Albert Einstein, 1879-1955, alemão naturalizado americano, foi um físico e filósofo da ciência.
Ele atingiu
um nível tão elevado na ciência que definir alguém como sendo ‘Um Einstein’
significa lhe dar o mais alto grau de inteligência no estudo científico.
Desde cedo
mostrou um temperamento reservado e, devido à dislexia, aprendeu a falar muito
tarde. O amor que sentia pela ciência o tornava intolerante com as rígidas
regras da escola, com consequências inevitáveis em seu desempenho como aluno.
Graduado
pela Politécnica de Zurique, começou a trabalhar em 1900 no Escritório de Patentes de Berna, porém,
dedicando-se muito ao estudo da física, cujos frutos coletou em três memórias
publicadas em 1905. Numa delas expôs os princípios da a
teoria da relatividade especial, primeiro a agir em direção à teoria da
relatividade geral, que mais tarde revolucionou a física clássica,
retrabalhando o conhecimento newtoniano.
Outra
memória, do mesmo ano, sobre a Eletrodinâmica de corpos em movimento rendeu-lhe
o Prêmio Nobel de Física em 1921, motivada
‘por suas contribuições à física teórica, em particular pela descoberta da lei
do efeito fotoelétrico’.
Em 1916, ele
publicou ‘Os fundamentos da teoria da relatividade geral’.
Perseguido
pelo regime nazista como judeu, e por suas posições pacifistas, emigrou para os
EUA, de onde lutou apaixonadamente contra o perigo de uma guerra nuclear,
apresentando em Londres, junto com o filósofo Bertrand Russel, um manifesto a
favor da desarmamento nuclear: introduzido pela famosa frase
‘Lembre-se de sua
humanidade e esqueça o resto’.
Ele morreu em Princeton em 18 de abril de 1955, cercado pelas maiores honras.
Primeiros Anos - Educação
Albert
Einstein nasceu em Ulm, no Reino de Württemberg, Império Alemão (atual Baden-Württemberg,
Alemanha), em 14 de março de 1879. Seus pais eram Hermann Einstein, um vendedor e
engenheiro, e Pauline Einstein (nascida Koch). Os
Einstein eram judeus asquenazes, não praticantes.
Em 1880 a família mudou-se para Munique, onde seu pai e tio
fundaram a Elektrotechnische Fabrik J. Einstein & Cie, empresa que
fabricava equipamentos elétricos acionados por corrente contínua. Um ano mais
tarde seus pais deram à luz a uma menina, Maria ‘Maja’ Einstein, sua irmã mais
nova.
Com cinco
anos de idade o jovem Albert estudou em uma escola primária católica durante
três anos. Aos oito foi transferido para o Ginásio Luitpold, hoje conhecido
como Ginásio Albert Einstein, onde recebeu educação escolar primária e
secundária, até deixar a Alemanha sete anos depois.
Seu tio
Jacob, um engenheiro, e Max Talmey, um jovem estudante pobre de medicina que
jantava na casa da família uma vez por semana entre 1889 e 1894, foram
grandes influências durante seus anos de formação. Eles incentivaram sua
curiosidade inerente e insaciável sobre tudo. Talmey trouxe livros populares de
ciência, incluindo ‘Crítica da Razão Pura’, de Immanuel Kant, que Einstein
começou a ler.
Em 1894, a empresa de seu pai faliu: a corrente contínua perdeu a Guerra das Correntes para a corrente alternada. Em busca de negócios, a família de Einstein mudou-se para a Itália, primeiro para Milão e, alguns meses mais tarde, para Pavia.
Quando a
família se mudou para a cidade italiana, Einstein ficou em Munique para
terminar seus estudos no Ginásio Luitpold. Seu pai queria que seguisse a
engenharia elétrica, mas o jovem entrou em choque com as autoridades - ressentiu-se
com o regime da escola e o método de ensino. Escreveu mais tarde que o espírito
do conhecimento, e o pensamento criativo, foram perdidos na esteira da
aprendizagem mecânica.
No final de
dezembro de 1894, viajou para a Itália para se juntar
à sua família em Pavia, convencendo a escola a deixá-lo ir usando um atestado
médico. Foi durante seu tempo na Itália que escreveu um pequeno ensaio com o
título ‘Sobre a Investigação do Estado do Éter num Campo Magnético’.
No final do
verão de 1895, com dezesseis anos, dois antes da
idade padrão, realizou os exames de admissão para a Escola Politécnica Federal
Suíça (hoje a
ETH-Zurique). Ele não
conseguiu alcançar o padrão exigido em várias disciplinas, mas obteve notas
excepcionais em física e matemática. Seguindo o conselho do diretor da
Politécnica, frequentou a Escola Cantonal em Aarau, Suíça, entre 1895 e 1896 para
completar o ensino secundário.
Enquanto se
hospedava com a família do professor Jost Winteler, apaixonou-se por sua filha,
Marie Winteler (mais
tarde sua irmã Maja casou-se com o filho dos Wintelers, Paul).
Em 28 de janeiro de 1896,
com a aprovação de seu pai, renunciou à sua cidadania no Reino de Württemberg,
para evitar o serviço militar.
Em 29 de outubro foi aprovado no exame Matura com boas notas.
Embora tivesse apenas 17 anos, um a menos que os demais
alunos, matriculou-se no curso de quatro anos para obter o diploma de professor
de física da Escola Politécnica. Durante os anos de graduação, viveu com uma
mesada de 1 franco suíço por mês, da qual
guardou uma pequena quantia para pagar por seus papéis de naturalização. Marie
Winteler mudou-se para Olsberg, Suíça, onde obteve um cargo como professora.
A futura
esposa de Einstein, Mileva Marić, também se matriculou na Escola Politécnica no
mesmo ano, e era a única mulher entre os seis estudantes de matemática e física
nas aulas do curso.
Com o passar
dos anos, sua amizade com Marić se desenvolveu em romance, e juntos liam livros
extracurriculares de física, matéria na qual Einstein estava mostrando um
interesse crescente.
Em 1900, Einstein foi agraciado com o diploma de ensino da
Politécnica de Zurique, mas Marić foi reprovada no exame com uma nota baixa em
um componente da matemática, a teoria das funções. Houve alegações de que Marić
colaborou com Einstein em seus célebres trabalhos de 1905, mas os historiadores de física que estudaram a
questão não encontraram nenhuma evidência de que ela tenha feito contribuições
substanciais.
Família e início de carreira
Einstein e
Marić casaram-se em 6 de janeiro de 1903, em Berna. Em 14 de
maio de 1904 nasceu o primeiro filho do casal,
Hans Albert Einstein, na capital suíça. Seu segundo filho, Eduard, nasceu em
Zurique, em julho de 1910.
Seu
casamento não parece ter sido muito feliz. Em cartas reveladas em 2015, escreveu ao seu antigo amor, Marie Winteler, sobre
seu casamento e seus ainda fortes sentimentos por ela. Em 1910, escreveu ‘penso em você do fundo do coração em cada
minuto livre de que disponho, e estou tão infeliz como só um homem pode estar’,
enquanto sua mulher estava grávida do seu segundo filho. Falou sobre um ‘amor
mal orientado’ e uma ‘vida desperdiçada’, em relação aos seus sentimentos por
Marie.
Em 1914 mudou-se para Berlim, enquanto sua esposa ficou em
Zurique com seus filhos. Eles se divorciaram em 14 de fevereiro de 1919, após viverem separados por cinco
anos. Existem rumores de que ele era um ‘mulherengo devasso, que teve muitos
casos’. No entanto, essas histórias não seriam fundamentadas.
Depois de se
tornar famoso, muitas mulheres, jovens e velhas, aproximaram-se dele com o
pretexto de tentar entender sua teoria. Mileva não toleraria esse comportamento
e se tornou briguenta, e este foi um dos motivos de seu divórcio. Ela viveu em
Zurique como uma viúva. Pela maioria dos relatos seu estado mental se acalmou,
e ela cuidou de seus dois filhos. Einstein visitou sua ex-esposa e seu filho
Eduard, que era esquizofrênico e vivia em uma instituição mental, pela última
vez às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Marić morreu tranquilamente em um
hospital em agosto de 1948.
A descoberta
e publicação em 1987 de uma correspondência inicial entre
Einstein e sua esposa revelou que eles tiveram uma filha, Lieserl, nascida em
Novi Sad, onde Marić estava com seus pais. Marić voltou à Suíça sem a criança,
cujo nome verdadeiro e destino são desconhecidos. Einstein provavelmente nunca
viu sua filha. Seu destino é desconhecido, mas o conteúdo de uma carta que
escreveu a Marić em setembro de 1903
sugere que a criança foi adotada ou morreu de escarlatina na infância.
Posteriormente,
casou-se com Elsa Löwenthal em 2 de junho de 1919, após ter tido um relacionamento com ela desde a
Páscoa de 1912. Elsa era sua prima materna em
primeiro grau, e paterna em segundo grau.
Em 1933, eles emigraram para os Estados Unidos. Em 1935 Elsa Einstein foi diagnosticada com problemas
cardíacos e renais e morreu em 20 de dezembro de 1936.
De seus filhos com Marić, Hans Einstein foi o único a gerar descendência, tendo um menino, Bernhard Caesar, nascido em 1930; o único neto conhecido de Einstein.
