de enfrentar: a Guerra Mundial, a Greve Geral, a Geada que atingiu as
lavouras de café e a gripe espanhola.
Também foi marcado pela
criação do Banespa, pelo incentivo à imigração japonesa e pela inauguração do
Carandiru. Altino Arantes foi um dos primeiros entre vários homens públicos que
se formaram no São Luís”.
Durante todo o século 20, o colégio
foi referência em educação e se tonou uma das escolas mais desejadas pelos
paulistanos. A instituição passou por diversos fatos históricos e acompanhou a
urbanização da cidade.
Na Revolução de 1924, o colégio
quase vira hospital, já em 1932, muitos padres e alunos atuavam intensamente na
revolução, sendo liberados mais cedo da escola para participar dos comícios e
manifestações nos dias que antecederam a revolta.
Pelas imagens abaixo é
possível acompanhar algumas mudanças que aconteceram no colégio.
‘Em 1943, o Colégio abriu as portas do Ensino Médio Noturno, que recebe até hoje quase 500 jovens oriundos de escolas públicas, oferecendo bolsas de estudo para que tenham educação de qualidade. O ano de 1948 (…) foi a data de criação da Faculdade de Economia São Luís, uma das primeiras da cidade’.
Na década de 1940, com a expansão da cidade e da instituição, muitos alunos, que vinham de outros bairros, utilizavam o bonde Grande Avenida para ir à aula.
‘Entre as décadas de 60 e 70, a industrialização se acelerou e os casarões começam a dar lugar aos edifícios, verticalizando a paisagem da Avenida Paulista. O antigo prédio do Colégio também foi substituído por uma construção vertical, que permitiu a criação de uma infraestrutura completa, com piscina, ginásio coberto, quadras e laboratórios’.
A primeira turma de meninas só aconteceu em 1972. O Colégio São Luís foi uma das primeiras instituições tradicionais de São Paulo a aceitar alunos de ambos os sexos.
O colégio foi crescendo de forma desorganizada, até que em 2005 planejou-se uma grande reforma, realizada ao longo de 12 anos pelo escritório da Urdi Arquitetura.
No início, apenas com intervenções
modestas – como o novo espaço de refeitório e calçadas externas, que culminaram
com o complexo esportivo/cultural.
Igreja São Luiz Gonzaga
A Igreja São Luís do Gonzaga é um capítulo à parte. Segundo o site da congregação – fonte das imagens e informações – a construção do templo, teve início no ano de 1932, em estilo greco-romano, conforme projeto do ex-aluno do Colégio São Luís, o engenheiro e ex-prefeito de São Paulo, Anhaia Mello, que foi um morador da Avenida Paulista.
O grande pórtico em estilo jônico foi inspirado no Templo de Erecteion, em Atenas, Grécia. Suas colunas, de 11 metros em granito rosa, são encimadas por capitéis de bronze, que pesam 3 toneladas, modelados e fundidos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
Com capacidade para 400 pessoas, seu interior obedece ao estilo romano e coríntio, com colunas de mármore listado de verde e branco cinzento, trabalhadas com um só bloco de 6 metros de altura.
O reconhecido vitralista Conrado Sogernicht Filho desenhou os 14 grandes vitrais da nave da Igreja, além de 2 vitrais dedicados a Nosso Senhor Jesus Cristo, junto do altar.
A capela do Colégio São Luís tornou-se Paróquia de São Luís Gonzaga, por Decreto do Arcebispo Metropolitano Dom Agnelo Rossi, em 10 de abril de 1966 e, ao longo dos anos, vem realizando suas atividades religiosas e sociais, hoje é parte cultural da cidade, com apresentações de corais e eventos como o Natal Iluminado.
Edifício São Luiz Gonzaga
No lugar onde era o colégio foi inaugurado em 2000, o Edifício São Luiz Gonzaga, em estilo pós-moderno, com 110 metros de altura, é um dos maiores da Avenida Paulista, ocupando quase toda a extensão de uma quadra. Destaca-se com painéis de alumínio e pelo uso de vidros refletivos.
No site do edifício lemos que ‘uma trama de figuras geométricas em forma de grelha, elaborada com revestimento metálico, que se junta à fachada de cortina de vidro, com laminados refletivos azuis’, que faz com que o prédio seja reconhecido à distância.
