A paixão por linguística o
levou por toda a vida a estudar novas línguas. Dom Pedro II era capaz de falar
e escrever não somente em português, mas também em latim, francês, alemão,
inglês, italiano, espanhol, grego, hebraico, árabe, sânscrito, chinês, provençal,
tupi-guarani...
Em 1875 foi eleito membro da
Académie des Sciences francesa, honra dada anteriormente a somente dois outros
chefes de estado: Pedro, o Grande e Napoleão Bonaparte.
Trocava cartas com
cientistas, filósofos, músicos e outros intelectuais. Muitos de seus
correspondentes se tornaram seus amigos, incluindo Richard Wagner, Louis
Pasteur, Louis Agassiz, John Greenleaf Whittier, Michel Eugène Chevreul,
Alexander Graham Bell, Henry Wadsworth Longfellow, Arthur de Gobineau, Frédéric
Mistral, Alessandro Manzoni, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, James
Cooley Fletcher.
Pedro II estava em Paris e
não poderia deixar a cidade sem conhecer Victor Hugo, por quem nutria grande
admiração. Contrariando orientações diplomáticas, pediu, por meio da embaixada
brasileira, que Victor Hugo pudesse visitá-lo no hotel onde estava.
A resposta do escritor
francês não poderia ter sido mais dura e deselegante: ‘Victor Hugo não vai à
casa de ninguém...’
A surpresa da resposta
grosseira só não foi maior do que a nobreza de Dom Pedro II. Após duas outras
tentativas frustradas, ele mesmo decidiu ir ao encontro de Victor Hugo.
Na manhã do dia 22 de maio, Dom
Pedro bateu à porta do apartamento do escritor, na rue Clichy, 21, centro de
Paris. Surpreso, em choque, Hugo abriu a porta, e a conversa durou extensas 12 horas.
Nascia ali uma linda e
respeitosa amizade. Victor Hugo morreu oito anos depois. Quando este faleceu, a
filha de Victor Hugo prestou homenagem ao leal amigo de seu pai, mandando lhe
manuscritos inéditos de várias obras.
Pedro II e Victor Hugo
trocavam correspondências semanalmente.
Quando o imperador partia do
encontro – já bastante tarde – Victor Hugo disse-lhe, com seu fino e espiritual
sorriso:
-
Sire, eu não saberia vos dizer como estou contente que não tenha na
Europa soberano como vós’.
- Como assim?’ Pergunta Dom Pedro.
- Porque, responde Victor Hugo, nós estaríamos fortemente complicados, eu
e meus amigos republicanos, para não dizer que iríamos ter infinitas
dificuldades em nossa crença!
Dom Pedro II explode de rir e
vai embora, como homem amável e de bom espírito. Victor Hugo grita já ao longe
‘Sorte do Brasil!’, ‘Viva o Imperador Cidadão!’
Fonte: Marcelo aranha e Souza Pinto |
Magazine Time Out Arts | Bin
(JA, Abr18)