Depois de
formado, Einstein passou quase dois anos frustrantes procurando um cargo de
professor. Adquiriu a nacionalidade suíça em 21 de fevereiro de 1901, mas não foi convocado para a
conscrição por razões médicas.
O pai de
Marcel Grossmann o ajudou a conseguir um emprego em Berna, no Instituto Federal
Suíço de Propriedade Intelectual, o escritório de patentes da Suíça, onde
começou a trabalhar em 16 de junho de 1902 como examinador assistente. Dentre outras atividades
avaliou pedidos de patentes de dispositivos eletromagnéticos.
Em 1903 seu posto no escritório de patentes tornou-se
permanente, embora tenha sido preterido para promoção até que ‘dominasse
totalmente a tecnologia da máquina’. Muito de seu trabalho no escritório de
patentes relacionava-se a questões sobre a transmissão de sinais elétricos e
sincronização eletromecânica do tempo, dois problemas técnicos que aparecem
visivelmente nos experimentos mentais que o levaram a suas conclusões radicais
sobre a natureza da luz e da conexão fundamental sobre o espaço e tempo.
Com alguns
amigos que conheceu em Berna, começou um pequeno grupo de discussão,
autodenominado Academia Olímpia, que se reunia regularmente para discutir
ciência e filosofia. As leituras do grupo incluíam trabalhos de Henri Poincaré,
Ernst Mach e David Hume, que influenciaram sua visão científica e filosófica.
Carreira acadêmica
Do escritório de patentes à consagração
Em fevereiro
de 1901, Einstein adquiriu a nacionalidade
suíça. Poucos meses depois, no início do mesmo ano, seu artigo ‘Conclusões
Retiradas dos Fenômenos da Capilaridade’ (Folgerungen aus den Capillaritätserscheinungen) foi publicado no prestigiado
periódico acadêmico Annalen der Physik. Foi seu primeiro artigo científico a
ser publicado, os editores ficaram impressionados e publicaram o trabalho do
jovem cientista desconhecido em março, quando tinha completado apenas 22 anos.
Estimulado
pelo seu sucesso inicial, poucos meses depois, em setembro, o jovem futuro pai
iniciou seu doutoramento pela Universidade de Zurique com o professor de física
experimental Alfred Kleiner como orientador, com a tese ‘Uma Nova Determinação
das Dimensões Moleculares’ (Eine neue Bestimmung der Moleküldimensionen), um artigo sobre as forças
moleculares em gases na qual esperava que lhe conferisse o grau acadêmico de
doutor.
Ainda no
verão de 1901, trabalhou como professor substituto
numa escola técnica em Winterthur, e como tutor numa escola particular em
Schaffhausen.
Einstein
concluiu sua tese em 30 de abril de 1905. Neste mesmo ano, que tem sido chamado de o Ano
Miraculoso, publicou quatro trabalhos revolucionários sobre o efeito
fotoelétrico, o movimento browniano, a relatividade especial e a equivalência
entre massa e energia, que o levariam ao conhecimento do mundo acadêmico.
Em 1906, enquanto era promovido no escritório de patentes,
recebeu formalmente o título de doutor, e conheceu Max Planck, que começou a
discutir algumas implicações da teoria da relatividade especial. No final desse
ano terminou um artigo fundamental sobre calor específico, além de escrever
resenhas de livros para o Annalen der Physik.
No final de 1907, fez seus primeiros passos importantes em direção à teoria da relatividade geral tentando reconciliar a gravidade newtoniana com a relatividade especial, além de tentar usar o princípio da equivalência para a construção de uma nova teoria da gravidade.
Em fevereiro
de 1908 já era reconhecido como um
importante cientista e foi nomeado Privatdozent (professor) na Universidade de Berna.
No ano
seguinte, deixou o escritório de patentes e o cargo de professor e começou a
dar aulas de eletrodinâmica na Universidade de Zurique - Alfred Kleiner
recomendou-lhe à faculdade para um recém-criado cargo de professor em física
teórica. Foi nomeado professor adjunto em 1909.
Tornou-se
professor catedrático na Universidade Carolina em Praga, em 1911, aceitando a cidadania austríaca no Império Austro-Húngaro
para fazer isso.
Em 1912, entretanto, retornou à sua alma mater, em Zurique.
De 1912 até 1914 foi professor de física teórica no Instituto Federal de Tecnologia de
Zurique-ETH, onde lecionou mecânica analítica e
termodinâmica. Também estudou mecânica do contínuo, a teoria molecular do
calor, e o problema da gravitação, no qual trabalhou com o matemático Marcel
Grossmann.
Em 1914, retornou à Alemanha depois de ser nomeado diretor do
Instituto Kaiser Guilherme de Física (1914-1932) e professor da Universidade Humboldt de Berlim, com uma cláusula
especial em seu contrato que o liberou da maioria das obrigações dos docentes.
Ele se tornou um membro da Academia Prussiana de Ciências. Em 1916, Einstein foi nomeado presidente da Sociedade Alemã
de Física, cargo que ocuparia até 1918.
Em novembro
de 1911 foi convidado a participar da
primeira Conferência de Solvay em Bruxelas, que reunia alguns dos maiores
cientistas de todos os tempos, junto de Max Planck e Marie Curie.
No mesmo
ano, calculou que, com base em sua nova teoria da relatividade geral, a luz de
uma estrela seria curvada pela gravidade do Sol. Essa previsão foi dada como
confirmada em observações feitas por duas expedições britânicas, durante o
eclipse solar de 29 de maio de 1919: uma liderada por Sir Arthur Stanley Eddington na
Ilha do Príncipe; e outra liderada por Andrew Crommelin e Charles R. Davidson,
na cidade brasileira de Sobral, no Ceará. Notícias da mídia internacional
fizeram Einstein instantaneamente famoso.
Em 7 de novembro, The Times, o maior jornal britânico, publicou
uma manchete que dizia: ‘Revolução na Ciência – Nova Teoria do Universo –
Ideias de Newton Derrubadas’. Usando sua imagem na capa, a revista semanal
alemã Berliner Illustrirte Zeitung publicou uma manchete intitulada ‘Nova figura na história do
mundo’. Muito mais tarde, foram levantadas questões se os cálculos foram
precisos o suficiente para apoiar a teoria.
Em 1980, os historiadores John Earman e Clark Glymour
publicaram uma análise sugerindo que Eddington tinha suprimido resultados
desfavoráveis. A seleção dos dados de Eddington parece válida e sua equipe
realmente fez medições astronômicas verificando a teoria. Posteriormente, em 1979 o Observatório Real de Greenwich fez uma reanalise
moderna dos dados, apoiando a medição original de 1919.
Em 10 de novembro de 1922, Einstein foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física de 1921 ‘por suas contribuições à física teórica e, especialmente, por sua descoberta da lei do efeito fotoelétrico’. A relatividade não era bem compreendida. Mais tarde também recebeu a Medalha Copley da Royal Society, em 1925, e a Medalha de Ouro da Royal Astronomical Society, em 1926.
Viagens para o exterior
Einstein
visitou Nova Iorque pela primeira vez em 2 de
abril de 1921, onde recebeu uma recepção oficial
por parte do prefeito John Francis Hylan, seguido de três semanas de palestras
e recepções.
Apresentou
diversas conferências na Universidade Columbia e na Universidade de Princeton,
e, em Washington, acompanhou representantes da Academia Nacional de Ciências em
uma visita à Casa Branca.
Em seu
retorno à Europa, foi convidado do estadista e filósofo britânico Visconde de
Haldane, em Londres, onde se encontrou com várias figuras científicas,
intelectuais e políticas de renome, e apresentou uma palestra na King's College
de Londres.
Em 1922, viajou por toda a Ásia e depois à Palestina, como
parte de uma excursão de seis meses apresentando palestras. Suas viagens
incluíram Singapura, Ceilão e Japão, onde deu uma série de palestras para milhares
de japoneses. Sua primeira palestra em Tóquio durou quatro horas e, após a
apresentação ,encontrou-se com o imperador e imperatriz no Palácio Imperial,
onde milhares vieram assisti-lo. Em uma carta para seus filhos, descreveu sua
impressão sobre os japoneses como modestos, inteligentes, atenciosos e tendo
sensibilidade para a arte.
Em sua viagem de volta também visitou a Palestina durante 12 dias, no que viria a ser sua única visita naquela região. Ao chegar na casa do alto comissário britânico Sir Herbert Louis Samuel com uma saudação com tiro de canhão, foi recebido como se fosse um chefe de Estado, em vez de um físico. Durante uma recepção, o edifício foi invadido por pessoas que queriam vê-lo e ouvi-lo. Na palestra para a audiência, expressou sua felicidade de que o povo judeu estava começando a ser reconhecido como uma força no mundo.
Einstein fez
uma viagem à América do Sul, em 1925,
visitando países como Argentina, Uruguai e também o Brasil. Além de fazer
conferências científicas, visitou universidades e instituições de pesquisas.
Em 21 de março passou pelo Rio de Janeiro, onde foi recebido
por jornalistas, cientistas e membros da comunidade judaica. Visitou o Jardim
Botânico e fez o seguinte comentário, por escrito, para o jornalista Assis
Chateaubriand: ‘O problema que minha mente formulou foi respondido pelo
luminoso céu do Brasil.’ Tal afirmação dizia respeito a uma observação do
eclipse solar registrada na cidade cearense de Sobral por uma equipe de
cientistas britânicos, liderada por Andrew Crommelin e Charles R. Davidson, que
buscava vestígios que pudessem comprovar a teoria da relatividade.
