Segundo a lenda, O Homem do
Saco pega e carrega crianças que estejam sem nenhum adulto por perto, em frente
às suas casas, ou brincando na rua.
O sinistro Homem do Saco,
também conhecido como ‘Papa Figo’, não tem poderes misteriosos ou místicos,
muito menos habilidades sobrenaturais. Mas possui o atributo mais perigoso que
pode existir - a mente humana.
Originalmente Papa Figo
possui uma aparência comum, ainda que bastante feia. É descrito como um homem
velho e de jeito esquisito; é comum vê-lo sempre carregando um grande saco
pendurado nas costas.
Devido ao seu jeito costuma chamar a atenção das pessoas. Por conta disso, o velho Papa Figo prefere agir
por meio de seus ajudantes para atrair suas inocentes vítimas, em geral
crianças com idade abaixo dos 15 anos. Mas há relatos de jovens de 16 e 17 anos
que tiveram seu sumiço associado ao Papa Figo.
O Papa Figo seria um homem de
bastante posses que, através de promessas de pagamentos em dinheiro, acaba
atraindo seguidores. Homens gananciosos e criminosos, que utilizam de todos os
artifícios para atrair crianças, sequestrá-las, e levá-las para o velho.
O nome Papa Figo advêm do que
o cruel homem faz com suas vítimas. Papa Figo é uma abreviatura de Papa Fígado (ou
Come Fígado). Devido a uma grave doença (alguns dizem se tratar de Lepra), o
Papa Figo acredita que, devorando o fígado de crianças, tenha sua condição atenuada. Dizem que somente
fica aliviado de suas dores, após ele devorar os órgãos das crianças (principalmente
o fígado).
Era comum que a polícia
achasse as vítimas mortas com um punhado de dinheiro junto ao corpo, para
cobrir as despesas do velório. Mas, com o passar do tempo, o Papa Figo acabou
pegando o gosto pelo sofrimento das crianças, assim como pelo seu sabor. Até
mesmo os ajudantes do Papa Figo possuem muito medo da sua figura.
Os ajudantes, que geralmente eram
quem sequestravam as crianças, costumavam conquistar a confiança delas através
de doces, brinquedos, presentes e moedas.
Portanto, quando nossa mãe nos dizia
que não deveríamos falar com pessoas estranhas, ela estava absolutamente certa.
Uma variação dessa história (talvez
a versão mais conhecida) diz que o Papa Figo seria um homem de aspecto bastante
sujo, que anda pelas ruas a procura de crianças para comer o seu fígado, ou,
para vendê-las aos leprosos ricos.
Costuma ser descrito como
sendo um homem alto, magro e de idade bastante avançada. Conforme a região
brasileira onde é contada a lenda, ele é tido como como sendo pálido e sórdido,
ou como moreno e simpático, mas sempre com uma barba enorme.
Dizem também que
sai somente à noite, ou nos finais de tarde. Costuma
rondar parques e praças com o intuito de raptar alguma criança, enquanto os pais
estão distraídos.
Esse mito abrange todo o
país, de norte a sul. Mudando sempre alguns detalhes para melhor se adaptar ao
contexto da região. Mas, ainda que seja uma lenda, ela possuí um certo grau de
veracidade (como todas as lendas e contos). Pois, os relatos do sumiço de
crianças, principalmente nas zonas rurais, sempre foram corriqueiros e comuns.
Não é difícil ouvirmos falar,
seja através de jornais ou do ‘boca a boca’, que uma criança sumiu, ou que foi
encontrada morta em algum lugar isolado. Existem muitos Papa Figos reais em
nossa sociedade, sempre a espreita de algum momento de descuido dos pais.
A lenda reproduz essa
preocupação real dos pais, assim como alerta as crianças acerca do possível
perigo que correm ao se aproximarem, ou aceitarem, qualquer coisa de pessoas
estranhas.
Curiosidade: A crença popular antigamente era a de que a Lepra
era uma doença do sangue (sangue impuro ou sujo). Como o sangue é filtrado pelo
fígado, muitos achavam que comer esse órgão os ajudaria a restabelecer a sua
saúde. ‘Um fígado doente se trata com um fígado sadio’, era a firme convicção
do senso comum popular dos antigos. Por essa razão se acredita que o Papa Figo
era (ou é) um homem acometido por essa doença, já que em diversas vítimas
faltava justamente esse órgão.
Homem do Saco Postal
Outra versão, completamente
diferente, diz que em 1913, nos EUA, crianças foram enviadas pelo correio.
Com selos colados às suas roupas, as crianças iam de trem para os seus destinos, acompanhadas por carteiros. Na época, um jornal informou que pelo custo de cinquenta e três centavos US$ era possível que pais enviassem seus filhos para os avós para uma visita familiar, por exemplo.
Como as notícias e fotos
apareceram em todo o país, não demorou muito para que surgisse uma lei ilegal proibindo o envio de crianças através do correio.
A garotinha americana May
Pierstorff foi enviada via Correios pelo pai, em uma história tão inacreditável
que acabou virando um livro infantil.
A menina de cinco anos estava
dentro do limite de peso para encomendas no período e, por falta de regras específicas,
os funcionários aceitaram transportá-la com as outras correspondências no trem
dos Correios, em 1914. O ‘pacote’, cujo envio custou U$ 0,15, nos valores da
época, chegou são e salvo à casa da avó.
O caso é famoso, mas,
surpreendentemente, May não foi a primeira criança transportada como encomenda
pelos Correios dos EUA.
Um bebê de 5 quilos foi despachado algumas semanas
antes, no estado de Ohio. O envio também custou U$ 0,15, e os pais ainda
fizeram um seguro, no valor de U$ 50,00, pela ‘mercadoria’. Alguns dias depois,
uma menina, filha do casal Savis, foi enviada pelos Correios na Pensilvânia
(EUA).
Antes que a moda se
consagrasse, os Correios dos EUA editaram uma norma proibindo o transporte de
pessoas. Em 1915, o envio de crianças por encomenda foi definitivamente
proibido.
Fontes: Marcus Pessoa, No Amazonas é Assim | Conte Outra, Blog Correios, Saving Lincoln
(JA, Jun19)