Todos os sábados e domingos, quando estava em casa, nas primeiras horas da manhã, olhava
para o prédio vizinho ao meu e lá estava ele. Um senhor idoso, lendo seu
jornal na varanda envidraçada do seu apartamento. Como esse era o horário em
que eu saia para o meu fitness semanal, sempre o observava. Nesses dias,
contava com a sua presença lá. Num determinado fim de semana, ele não
apareceu. Ele devia ter ido viajar ou cumprir algum outro compromisso,
pensei. Entretanto, de lá para cá ele não apareceu mais. Será
que viajou? Ficou doente? Morreu? Ele nunca mais apareceu; acabei
por não saber o que houve. Embora eu nunca tivesse tido oportunidade de
conhecê-lo, até hoje sinto a sua falta.
Refletindo
sobre cheguei à conclusão que nos apegamos a muitas coisas; coisas que, em princípio, não teriam nada a ver com a nossa vida, com o nossos interesses, expectativas.
Entretanto, isso ocorre. Por que? Ocorre porque todos os nossos sentimentos têm a tendência de se projetar e
tentar se materializar. Aquele homem idoso que eu via ali, poderia
ser eu mesmo daqui há alguns anos. E me sentia bem ao vê-lo numa situação que eu gostaria de estar quando estivesse na idade dele. E por que gostamos
de crianças? Talvez por conta disso mesmo - enxergamos nelas nossos filhos, nossos netos e, quem sabe, a nós mesmos num passado remoto. Por que sentimos repulsa
dos bandidos que vemos/ouvimos falando alguma bobagem numa eventual
reportagem de TV/rádio? É que nos imaginamos sendo vítimas daquela pessoa
ali, sem escrúpulos, maldosa. E por aí vai.
Tudo
que ocorre à nossa volta, ou do que tomamos conhecimento, reflete em nós, de
acordo com as nossas expectativas, medos e desejos mais íntimos - nós não somos
indiferentes à nada; o que varia é o grau. Tudo o que acontece no nosso ‘entorno’
nos impacta.
- Aquele casal, apaixonado, demonstrando grande carinho, um pelo outro.
- Aquela linda casa,
- Aquele carro,
- Aquele emprego, ...
Será que é o chamam de inveja? Não creio. Só se for a ‘inveja do bem’, se é que isso existe. Não queremos para nós o que é dos outros; não desejamos o mau de
ninguém. O que acontece é que, inconscientemente, como nos filmes
que assistíamos na nossa adolescência, quando nos projetávamos no papel do protagonista,
imaginando fazer exatamente aquilo que ele conseguia fazer, e acabávamos saindo da sala de projeção mais felizes do que quando entramos - cheios de entusiasmo,
de energia.
Isso
me leva a inferir que, se nos proporcionássemos mais dessas visões, dessas
impressões positivas - lendo um livro, ou assistindo um filme, uma peça, vendo
uma obra de arte, conhecendo pessoas, que despertem nossos melhores sentimentos, batalhando
por causas que nos sensibilizem -, no
finalmente, mesmo sem sabermos exatamente o porque, vamos acabar sendo melhores como seres humanos e,
certamente, mais capazes para cumprir o que devemos, o que nos propusemos, fazer, ser.
"Você atrai para a tua vida tudo o que pensa ou imagina. É importante controlar os pensamentos, dirigi-lo para o positivo, para o bem. Você sempre terá algo de bom em que pensar. Assim, você fabrica a sua melhor realidade."
(JA, Jun15)