Em 24 de abril de 1925, Einstein
deixou Buenos Aires e alcançou Montevidéu. Fez ali três conferências e, tal
como na Argentina, participou de várias recepções e visitou o presidente do
Uruguai. Einstein permaneceu no Uruguai por uma semana, de onde saiu no
primeiro dia de maio, em direção ao Rio de Janeiro, no navio Valdívia.
Desembarcou novamente no Rio de Janeiro em 4 de
maio. Nos dias seguintes percorreria vários pontos turísticos da cidade,
incluindo o Pão de Açúcar, o Corcovado e a Floresta da Tijuca. As anotações de
seu diário ilustram bem suas percepções quanto à natureza tropical do local. No
dia 6 de maio, visitou o então presidente
da república, Artur Bernardes, além de alguns ministros.
Seu programa
turístico-científico no Brasil incluiu diversas visitas a instituições, como o
Museu Nacional do Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Ciências, e o Instituto
Oswaldo Cruz. Fez duas conferências: uma no Clube de Engenharia do Rio de
Janeiro, em 6 de maio, e a outra na Escola
Politécnica do Largo de São Francisco, atual Escola Politécnica da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, dois dias depois.
Através de
ondas da rádio Sociedade, criada em 1923,
Einstein proferiu em alemão uma mensagem à população, que foi traduzida pelo
químico Mário Saraiva. Nesta mensagem, o cientista destacou a importância dos
meios radiofônicos para a difusão da cultura e do aprendizado científico, desde
que sejam utilizados e preservados por profissionais qualificados. Einstein
deixaria o Rio no dia 12 de maio. Essa sua visita foi
amplamente divulgada pela imprensa e influenciou na luta pelo estabelecimento
de pesquisa básica e para a difusão das ideias da física moderna no Brasil.
Deixando o Rio, o já famoso físico alemão enviou, do navio, uma carta ao Comitê Nobel. Nesta carta, sugeria o nome do marechal Cândido Rondon para o Nobel da Paz. Einstein teria se impressionado com o que se informou sobre as atividades de Rondon em relação à integração de tribos indígenas ao homem civilizado, sem o uso de armas ou algo do tipo.
Em março de 1928, durante uma viagem a Davos, Suíça, entrou em colapso
com uma condição cardíaca grave. Confinado à cama por quatro meses, levou um
ano para se recuperar totalmente.
Em dezembro
de 1930, visitou os Estados Unidos pela
segunda vez, originalmente concebida como uma visita de trabalho de dois meses
como pesquisador no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Após a atenção nacional que recebeu
durante sua primeira viagem ao país, ele e seus coordenadores tinham o objetivo
de proteger sua privacidade. Embora inundado com telegramas e convites para
receber prêmios ou falar em público, recusou todos eles.
Depois de
chegar em Nova Iorque, foi levado para vários lugares e eventos, incluindo
Chinatown, um almoço com os editores do New York Times, e uma performance de
Carmen no Metropolitan Opera, onde foi aplaudido pelo público em sua chegada.
Durante os dias seguintes, recebeu as chaves da cidade pelo prefeito Jimmy
Walker e conheceu o presidente da Universidade Columbia, que o descreveu como ‘o
monarca da mente’. Harry Emerson Fosdick, pastor da Igreja de Riverside, lhe
deu uma excursão pela igreja e o apresentou a uma estátua em tamanho real do
físico, de pé na entrada. Além disso, durante sua estadia em Nova Iorque, Einstein
se juntou a uma multidão de 15 mil pessoas no
Madison Square Garden durante uma festa de Hanucá.
Em seguida
viajou para a Califórnia, onde se encontrou com o presidente da Caltech e
Prêmio Nobel, Robert Andrews Millikan. Sua amizade com ele era ‘estranha’, já
que Millikan ‘tinha uma propensão ao militarismo patriótico’, onde Einstein era
um pacifista pronunciado. Durante um discurso aos alunos da instituição,
observou que a ciência era muitas vezes disposta a fazer mais mal do que bem.
Esta aversão
à guerra também o levou a fazer amizade com o autor Upton Sinclair, e a estrela
de cinema Charlie Chaplin, ambos conhecidos por seu pacifismo. Carl Laemmle,
chefe da Universal Studios, deu ao físico um passeio em seu estúdio e o
apresentou a Chaplin. Tiveram uma comunicação instantânea, com Chaplin o
convidando junto de sua esposa, Elsa, a sua casa para jantar.
Chaplin
disse que a personalidade exterior de Einstein, calma e gentil, parecia
esconder um ‘temperamento altamente emocional’, a partir do qual chegou a sua ‘energia
intelectual extraordinária’.
Chaplin
também lembrou que Elsa lhe contou sobre a época em que concebeu a teoria da
relatividade. Durante o café da manhã, parecia perdido em pensamentos e ignorou
sua comida. Ela lhe perguntou se algo o incomodava. Ele se sentou em seu piano
e começou a tocar. Continuou tocando e escrevendo notas durante meia hora, em
seguida, subiu para seus estudos, onde permaneceu por duas semanas, com Elsa
trazendo sua comida. No final das duas semanas, desceu as escadas com duas
folhas de papel que ostentavam sua teoria.
Seu filme,
Luzes da Cidade, teve lançamento alguns dias mais tarde, em Hollywood, e
Chaplin os convidou a juntarem-se a ele como seus convidados especiais,
descrito por Isaacson como ‘uma das cenas mais memoráveis da nova era das
celebridades’. Ambos chegaram juntos, em gravata preta, com Elsa se juntando a
eles, ‘radiante’. O público aplaudiu quando eles entraram no teatro.
Chaplin
visitou Einstein em sua casa em uma viagem mais tarde a Berlim, e recordou o
seu ‘pequeno apartamento modesto’ e o piano em que tinha começado a escrever
sua teoria. Chaplin especulou que era ‘usado possivelmente como graveto pelos
nazistas’.
Instituto de Estudos Avançados
Em fevereiro
de 1933, durante uma visita aos Estados
Unidos, Einstein decidiu não voltar para a Alemanha devido à ascensão do
Partido Nazista ao poder com seu novo chanceler Adolf Hitler.
Enquanto em
universidades norte-americanas no início daquele ano, realizou sua terceira
visita de dois meses como professor na Caltech, em Pasadena.
Junto de sua
esposa Elsa, voltou de navio para a Bélgica no final de março.
Durante a
viagem, foram informados de que sua casa havia sido invadida pelos nazistas e
seu veleiro pessoal confiscado. Após o desembarque em Antuérpia em 28 de março, foi imediatamente ao consulado alemão onde
apresentou seu passaporte e, formalmente, renunciou à cidadania alemã. No mesmo
dia enviou uma carta na qual apresentou sua renúncia à Academia Prussiana de
Berlim.
No início de abril, soube que o novo governo alemão tinha instituído leis que proibiam os judeus de ocupar cargos oficiais, incluindo lecionar em universidades.
O
historiador Gerald Holton descreveu que ‘praticamente nenhum protesto sonoro
foi levantado por seus colegas’, milhares de cientistas judeus foram
subitamente forçados a desistir de seus cargos universitários e seus nomes
foram retirados das listas de instituições em que eram empregados.
Um mês
depois, as obras de Einstein estavam entre os alvos da queima de livros dos
nazistas, e o Ministério da Propaganda Joseph Goebbels proclamou: ‘o
intelectualismo judaico está morto’.
Einstein
também tomou conhecimento de que seu nome estava em uma lista de alvos de
assassinato, com uma ‘recompensa de 5 mil
dólares por sua cabeça’. Uma revista alemã o incluiu em uma lista de inimigos
do regime com a frase ‘ainda não enforcado’.
Residiu
temporariamente em Coq sur Mer, na costa da Bélgica, onde junto de sua esposa
tiveram guardas designados pelo governo para protegê-los.
Em julho foi
para Inglaterra por cerca de seis semanas, a convite pessoal do oficial da
marinha britânica Comandante Oliver Locker-Lampson, que havia se tornado seu
amigo nos anos anteriores. Para protegê-lo, Locker-Lampson secretamente mantinha
dois assistentes vigiando, em sua casa de
campo isolada fora de Londres, com a imprensa publicando uma foto deles protegendo
Einstein. Em uma carta para o seu amigo, o físico Max Born, que também emigrou
da Alemanha e vivia na Inglaterra, Einstein escreveu que ‘o grau de brutalidade
e covardia deles chegou como uma surpresa’.
Locker-Lampson
o levou para conhecer Winston Churchill em sua casa, e, mais tarde, Austen
Chamberlain e o ex-Primeiro-Ministro David Lloyd George.
Einstein
pediu-lhes para ajudar a trazer cientistas judeus da Alemanha. Nos dias
seguintes, o Comandante introduziu um projeto de lei no Parlamento para ‘ampliar
as oportunidades de cidadania aos judeus’.
Em 17 de outubro voltou para os Estados Unidos, assumindo um cargo
no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, o que exigia sua presença durante
seis meses por ano.
Ainda estava
indeciso sobre o seu futuro, tinha ofertas de universidades europeias,
incluindo a Christ Church, Oxford, mas, em 1935,
chegou à decisão de ficar permanentemente nos Estados Unidos e requerer a cidadania
norte-americana. No mesmo ano comprou uma casa em Princeton, na 112 Mercer Street, menos de uma milha a pé do futuro
campus do Instituto, que estava em construção.