O projeto arquitetônico foi concebido por Edison Musa Arquitetos Associados e conta com 22 pavimentos, que se organizam em torno de um pórtico externo em aço e vidro, com 18 metros de altura, que dá acesso ao imponente hall de entrada, com pé direito de 6 metros, e piso em granito brasileiro. Um dos destaques do Edifício é seu conjunto de 17 elevadores rápidos. O prédio possui também três subsolos destinados a garagens, térreo, mezanino para lojas e pilotis.
E assim, na vista aérea, vemos o imponente Edifício São Luiz Gonzaga, ladeado pela singela igreja São Luís Gonzaga e, atrás do prédio, parte do colégio São Luis.
Nova Sede
O tradicional Colégio São Luís, instalado em 1918 próximo da avenida Paulista, na rua Haddock Lobo (centro), vai se mudar para uma área ao lado do parque Ibirapuera em 2020.
A medida foi anunciada em
reuniões em março de 2018 para funcionários e pais dos mais de 2500 alunos da
escola. O colégio vai ocupar um terreno, já comprado, de mais de 15 mil metros
quadrados na avenida. Dr. Dante Pazzanese, 295
(zona sul).
O projeto, do escritório de
arquitetura Athié Wohnrath, é de uma escola horizontal, com áreas verdes e
transparentes. Segundo a direção, a construção reflete as mudanças pedagógicas
que vão ser implementadas nos colégios da Rede Jesuíta de Educação até 2020.
Ainda não há planos para o
espaço antigo, que é de propriedade do colégio. A direção não divulgou o valor
do investimento na compra do terreno e na construção.
A alteração faz parte de uma
renovação na proposta pedagógica do colégio e ocorre na esteira do surgimento
de escolas de elite com projetos inovadores na capital paulista
No novo projeto, as salas de
aula são maiores e com mesas e cadeiras móveis, com rodinhas. As paredes também
podem ser retiradas, para unir espaços.
‘A ideia é dar mobilidade e
flexibilidade, para aulas expositivas ou projetos e atividades em grupo. Também
podemos unir salas, com dois ou três professores, para aulas híbridas, com
conteúdos de várias disciplinas’, explica a diretora-geral Sônia Magalhães.
O colégio diz esperar que a
transferência signifique só uma mudança de sede - e não de público. Segundo
Sônia Magalhães, diretora-geral do São Luís, hoje cerca de 70% das famílias
matriculadas moram em um raio de até 5 quilômetros da escola. Com a mudança, o porcentual
cairia para 54%. ‘A ideia nunca foi criar um colégio novo, senão uma
sede para o São Luís. Esse terreno foi escolhido em detrimento de outros mais
baratos que levavam a escola para 20 quilômetros daqui’, diz.
No final deste semestre, a
escola deve divulgar o aumento de mensalidade para 2020 - hoje, a
de um aluno do ensino fundamental custa R$
2,4 mil
A transferência é a aposta
para colocar em prática a nova proposta pedagógica da escola, que tem como
características a internacionalização e o ensino em tempo integral.
‘A sede é uma resposta
arquitetônica ao projeto pedagógico que está sendo revisto. Nesta sede atual
haveria muitos limites’, reconhece Sônia, primeira mulher à frente do Colégio
São Luís após uma sucessão de 32 padres.
A mudança só foi comunicada com antecedência a um pequeno grupo de funcionários. Ex-aluno do colégio e atual diretor de ensino médio, Rafael Araújo, de 40 anos, foi um deles. Por dois anos, teve de esconder o segredo da mãe, Nilza, de 66 anos, antiga funcionária, e do filho Miguel, de 9, aluno novato - três gerações que se despedirão do prédio na Paulista.
Araújo vê com otimismo a mudança, embora guarde boas histórias da região atual. ‘Teve o impeachment do (ex-presidente Fernando) Collor em 1992, e fomos para as ruas, estávamos no meio dos caras-pintadas. Até o reitor foi com a gente’.
Nova
proposta
Em 2020, a escola
deverá ter currículo de tempo integral e preparar alunos para universidades no
exterior. Nesse ano, o colégio deu o pontapé na adoção de métodos diferentes de
ensino, como aulas invertidas - em que o aluno é responsável pelo próprio
aprendizado, e o professor atua como um orientador de estudos - e aprendizagem
por projetos.
Essas são formas também
propostas por novos colégios, como Avenues e Concept. De portas abertas este
ano em São Paulo, estas escolas prometem renovar o ensino na cidade e já ‘chacoalham’
antigos colégios.