Foi um dos
membros do corpo docente do Instituto, juntamente com os matemáticos Oswald
Veblen, James Alexander, John von Neumann e Hermann Weyl. Ele nunca mais voltou
para a Europa. Sua afiliação com o Instituto de Estudos Avançados duraria até
sua morte, em 1955.
Em 1937 completou a versão final de um artigo sobre ondas
gravitacionais. Um ano mais tarde, escreveu em parceria com seu amigo e físico
Leopold Infeld ‘A Evolução da Física’, um livro popular de ciência publicado
para ajudá-lo financeiramente. Einstein e Infeld se conheceram em Berlim, na
época em que este era um estudante.
Entre 1936 e 1937 foi membro do Instituto de Estudos Avançados, onde colaboraram juntos em três artigos sobre o problema no movimento na relatividade geral. Infeld foi professor da Universidade de Toronto de 1938 até 1950, e da Universidade de Varsóvia de 1950 até sua morte em 1968.
Projeto Manhattan e a cidadania norte-americana
Em 1939, um grupo de cientistas húngaros que incluía o físico
emigrante Leó Szilárd tentou alertar Washington de pesquisas nazistas em
andamento sobre a bomba atômica. Os avisos do grupo foram ignorados.
Einstein e
Szilárd, junto com outros refugiados, como Edward Teller e Eugene Wigner, ‘consideravam
como sua responsabilidade alertar os americanos para a possibilidade de que
cientistas alemães pudessem ganhar a corrida para construir uma bomba atômica,
e por avisar que Hitler estaria mais do que disposto a recorrer a tal arma’.
Em 12 de julho, poucos meses antes do início da Segunda Guerra
Mundial na Europa, Szilárd e Wigner visitaram Einstein e explicaram sobre a
possibilidade de bombas atômicas por meio de experimentos com urânio e fissão,
além de cálculos indicando uma reação em cadeia. Ele respondeu: ‘Nisto eu nunca
havia pensado’.
Foi convencido a emprestar seu prestígio, escrevendo uma carta com Szilárd ao presidente Franklin Delano Roosevelt para alertá-lo sobre essa possibilidade. A carta também recomendou que o governo dos Estados Unidos prestasse atenção e se envolvesse diretamente na pesquisa de urânio e de pesquisas associadas à reação em cadeia. Para Sarah Diehl e James Clay Moltz, a carta foi ‘provavelmente o estímulo fundamental para a adoção pelos Estados Unidos de investigações sérias em armas nucleares na véspera da entrada do país na Segunda Guerra Mundial’.
O presidente
nomeou um comitê para avaliar a carta, e o grupo que a enviou foi expandido
para coordenar a investigação nuclear entre universidades americanas. Entre os
membros estavam Szilárd, Teller e Wigner.
Roosevelt
seguiu a sugestão da carta. Einstein foi convidado a integrar o grupo, mas
recusou. Entre 1940 e 1941, pesquisas preliminares confirmaram a viabilidade de uma bomba atômica.
Em 7 de dezembro, um ataque japonês
surpresa na base naval de Pearl Harbor forçou os Estados Unidos a entrar na
guerra. Pouco tempo depois, a Alemanha também declarou guerra contra o país
devido a um tratado de defesa com o Japão. Isto aumentou a urgência de pesquisa
atômica. No ano seguinte, o governo americano autorizou um esforço maior para
produzir bombas atômicas. A fim de manter este projeto secreto e evitar
mencioná-lo, foi colocado sob o Distrito Manhattan do Corpo de Engenheiros do
Exército e chamado de Projeto Manhattan. Para Einstein, ‘a guerra era uma
doença, e ele sempre apelou para a resistência contra a guerra’. Ao assinar a
carta a Roosevelt, agiu contrariamente aos seus princípios pacifistas.
Em 1954, um ano antes do seu falecimento, disse ao seu velho
amigo Linus Pauling, ‘Eu cometi um grande erro na minha vida — quando assinei a
carta ao presidente Roosevelt recomendando a construção da bomba atômica; mas
nesse tempo havia uma justificativa — o perigo de que os alemães a construíssem’.
Einstein
tornou-se um cidadão norte-americano em 1° de
outubro de 1940. Não muito tempo depois de iniciar
sua carreira na Universidade de Princeton, expressou o seu apreço pela ‘meritocracia’
da cultura americana, quando comparada com a Europa. De acordo com Isaacson,
ele reconheceu o ‘direito dos indivíduos a dizer e pensar o que quisessem’, sem
barreiras sociais e, como consequência, o indivíduo era ‘incentivado’ a ser
mais criativo, uma característica que valorizava desde sua própria educação
inicial.
Após o fim
da Segunda Guerra Mundial e as memórias e imagens de Hiroshima e Nagasaki ainda
frescas na mente das pessoas, cientistas pediram-lhe para participar de um
apelo à comunidade científica para que recusassem a trabalhar no
desenvolvimento de energia nuclear por causa de seus possíveis usos para o mal.
Apesar de relutante a fazê-lo devido as respostas negativas a questões
críticas, Einstein posteriormente assinou a carta de proposta.
Estava mais disposto a unir seu nome e participar de atividades coletivas com outros cientistas. Por insistência de Szilárd, em maio de 1946, concordou em ser o presidente do Comitê Emergencial de Cientistas Atômicos, cuja missão era promover o uso pacífico da energia nuclear, difundir o conhecimento e informação sobre energia atômica e promover a compreensão geral de suas consequências.
Como membro
da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor-NAACP, em Princeton, que fazia campanha pelos direitos
civis dos afro-americanos, Einstein se correspondia com o ativista dos direitos
dos negros W.E.B. Du Bois, e, em 1946, chamou o racismo de ‘a pior doença da América’.
Mais tarde,
ele afirmou que ‘o preconceito de raça infelizmente se tornou uma tradição
americana que é acriticamente transmitida de uma geração para a outra [...] Os
únicos remédios são a iluminação e a educação’. Einstein fez ainda uma palestra
na Universidade Lincoln em Pensilvânia, a primeira universidade historicamente
negra dos Estados Unidos, onde recebeu um título honoris causa do presidente
Horace Mann Bond, em maio de 1946. Em outubro
do mesmo ano recebeu os membros da mesma universidade para uma confraternização
em sua casa em Princeton.
Depois da
morte do primeiro presidente de Israel, Chaim Weizmann, em novembro de 1952, o primeiro-ministro David Ben-Gurion lhe ofereceu a
posição, um cargo principalmente cerimonial em um sistema que investia mais
poder no primeiro-ministro e o gabinete. A oferta foi apresentada pelo
embaixador de Israel em Washington, Abba Eban, que explicou que ela ‘encarna o
mais profundo respeito que o povo judeu pode repousar em qualquer um de seus
filhos’. No entanto, recusou e escreveu em sua resposta que estava ‘profundamente
comovido’ e, ‘ao mesmo tempo triste e envergonhado’, pois não poderia
aceitá-la:
‘Toda a
minha vida eu tenho lidado com questões objetivas, daí me falta tanto a aptidão
natural e a experiência para lidar corretamente com as pessoas e para o
exercício da função oficial. Eu estou muito triste com essas circunstâncias,
porque a minha relação com o povo judeu se tornou o meu laço humano mais forte,
uma vez que eu consegui compreender claramente a nossa posição precária entre
as nações do mundo’.
Últimos anos e morte
No verão de 1950, seus médicos descobriram que um aneurisma — um vaso
sanguíneo fraco — e sua aorta abdominal estava ficando maior. Quando foi
encontrado, os médicos tinham poucas opções de tratamento e envolveram o vaso
sanguíneo inflamado com papel celofane na esperança de evitar uma hemorragia.
Einstein parecia ter recebido bem a notícia, assim como recusou quaisquer
tentativas cirúrgicas adicionais para corrigir o problema.
Recusou a cirurgia
dizendo: ‘Quero ir quando eu quiser. É de mau gosto ficar prolongando a vida
artificialmente. Fiz a minha parte, é hora de ir embora, e eu vou fazê-lo com
elegância’.
Em 18 de março de 1950, assinou seu
testamento. Nomeou sua secretária, Helen Dukas, e amigo Otto Nathan como seus
executores literários; deixou todos os seus manuscritos para a Universidade
Hebraica de Jerusalém, a escola que ajudou a fundar em Israel; e legou seu
violino para seu primeiro neto, Bernhard Caesar Einstein.
Einstein
também organizou seus assuntos funerários. Queria uma cerimônia simples e sem
lápide. Escolheu não ser enterrado já que não queria ter um túmulo que poderia
ser transformado em um local turístico, e, ao contrário da tradição judaica,
pediu para ser cremado. Seus últimos dias foram relativamente pacíficos. Morreu
na manhã de segunda-feira em 18 de abril de 1955, no Hospital de Princeton à 1h15 da manhã, com 76 anos de idade, tendo continuado a trabalhar até quase o fim
de sua vida. Suas últimas palavras pronunciadas em alemão não puderam ser entendidas
pela enfermeira.
Durante a
autópsia, o patologista de plantão do Hospital de Princeton, Thomas Stoltz
Harvey, removeu o cérebro de Einstein para preservação. Harvey dissecou o órgão
em cerca de 240 seções, vedou algumas das partes em
parafina para preservá-las e outras foram deixadas flutuando livremente em
formol.