Os novos modelos de ensino
devem ganhar mais força no espaço do Ibirapuera. Mas, segundo o padre Carlos
Alberto Contieri, reitor do colégio, o processo de inovação no São Luís ‘não é
algo é extraordinário. É parte do modo de ser da Companhia de Jesus, que em
cada tempo buscou se adaptar’, diz.
No novo espaço, as salas
serão maiores - 80m² contra os 50m² atuais. ‘E serão organizadas fisicamente por área
de conhecimento. Os alunos é que vão trocar de sala’, diz Sônia.
O colégio terá espaços multiuso,
que poderão servir como laboratórios, salas de robótica, ou para atividades de
mão na massa. Se, por um lado, a escola perde proximidade com a Paulista, por
outro, ganha em espaços mais verdes e planos. O novo projeto, que prevê apenas
três pavimentos, pretende acabar com o sobe e desce de escadas - a sede atual
tem sete andares.
Na proposta, assinada pelo escritório de arquitetura Athié Wohnrath, haverá espaço para hortas e composteiras. E a ideia é aproveitar a arborização natural do terreno - são 130 árvores. ‘Vamos manter o máximo possível do que está lá’, diz Sônia.
A escola também vai abandonar
as lousas. Alunos e professores vão poder escrever em todas as paredes da sala.
A área verde terá um bosque com árvores frutíferas, horta e composteira, para
atividades ao ar livre.
‘As salas todas dão vista
para o verde, bem diferente do temos aqui [na
avenida Paulista]. Os alunos mais novos
vão ter acesso direto da sala para o jardim’, diz Sônia.
No ensino infantil, as salas
terão formato pentagonal, para estimular a movimentação e interação. ‘Evita
essa posição do professor, sempre de frente, com todos os alunos na mesma
direção’, diz Sônia.
O reitor, o padre Carlos
Contieri, disse que a escola não vai abandonar a sua tradição, mas precisava de
inovações pedagógicas. ‘Tradição não é petrificação, é uma história viva. É um
rio sempre em movimento. Não levaremos um colégio velho para um prédio novo’,
afirma.
Além da mudança de espaço, o colégio anunciou também que o ensino será todo integral até 2020.
Logística
Após a reunião, alguns pais
conversavam sobre como a mudança pode impactar a rotina dos filhos.
‘Foi uma surpresa. A
estrutura aqui [na avenida Paulista] está esgotada, precisava mudar. Mas não quero nem
pensar em como meus filhos vão para o Ibirapuera. Um deles vem de metrô para a
escola. A gente escolhe colégio pela logística também’, diz a administradora
Ana Carolina Matos, 47.
No entanto, ela não pensa em
trocar os filhos de escola. ‘Gostamos da filosofia humanista do São Luís’,
afirma ela, que paga mais de R$ 6 mil de mensalidade para os dois filhos.
‘Foi impactante, mas achei
fantástico’, diz a funcionária pública Cláudia Bozzolan, 50, da
associação de pais e mestres. ‘Vamos nos unir para tentar resolver a questão do
transporte para o novo espaço’, diz ela, que mora a duas quadras da escola
atual.
Inauguração
Nova Sede
A bênção de inauguração da
nova sede do Colégio São Luís - CSL aconteceu no dia 14-Dez e reuniu, além dos colaboradores do CSL, alguns
jesuítas, religiosos, autoridades e famílias.
O Cardeal D. Odilo Pedro
Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa, concelebrada por Dom Carlos
Lema, responsável pelo vicariato de Educação da Arquidiocese de SP, pelo Pe.
João Renato Eidt, SJ, Superior da Província dos Jesuítas do Brasil, e pelo
Pe. Carlos Contieri, SJ, Reitor do CSL.
O momento, muito esperado por
todos, marcou a inauguração oficial do novo prédio localizado na Av. Dr. Dante
Pazzanese, 295, (Ibirapuera) e que deverá receber, a partir de 2020, os mais de
2
mil estudantes matriculados no CSL, razão de existir dessa instituição com mais de 150 anos de
existência.
O novo São Luís, no
Ibirapuera, tem mais de 15 mil m² de área e 28
mil m² de área construída no pulmão verde
de São Paulo.
Colégio São Luiz – Logo
Fonte: Fonte: São Paulo City, Set17
| Júlia Marques, OESP, Mar18 | Dvs