Conforme as
pesquisas em seu cérebro continuaram, logo tornou-se público o ocorrido, e o
patologista realizou uma conferência de imprensa, dizendo que pretendia estudar
o órgão para a ciência. Por não ser um neuropatologista, especialistas do campo
questionaram sua capacidade de estudar o cérebro, e tentaram persuadi-lo a entregá-lo.
Mas Harvey recusou. Desde então, o órgão vem sendo objeto de diversos estudos
científicos. Pessoas têm pesquisado motivos anatômicos em relação à
inteligência.
Seus restos
mortais foram cremados e suas cinzas espalhadas muito provavelmente ao longo do
rio Delaware, perto de Princeton, por seus amigos.
Em sua
palestra no memorial de Einstein, o físico nuclear Robert Oppenheimer resumiu
sua impressão sobre ele como pessoa: ‘Era quase totalmente sem sofisticação, e
totalmente sem mundanismo [...] Havia sempre
com ele uma pureza maravilhosa, ao mesmo tempo infantil e profundamente teimosa’.
Após uma
colaboração de longa data com o escritor, pacifista e vencedor do Nobel de
Literatura Bertrand Russell, Einstein junto com um grupo de cientistas
proeminentes assinou o Manifesto Russell-Einstein, em 11 de fevereiro de 1955.
O manifesto
é um apelo que declarava suas preocupações com o uso de armas nucleares na
corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União Soviética. Apelou aos
cientistas para que assumissem suas responsabilidades sociais e informassem o
público sobre as ameaças tecnológicas, particularmente as nucleares.
Além de Einstein e Russell, os outros nove signatários do manifesto foram Max Born, Percy Williams Bridgman, Leopold Infeld, Frédéric Joliot-Curie, Hermann Muller, Linus Pauling, Cecil Frank Powell, Józef Rotblat e Hideki Yukawa. Foi publicado em 9 de julho de 1955, em Londres, alguns meses após a morte de Einstein. Foi sua última declaração política.
Contribuições científicas
Ao longo de
sua vida, Einstein publicou centenas de livros e artigos. Além do trabalho
individual, também colaborou com outros cientistas em outros projetos,
incluindo a estatística de Bose-Einstein, o refrigerador de Einstein e outros.
Publicou mais de 300 trabalhos científicos, juntamente
com mais de 150 obras não científicas.
Artigos do Ano Miraculoso
Os textos do
Ano Miraculoso são trabalhos acadêmicos que estabeleceram Einstein como um dos
físicos mais importantes do mundo. Não só publicou artigos importantes nesse
ano, mas também encontrou tempo para escrever outros 23 de revisão para uma série de revistas. Realizou tudo isso em
seu tempo livre depois que chegava em casa do trabalho.
No início de
1905, tinha então 25 anos, era um homem de família, com dois anos de casamento, e
encontrou tempo para pensar sobre física. Independentemente de como conseguiu
concentrar-se com sua vida agitada, os resultados alcançados nesse ano foram
notáveis. Estão entre os trabalhos mais profundos já publicados na física.
Um deles
iria finalmente lhe render o seu grau de doutor e ajudar a estabelecer que os
átomos realmente existem. Outros dois lançaram uma nova área da física — a
relatividade especial — pela qual ele se tornou mundialmente famoso. Um quarto
artigo ligado a curiosa observação sobre o movimento errático do pólen — o
movimento browniano — com o tamanho de átomos. Todos eles foram publicados na
prestigiada revista alemã Annalen der Physik. Os quatro artigos são:
- Sobre um ponto de vista heurístico relativo à produção e transformação da luz. Artigo científico que possui como foco o efeito fotoelétrico, foi recebido pelo periódico em 18 de março e publicado em 9 de junho. Resolveu um quebra-cabeça sem solução, sugerindo que a energia é trocada apenas em quantidades discretas (quanta). Esta ideia foi fundamental para o desenvolvimento inicial da teoria quântica.
- Sobre o movimento de pequenas partículas em suspensão dentro de líquidos em repouso, tal como exigido pela teoria cinético-molecular do calor. Artigo focado no movimento browniano, foi recebido em 11 de maio e publicado em 18 de julho. Explicou evidência empírica para a teoria atômica, apoiando a aplicação da física estatística.
- Sobre a Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento. Com foco na relatividade restrita, foi apresentado em 30 de junho e publicado em 26 de setembro. Reconciliou as equações de eletricidade e de magnetismo de Maxwell com as leis da mecânica, introduzindo alterações importantes na mecânica perto da velocidade da luz, que resultam da análise com base na evidência empírica de que a velocidade da luz é independente do movimento do observador. Desacreditou o conceito de um ‘éter luminoso’.
- A inércia de um corpo depende do seu conteúdo energético? Artigo que investiga a equivalência massa-energia, foi apresentado ao periódico em 27 de setembro e publicado em 21 de novembro. É apresentada a equivalência de matéria e energia, E=mc² (e, por consequência, a capacidade da gravidade em ‘curvar’ a luz), a existência da ‘energia de repouso’, e a base da energia nuclear (a conversão de matéria em energia por seres humanos e no cosmos).
Outros cientistas, especialmente Henri Poincaré e Hendrik Lorentz, tinham teorizado partes da relatividade especial. No entanto, Einstein foi o primeiro a reunir toda a teoria em conjunto e perceber o que era uma lei universal da natureza, não uma invenção de movimento no éter, como Poincaré e Lorentz tinham pensado. Originalmente, a comunidade científica ignorou os artigos do Ano Miraculoso. Isso começou a mudar depois que recebeu a atenção de Max Planck, o fundador da teoria quântica, um dos físicos mais influentes de sua geração, e o único físico que notou os trabalhos. Ambos viriam a se conhecer em uma palestra internacional na Conferencia de Solvay, após Planck gradualmente confirmar sua teoria.
Relatividade, E=mc² e o princípio da equivalência
Articulou o
princípio da relatividade. Isto foi entendido por Hermann Minkowski como uma
generalização da invariância rotacional, do espaço para o espaço-tempo. Outros
princípios postulados por Einstein e mais tarde provados são o princípio da equivalência
e o princípio da invariância adiabática do número quântico.
A
relatividade geral é uma teoria da gravitação que foi desenvolvida por Einstein
entre 1907 e 1915. De acordo com a relatividade geral, a atração gravitacional observada
entre massas resulta da curvatura do espaço e do tempo por essas massas. A
relatividade geral tornou-se uma ferramenta essencial na astrofísica moderna.
Ela fornece a base para o entendimento atual de buracos negros, regiões do
espaço onde a atração gravitacional é tão forte que nem mesmo a luz pode
escapar.
Como disse
mais tarde, a razão para o desenvolvimento da relatividade geral foi a de que a
preferência de movimentos inerciais dentro da relatividade especial não foi
satisfatória, enquanto uma teoria que, desde o início, não prefere nenhum
estado de movimento (mesmo
os mais acelerados) deve
parecer mais satisfatória. Consequentemente, em 1907, publicou um artigo sobre a aceleração no âmbito da relatividade
especial. Nesse artigo intitulado ‘Sobre o Princípio da Relatividade e as
Conclusões Tiradas Dela’, argumentou que a queda livre é um movimento inercial,
e que para um observador em queda livre as regras da relatividade especial
devem se aplicar. Este argumento é chamado de princípio da equivalência. No
mesmo artigo, Einstein previu também o fenômeno da dilatação temporal
gravitacional, desvio gravitacional para o vermelho e deflexão da luz.
Em 1911 publicou ‘Sobre a Influência da Gravidade na
Propagação da Luz’, em expansão do artigo de 1907, em que estimou a quantidade de deflexão da luz por corpos maciços.
Assim, a previsão teórica de relatividade geral pode, pela primeira vez ser
testada experimentalmente.
Seu artigo ‘Sobre
a Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento’ (Zur Elektrodynamik bewegter Körper) foi recebido em 30 de junho de 1905 e publicado
em 26 de setembro daquele ano. Concilia as
equações de Maxwell para a eletricidade e o magnetismo com as leis da mecânica,
através da introdução de grandes mudanças para a mecânica perto da velocidade
da luz. Isto mais tarde se tornou conhecido como a teoria da relatividade
especial de Einstein. As consequências disto incluem o intervalo de
espaço-tempo de um corpo em movimento, que parece reduzir de velocidade e se
contrair (na direção do
movimento), quando
medido no plano do observador. Este documento também argumentou que a ideia de
um éter luminífero — uma das entidades teóricas líderes da física na época —
era supérflua.
Em seu artigo sobre equivalência massa-energia, Einstein concebeu E=mc² de sua equação da relatividade especial. Seu trabalho de 1905 sobre a relatividade permaneceu controverso por muitos anos, mas foi aceito pelos principais físicos, começando com Max Planck.
A teoria da
relatividade geral tem uma lei fundamental — as equações de Einstein que
descrevem como o espaço se curva, a equação geodésica que descreve como as
partículas que se movem podem ser derivadas a partir das equações de Einstein.
Uma vez que as equações da relatividade geral são não-lineares, um pedaço de
energia feita de campos gravitacionais puros, como um buraco negro, se moveria
em uma trajetória que é determinada pelas equações de Einstein, e não por uma
nova lei. Assim, Einstein propôs que o caminho de uma solução singular, como um
buraco negro, seria determinado como uma geodésica da própria relatividade
geral. Isto foi estabelecido por Einstein, Infeld e Hoffmann para objetos
pontuais sem movimento angular e por Roy Kerr para objetos em rotação.
Poucos meses
após publicar seu artigo sobre a relatividade geral, em 1916, perceberam que
distorções no espaço poderiam levar objetos a atalhos que poderiam conectar
áreas muito remotas. Foram encontradas soluções que permitiam a possibilidade
de um buraco de minhoca — um atalho entre duas partes remotas do espaço e,
possivelmente, do tempo.
Um buraco de
minhoca é criado quando uma grande massa cria uma singularidade no tecido do
espaço-tempo, algo tornado possível pela relatividade geral. Quando a
singularidade de uma massa encontra a de outra, ambas podem se unir e criar uma
passagem através da qual algo — matéria, luz, radiação — pode passar
relativamente rápido apesar da grande distância entre elas.
No mesmo ano
em que Einstein publicou a teoria, dois físicos, Ludwig Flamm e Karl
Schwarzschild, descobriram independentemente que os túneis no espaço eram
soluções válidas para as equações da relatividade, que eram ferramentas para
descrever a forma do espaço. As equações mostram que a gravidade distorceu a
própria natureza do espaço, e em áreas de imensa gravidade, uma distorção, ou
túnel, poderia aparecer. Schwarzschild já havia postulado a existência do que
acabaria se tornando conhecido como buracos negros — estrelas mortas tão densas,
e com uma gravidade tão forte, que qualquer coisa que chegasse muito perto
seria sugada para sempre. A intensa gravidade associada com esses buracos
negros poderia muito bem levar a enormes distorções espaciais. Em 1935, Einstein e Nathan Rosen desenvolveram um modelo mais
completo destes túneis, que hoje são referidos como pontes de Einstein-Rosen.
Mecânica quântica e relacionados
Ao longo da
década de 1910, a mecânica quântica expandiu em
escopo para cobrir muitos sistemas diferentes. Depois de Ernest Rutherford
descobrir o núcleo e propor que os elétrons orbitam como planetas, Niels Bohr
foi capaz de mostrar que os mesmos postulados da mecânica quântica introduzidos
por Planck e desenvolvidos por Einstein explicariam o movimento discreto dos
elétrons nos átomos e a tabela periódica de elementos.
Einstein
contribuiu para estes desenvolvimentos, ligando-os com os argumentos que
Wilhelm Wien tinha apresentado em 1898.
Wien tinha mostrado que a hipótese de invariância adiabática de um estado de
equilíbrio térmico permite que todas as curvas de um corpo negro a temperaturas
diferentes sejam derivadas uma a partir da outra por um processo simples de
deslocamento.
Einstein
observou em 1911 que o mesmo princípio adiabático
mostra que a quantidade que é quantizada em qualquer movimento mecânico deve
ser um invariante adiabático. Arnold Sommerfeld identificou esta invariante
adiabática como a variável de ação da mecânica clássica.
Embora o
escritório de patentes o tenha promovido para técnico examinador de segunda classe
em 1906, Einstein não tinha desistido da
carreira acadêmica.
Em 1908 tornou-se privatdozent na Universidade de Berna. Em ‘Sobre o desenvolvimento de nossa visão sobre a natureza e constituição da radiação’ (Über die Entwicklung unserer Anschauungen über das Wesen und die Konstitution der Strahlung), sobre a quantização da luz, e antes em um artigo de 1909, Einstein mostrou que os quanta de energia de Max Planck devem ter momentos bem definidos e agir, em alguns aspectos, como partículas pontuais independentes. Este artigo introduziu o conceito de fóton (embora o nome fóton tenha sido introduzido mais tarde por Gilbert Newton Lewis em 1926) e inspirou a noção de dualidade onda-partícula na mecânica quântica.
Quando os
físicos desenvolveram a mecânica quântica, sentiu-se uma grande emoção pois
estavam concebendo as ferramentas necessárias para descrever o mundo
recém-descoberto das partículas subatômicas. Einstein compartilhava a emoção.
Mas o campo da mecânica quântica tomou um rumo que o frustrou: as equações
desenvolvidas pelos cientistas só foram capazes de prever as probabilidades de
como um átomo agiria. A mecânica quântica insiste que as leis mais fundamentais
da natureza são aleatórias. Mesmo que os primeiros trabalhos de Einstein tenham
levado diretamente ao desenvolvimento da nova ciência, o próprio sempre se
recusou a aceitar essa aleatoriedade.
Em 1917, no auge de seu trabalho sobre a relatividade,
publicou um artigo no Physikalische Zeitschrift que propôs a possibilidade da
emissão estimulada, o processo físico que torna possíveis o maser e o laser.
Este artigo
mostra que as estatísticas de absorção e emissão de luz só seriam consistentes
com a lei de distribuição de Planck se a emissão de luz em uma moda estatística
com ‘n’’ fótons fosse aumentada estatisticamente em comparação com a emissão de
luz em uma moda vazia. Este artigo foi enormemente influente no desenvolvimento
posterior da mecânica quântica, porque foi o primeiro trabalho a mostrar que as
estatísticas de transições atômicas tinham leis simples.
Einstein
descobriu os trabalhos de Louis de Broglie e apoiou as suas ideias, que foram
recebidas com ceticismo no início. Em outro grande artigo nessa mesma época,
Einstein proveu uma equação de onda para as ondas de Broglie, que sugeriu como
a equação de Hamilton-Jacobi da mecânica. Este trabalho iria inspirar o
trabalho de Schrödinger de 1926.
A intuição física de Einstein o levou a notar que as energias do oscilador de Planck tinham um ponto zero incorreto. Ele modificou a hipótese de Planck, definindo que o estado de menor energia de um oscilador é igual a 1⁄2hf, a metade do espaçamento de energia entre os níveis. Este argumento, que foi feito em 1913 em colaboração com Otto Stern, foi baseado na termodinâmica de uma molécula diatômica que pode se separar em dois átomos livres.
Teoria do campo unificado e cosmologia
Depois de
sua pesquisa sobre a relatividade geral, Einstein entrou em uma série de
tentativas de generalizar sua teoria geométrica da gravitação para incluir
eletromagnetismo como outro aspecto de uma única entidade.
Em 1950, ele descreveu sua ‘teoria do campo unificado’ em um
artigo da Scientific American, intitulado ‘Sobre a Teoria da Gravitação
Generalizada’.
Embora
continuasse a ser elogiado por seu trabalho, tornou-se cada vez mais isolado em
sua pesquisa, e seus esforços foram infrutíferos. Em sua busca por uma
unificação das forças fundamentais, Einstein ignorou alguns desenvolvimentos da
física corrente, principalmente as forças nucleares forte e fraca, que não
foram muito compreendidas até muitos anos após sua morte. A física corrente,
por sua vez, em grande parte, ignorou suas abordagens à unificação. O sonho de
Einstein de unificar as outras leis da física com a gravidade motivam missões
modernas para uma teoria de tudo e, em particular, a teoria das cordas, onde os
campos geométricos surgem em um ambiente da mecânica quântica unificada.
Em 1917, aplicou a teoria da relatividade geral para modelar a
estrutura do universo como um todo. Ele
queria que o universo fosse eterno e imutável, mas este tipo de universo não é
consistente com a relatividade. Para corrigir isso, modificou a teoria geral
através da introdução de uma nova noção, a constante cosmológica. Com uma
constante cosmológica positiva, o universo poderia ser uma esfera eterna
estática.
Einstein
acreditava que um universo esférico estático é filosoficamente preferido,
porque obedeceria ao princípio de Mach, elaborado por Ernst Mach.
Ele havia
mostrado que a relatividade geral incorpora o princípio de Mach, até um certo
ponto, no arraste de planos por campos gravito magnéticos, mas ele sabia que a
ideia de Mach não funcionaria se o espaço continuasse para sempre. Em um
universo fechado, ele acreditava que o princípio de Mach se manteria. O
princípio de Mach tem gerado muita controvérsia ao longo dos anos.
Fótons, átomo e quantum de energia
Em seu
artigo ‘Sobre um ponto de vista heurístico relativo à produção e transformação
da luz’ (Über einen die
Erzeugung und Verwandlung des Lichtes betreffenden heuristischen Gesichtspunkt), Einstein postulou que a luz em si
consiste de partículas localizadas (quanta).
Os quanta de
luz de Einstein foram quase universalmente rejeitados por todos os físicos,
incluindo Max Planck e Niels Bohr. Essa ideia só se tornou universalmente
aceita em 1919, com os experimentos detalhados de
Robert Millikan sobre o efeito fotoelétrico, e com a medida de espalhamento Compton.
Einstein
concluiu que cada onda de frequência ‘f’ é associada com um conjunto de fótons
com uma energia ‘hf’ cada, em que ‘h’ é a constante de Planck. Ele não diz
muito mais, porque não tinha certeza de como as partículas estão relacionadas
com a onda. Mas ele sugere que essa ideia poderia explicar alguns resultados
experimentais, especialmente o efeito fotoelétrico.
Em 1907, propôs um modelo de matéria em que cada átomo de uma estrutura de rede é um oscilador harmônico independente. No modelo de Einstein, cada átomo oscila de forma independente — uma série de estados quantizados igualmente espaçados para cada oscilador. Einstein estava consciente de que obter a frequência das oscilações reais seria diferente, mas ele propôs esta teoria porque era uma demonstração particularmente clara de que a mecânica quântica poderia resolver o problema do calor específico na mecânica clássica. Peter Debye aprimorou este modelo.
Teoria da opalescência crítica
Einstein
voltou para o problema das flutuações termodinâmicas, dando um tratamento das
variações de densidade de um fluido no seu ponto crítico. Normalmente as
flutuações de densidade são controladas pela segunda derivada da energia livre
em relação à densidade.
No ponto
crítico, esta derivada é zero, levando a grandes flutuações. O efeito da
flutuação da densidade é que a luz de todos os comprimentos de onda é
dispersada, fazendo com que o fluido pareça branco leitoso.
Einstein relaciona isso com a dispersão de Rayleigh, que é o que acontece quando o tamanho da flutuação é muito menor do que o comprimento de onda, e que explica por que o céu é azul.
Argumento do buraco e teoria Entwurf
Ao
desenvolver a relatividade geral, Einstein ficou confuso sobre a invariância de
gauge na teoria. Formulou um argumento que o levou a concluir que uma teoria
geral do campo relativístico é impossível. Desistiu de procurar equações
tensoriais covariantes completamente gerais e procurou por equações que seriam
invariantes apenas sob transformações lineares gerais. Em junho de 1913, a teoria Entwurf (do alemão ‘rascunho’) foi o resultado dessas investigações.
Como o próprio nome sugere, era um esboço de teoria, com as equações de movimento complementadas por condições adicionais de fixação de calibre. Ao mesmo tempo menos elegante e mais difícil do que a relatividade geral, após mais de dois anos de intenso trabalho, Einstein abandonou a teoria em novembro de 1915, depois de perceber que o argumento do buraco estava errado.
Flutuações termodinâmicas e física estatística
O primeiro
trabalho de Einstein, publicado em 1900
no Annalen der Physik, versou sobre a atração capilar. Foi publicado em 1901 com o título ‘Folgerungen aus den Kapillarität
Erscheinungen’, que se traduz como ‘Conclusões sobre os fenômenos de
capilaridade’.
Dois artigos que publicou entre 1902 e 1903 (termodinâmica) tentaram interpretar fenômenos atômicos a partir de um ponto de vista estatístico. Estas publicações foram a base para o artigo de 1905 sobre o movimento browniano, que mostrou que pode ser interpretado como evidência sólida da existência das moléculas. Sua pesquisa em 1903 e 1904 estava centrada principalmente sobre o efeito do tamanho atômico finito em fenômenos de difusão.
Pseudotensor de momento de energia
A
relatividade geral inclui um espaço-tempo dinâmico, por isso é difícil
identificar a energia e momento conservados. O teorema de Noether permite que
essas quantidades sejam determinadas a partir da função de Lagrange com
invariância de translação, mas a covariância geral transforma a invariância de
translação em uma espécie de simetria de calibre. A energia e o momento
derivados pela relatividade geral pelas prescrições de Noether não fazem um tensor
real por este motivo.
Einstein argumentou que isso é verdade por motivos fundamentais, pois o campo gravitacional poderia ser levado ao desaparecimento por uma escolha de coordenadas. Ele sustentou que o pseudotensor não-covariante de momento de energia era de fato a melhor descrição da distribuição de momento de energia em um campo gravitacional. Esta abordagem tem sido ecoada por Lev Landau e Evgeny Lifshitz, dentre outros, e tornou-se padrão.
Colaboração com outros cientistas
Além de
colaboradores de longa data como Leopold Infeld, Nathan Rosen, Peter Bergmann e
outros, também teve algumas colaborações pontuais com vários cientistas, como
Banesh Hoffmann, Jeroen van Dongen.
Einstein e
Wander de Haas demonstraram que a magnetização é devida ao movimento de
elétrons, o que hoje em dia é conhecido como a rotação. Para mostrar isto,
inverteram a magnetização em uma barra de ferro suspensa em um pêndulo de
torção. Confirmaram que isso leva a barra a rodar, devido a mudanças no momento
angular do elétron com as mudanças de magnetização. Esta experiência precisava
ser sensível, porque o momento angular associado com os elétrons é pequeno, mas
estabeleceu definitivamente que o movimento de elétrons é responsável pela
magnetização.
Sugeriu a
Erwin Schrödinger que seria capaz de reproduzir as estatísticas de um gás de
Bose-Einstein ao considerar uma caixa. Então, para cada possível movimento
quântico de uma partícula em uma caixa, associar um oscilador harmônico
independente. Quantizando estes osciladores, cada nível terá um número inteiro
de ocupação, que será o número de partículas na mesma.
Essa formulação é uma forma de segunda quantização, mas é anterior à moderna mecânica quântica. Schrödinger a aplicou para derivar as propriedades termodinâmicas de um gás ideal semiclássico. Schrödinger pediu que adicionasse seu nome como coautor, mas Einstein recusou o pedido.
Os debates
entre Bohr e Einstein foram uma série de disputas públicas sobre a mecânica
quântica entre Einstein e Niels Bohr, que foram dois dos seus fundadores. Seus
debates são lembrados por causa de sua importância para a filosofia da ciência.
Em 1924 recebeu uma carta com a descrição de um modelo
estatístico do físico indiano Satyendra Nath Bose, que criou um método de
contagem onde se assume que a luz pode ser entendida como um gás de partículas
indistinguíveis, usando uma nova forma para chegar à Lei de Planck.
As novas
estatísticas de Bose ofereceram mais informações sobre como entender o
comportamento dos fótons. Ele mostrou que se um fóton entrou em um estado
quântico específico, então há uma tendência para que o próximo entre no mesmo
estado.
Einstein
notou que as estatísticas de Bose aplicavam-se a alguns átomos, bem como
partículas de luz propostas, e submeteu a tradução do artigo em alemão para o
Zeitschrift für Physikalische Chemie.
Também
publicou seus próprios artigos descrevendo o modelo e suas implicações. Entre
os resultados, em 1925 fez a notável descoberta em que
algumas partículas aparecem em temperaturas muito baixas; se um gás tivesse uma
temperatura bem próxima do zero absoluto — o ponto em que os átomos não se
movem — todos eles caíam no mesmo estado quântico.
O condensado
de Bose-Einstein é um tipo de matéria que é distintamente diferente das outras
na Terra — diferente de líquido, sólido ou gasoso.
Foi a última
grande contribuição de Einstein à física. Somente em 1995 o primeiro condensado foi produzido experimentalmente
por Eric Allin Cornell e Carl Wieman, usando equipamentos de ultra
resfriamento, construídos no laboratório do Instituto Nacional de Padrões e
Tecnologia — Instituto Conjunto do Laboratório de Astrofísica da Universidade
do Colorado em Boulder.
Hoje, as estatísticas de Bose-Einstein são usadas para descrever o comportamento de qualquer conjunto de bósons.
Entre os
anos de 1926 e 1930, Einstein e Szilárd trabalharam juntos e desenvolveram um silencioso
refrigerador doméstico.
Em 11 de novembro de 1930,
a Patente 1781541 dos Estados Unidos foi atribuída a
ambos pelo refrigerador de Einstein. Sua invenção não foi imediatamente
colocada em produção comercial, uma vez que a mais promissora de suas patentes
foi rapidamente comprada pela empresa sueca Electrolux para proteger sua
tecnologia de refrigeração da competição.
Em 1935, Einstein, Boris Podolsky e Nathan Rosen produziram
um famoso argumento para mostrar que a interpretação da mecânica quântica
defendida por Bohr e sua escola em Copenhague era incompleta se certas
suposições razoáveis fossem feitas a respeito de ‘realidade’ e ‘localidade’
contra o qual não havia um pouco de evidência empírica naqueles dias. Bohr
escreveu um desmentido e foi declarado o vencedor.
O debate
persistiu em um nível filosófico até 1964,
quando John Stewart Bell produziu sua famosa desigualdade baseada no realismo
local (ou seja, a
localidade mais realidade, tal como definido por Einstein, Podolsky e Rosen) na qual a mecânica quântica viola.
Por fim, a questão foi trazida a baixo de sua altura filosófica ao nível
empírico. Mas teve que esperar até 1982
para um verdadeiro veredito experimental.
Os
experimentos engenhosos realizados pela Aspect e seus colegas com fótons
correlacionados mais uma vez pareciam vindicar a mecânica quântica. Após o
aparecimento do argumento EPR e a resposta de Bohr, a escola de Copenhague teve
que mudar sua postura.
Tiveram que
abandonar a ideia de que toda medida causava uma ‘perturbação’ inevitável do
sistema de medida. De fato, Bohr admitiu que, em uma causa como a correlatada
no paradoxo EPR, ‘não havia dúvida de uma perturbação mecânica do sistema sob
investigação’.
A teoria da
gravidade de Einstein-Cartan é uma modificação da teoria da relatividade geral,
permitindo que o espaço-tempo tenha torção, além de curvatura, e torção
relativa à densidade da quantidade de momento angular intrínseco.
Esta modificação foi proposta em 1922 por Élie Cartan, antes da descoberta do spin. Cartan foi influenciado pelo trabalho dos irmãos Cosserat (1909), que consideravam, além de um (assimétrico) tensor força de estresse, também um tensor momento de estresse em um meio contínuo adequadamente generalizado.
Vida pessoal - Política e religião
Com seis
anos de idade, no final de 1885, Einstein
entrou na escola primária católica de seu bairro, provavelmente a partir do
segundo grau. Era a única criança judia na classe. Instrução religiosa fazia
parte do currículo escolar, assim ele se familiarizou com as histórias da
Bíblia e dos santos.
Suas
opiniões políticas surgiram publicamente em meados do século 20, devido à sua fama e reputação de gênio. Ele era a favor do
socialismo e contra o capitalismo, que ele detalhou em seu ensaio ‘Por que o
Socialismo?’
Suas
opiniões sobre os bolcheviques mudaram com o tempo. Em 1925, ele os criticou por não terem um ‘sistema de governo
bem regulado’ e chamou seu governo de ‘um regime de terror e uma tragédia na
história humana’.
Posteriormente,
ele adotou uma visão mais ‘equilibrada’, criticando seus métodos, mas
elogiando-os, o que é demonstrado por sua observação de 1929 sobre Vladimir Lênin: ‘Em Lenin, honro um homem que,
em total sacrifício de sua própria pessoa, dedicou toda a sua energia para
realizar a justiça social. Não acho seus métodos aconselháveis. Uma coisa é
certa, no entanto: homens como ele são os guardiões e renovadores da
consciência da humanidade’.
Einstein
ofereceu-se e foi chamado a opinar em questões muitas vezes não relacionadas à
física teórica e matemática.
Seus pontos
de vista sobre a crença religiosa foram coletados a partir de entrevistas e
escritos originais. Quando jovem dizia que acreditava no conceito de ‘Deus’
conforme preconizado pelo filósofo Baruch Espinoza, mas não em um Deus pessoal,
crença que ele criticava. Nesta visão, deus e a natureza são uma mesma
entidade. Chamava-se de agnóstico, ao mesmo tempo que se dissociava do rótulo
de ateu quando vinculado ao ateísmo forte (ateísmo não cético).
‘Você pode
me chamar de agnóstico, mas eu não concordo com o espírito do ateu profissional
cujo fervor é um ato de dolorosa restrição da doutrinação religiosa da
juventude. Eu prefiro ter uma atitude de humildade em relação ao quão pouco
entendemos sobre a natureza e nossos próprios seres’, escreveu a Guy H. Raner
Jr. em setembro de 1949.
Numa carta
manuscrita em alemão em 1954 e dirigida ao filósofo judeu Eric
Gutkind, Einstein critica enfaticamente as religiões institucionalizadas, em
particular a religião judaica, de forma a posicioná-lo como ateu um ano antes
de sua morte.
Na missiva
em questão, o cientista declara que ‘A palavra Deus para mim é nada mais que a
expressão e produto da fraqueza humana; a Bíblia é uma coleção de lendas
honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis’.
Conhecida como a ‘Carta de Deus’, a carta foi vendida em 2018 em Nova Iorque por 2,89 milhões de dólares num leilão organizado pela Christie's.
Amor pela música
‘O que tenho a dizer
sobre a obra de Bach? Ouvir, tocar, amar, adorar ... ficar calado!’
(Albert
Einstein em resposta a um inquérito da revista alemã Illustrierten Wochenschrift,
1928)
Einstein
desenvolveu apreciação musical em uma idade precoce. Sua mãe tocava piano
razoavelmente bem e queria que seu filho aprendesse a tocar violino, não só
para incutir nele o amor pela música, mas também para ajudá-lo a assimilar a
cultura alemã.
De acordo
com o maestro Leon Botstein, Einstein disse ter começado a tocar quando tinha
cinco anos, mas não o apreciava nessa idade. Quando completou treze anos, no
entanto, descobriu as sonatas para violino de Mozart. ‘Einstein se apaixonou’,
e estudou música com mais vontade. Aprendeu a tocar sozinho sem ‘nunca praticar
sistematicamente’, acrescentando que ‘o amor é um professor melhor do que um
sentido de dever’.
Aos
dezessete anos, foi ouvido por um examinador de sua escola em Aarau quando
tocava as sonatas de violino de Beethoven, tendo o examinador afirmado depois
que seu toque era ‘notável e revelador de uma grande visão'. O que impressionou
o examinador, escreve Botstein, era que Einstein ‘exibiu um amor profundo pela
música, uma qualidade que foi e continua a ser escassa. A música possuía um
significado incomum para esse estudante’.
Embora tenha
se apresentado em público para concertos de caridade e como um representante da
Liga das Nações, Einstein não tocou principalmente para os espectadores, mas
para se divertir com amigos — ou sozinho, para relaxamento e inspiração.
Ele muitas
vezes se sentava ao piano e improvisava. Onde quer que fosse, seu violino ‘Lina’
estava com ele. Desde sua infância havia procurado oportunidades de tocar com
outros músicos. Até o fim dos seus dias, teve encontros com outros estudantes e
colegas, com Michele Besso e Max Born, Max Planck e Paul Ehrenfest, com
particulares e celebridades, com Pauline Winteler, que cuidou dele quando
morava em Aarau, e com a Rainha Isabel da Bélgica em Bruxelas.
À época,
tocar música em casa era uma coisa natural durante os encontros, e ele reuniu
cientistas e músicos em Princeton para visitar e tocar Mozart, Bach e Schubert.
‘Se eu não
fosse um físico, provavelmente seria músico. Eu penso sobre música
frequentemente. Eu sonho acordado com música. Eu vejo minha vida em termos de
música..., obtenho mais alegria na vida através da música’. (Einstein, 1929)
A música
assumiu um papel fundamental e permanente em sua vida. Embora a ideia de se
tornar um profissional não estivesse em sua mente em nenhum momento, entre
aqueles com os quais Einstein tocou a música de câmara estavam alguns
profissionais, e ele se apresentou para os amigos e em privado.
A música de
câmara também se tornou uma parte regular de sua vida social, enquanto vivia em
Berna, Zurique e Berlim, onde tocou com Max Planck e seu filho, entre outros.
Em 1931, quando estava envolvido em pesquisa no Instituto de
Tecnologia da Califórnia, ele visitou o Conservatório da família Zoellner em
Los Angeles, e tocou algumas das obras de Beethoven e Mozart com os membros do
Quarteto Zoellner, que tinha se retirado recentemente, após duas décadas de
turnês aclamado em todos os Estados Unidos. Einstein mais tarde presenteou o
patriarca da família com uma fotografia autografada como uma lembrança.
Perto do fim de sua vida, em 1952, quando o Quarteto de Cordas Juilliard (da Juilliard School, de Nova Iorque) visitou-o em Princeton, ele tocou seu violino com eles; ainda que diminuísse o ritmo para acomodar suas habilidades técnicas menores, Botstein observa que o quarteto ficou ‘impressionado com o nível de coordenação e entonação de Einstein’.
Legado
Quando em
viagem, Einstein escrevia diariamente para sua esposa Elsa, e as enteadas
Margot e Ilse. As cartas foram incluídas nos documentos legados à Universidade
Hebraica de Jerusalém. Margot Einstein permitiu que as cartas pessoais fossem
disponibilizadas ao público, solicitando que fossem esperados vinte anos após
sua morte para a publicação, o que ocorreu em 1986. Barbara Wolff, dos Albert Einstein Archives da Universidade Hebraica de
Jerusalém, disse à BBC que há cerca de 3500
páginas de correspondência privada, escritas entre 1912 e 1955.
Einstein
doou os royalties do uso de sua imagem para a Universidade Hebraica de
Jerusalém. Corbis, sucessor da The Roger Richman Agency, licencia o uso de seu
nome e imagens associadas, como agente para a universidade.
Suas grandes
conquistas intelectuais e originalidade fizeram da palavra ‘Einstein’ sinônimo
de gênio.
Sua fórmula
de equivalência massa-energia — E=mc²
— foi chamada por Karen Fox e Aries Keck de ‘a equação mais famosa do mundo".
Ao lado da
mecânica quântica, sua teoria da relatividade geral foi considerada um dos pilares
da física moderna.
No período
anterior à Segunda Guerra Mundial, era tão conhecido nos Estados Unidos a ponto
de ser indagado na rua por pessoas que solicitavam que ele explicasse ‘aquela
teoria’. Einstein finalmente descobriu uma maneira de lidar com as perguntas
incessantes. Ele passou a responder a elas com o bordão ‘Perdão, sinto muito!
Sou sempre confundido com o Professor Einstein’. Foi o assunto ou inspiração
para muitas novelas, filmes, peças de teatro e obras de música. É o modelo
favorito para representações de cientistas loucos e professores distraídos, seu
rosto expressivo e penteado característico têm sido amplamente copiado e
exagerado.
Em 1999, a revista Time publicou a compilação Time 100: The Most Important People of the Century, no qual
classificava as pessoas mais influêntes do século 20.
Einstein
ficou em primeiro lugar como a pessoa mais importante do século, acrescentando
que ‘foi o cientista preeminente em um século dominado pela ciência. As pedras
fundamentais da época — a bomba, o Big Bang, física quântica e eletrônicos —
todas trazem sua marca’.
Frederic Golden escrevendo para a mesma revista disse na publicação que Einstein era ‘o sonho realizado de um cartunista’. Também em 1999, 100 físicos renomados elegeram-no o mais memorável físico de todos os tempos.
Fonte: WP e Dvs
(JA, Mar21)