Vincent nasceu em
1853 em numa pequena cidade holandesa, Zundert. E, embora fosse filho de um
pastor calvinista, foi sempre uma criança rebelde, insociável. Aos 16 anos seus pais o colocam num colégio
interno para ver se a mudança de ambiente, de pessoas, o ajudaria a melhorar
seu comportamento. Entretanto, isto também não deu certo. Logo ele abandona o
Colégio e vai trabalhar com o tio que havia aberto uma sucursal de uma grande
galeria que comercializava obras de arte e livros, em Haia. Depois de três anos é enviado para Bruxelas como
representante da Galeria, onde passa dois anos. Depois vai para Londres, sempre
a serviço da Galeria.
Em 1875, com 23 anos, anos, consegue ser transferido para
a sede da Galeria, em Paris. Um ano depois (1876), após se indispor com os
clientes, é demitido. Então, vai para a Inglaterra, onde já havia
trabalhado, e lá começa dar aulas em escolas primárias de pequenas
cidades. Nesse mesmo ano, em dezembro, vai
visitar sua família em Etten-Leur, na Holanda. Mas suas relações familiares
continuam difíceis; a única pessoa que o compreende é Theo, seu irmão mais novo.
Vincent torna-se depressivo e sofre seguidas crises
nervosas; passa longos períodos de solidão. Em 1879, aos 26 anos, anos consegue emprego em uma livraria em Dordrech,
na Holanda. E, na sequência, decide seguir a carreira do pai: Ingressa no Seminário Teológico. Entretanto, é
reprovado por falta de base, e ingressa na Escola Evangélica. Consegue então o lugar
de pregador missionário nas minas de carvão de Borinage, na Bélgica. No mesmo
ano é demitido, pois prega pouco, e
preocupa-se demasiadamente com os doentes e as crianças.
Em 1880, com 27 anos, vai para Bruxelas e, com o
dinheiro que o irmão lhe manda, estuda anatomia e perspectiva. Passa os dias
desenhando. Um ano mais tarde muda-se para Haia , onde é acolhido por um conhecido
pintor local, Mauve. Pinta aquarelas, onde aparecem marinheiros, pescadores,
camponeses. Oportunamente, escreve para o irmão: “Eu não quero pintar quadros, eu quero pintar
a vida”. Aos 28 anos pinta seu primeiro quadro a óleo. No ano seguinte volta
para casa dos pais, onde passa os dias lendo e pintando.
Seu pai morre repentinamente quando ele tinha 32 anos.
Nesse mesmo ano pinta “Os Comedores de Batata”, em um ambiente sombrio e tons
escuros.
.
Em novembro viaja para Antuérpia, onde em janeiro de 1886 inicia estudos na Academia local. Em fevereiro é acolhido pelo seu irmão Theo, em Paris, que agora dirige a Galeria Goupil. Nessa época pinta “Pai Tanguy” (1887)
Encontra-se com Pissarro, Degas, Gauguin, Seurat. Em dois anos pinta 200 quadros, entre eles, o “Auto Retrato” (1887).
Vincent encontra-se agora com a saúde precária, e segue os conselhos de Toulouse-Lautrec - vai para o campo. Em fevereiro está em Arles, pintando ao ar livre. Pinta mais de 100 quadros, entre eles, “Os Girassóis” (1888) e “Armand” (1888).
Convida Gauguin
para trabalharem juntos. Vincent então tem crises de humor. Há rumores de que sua amante teria se envolvido com Gauguin
e, ao confirmar, discute e agride o amigo com uma navalha. Arrependido corta um
pedaço de sua orelha e a manda num envelope para a mulher que motivou a briga.
É recolhido para o hospital. Depois, vai para casa e pinta o “Auto Retrato com a Orelha
Cortada” (1888).
Em maio de 1889, ele mesmo pede ao irmão que o interne.
Vai para o Hospital de Saint-Rémy e transforma seu quarto em um ateliê. Fez
mais de duzentos novos quadros, centenas de desenhos, e todos transmitem a sua
luta interior. Theo é chamado, mas não pode visitar o irmão, pois sua mulher
espera o primeiro filho. Pede a Signac, um amigo pintor, que vá visitá-lo.
Signac sai impressionado com a suas pinturas. Isso o o estimula a levar seus
amigos pintores à casa de Theo, para conhecerem alguns quadros de Vincent. Todos fazem comentários favoráveis e, em decorrênca, o jornal Mercúrio de França acaba também fazendo elogios
ao pintor. Uma exposição na Galeria de Bruxelas é organizada para comercialização
dos seus quadros. Porém, apenas um quadro é vendido: “A Vinha Vermelha”, que
acabou sendo a única obra vendida durante a vida do pintor.
Vincent deixa Sant-Rémy em maio de 1890. Vai para
Auvers, na França, sob os cuidados do
Dr. Gachet que o examina e diz que a situação é grave. Pinta mais de 200 desenhos
e mais de 40 quadros. Entre eles se destacam: “Os Ciprestes”, “Trigal com
Corvos”, e “Retrato do Dr. Gachet”.
No dia 27 de julho de 1890 Vincent sai para o campo de
trigo com um revolver na mão e, no meio do campo, dá um tiro no peito. É socorrido, entretanto, não resiste. Dois dias depois vem a falecer.
No dia de sua morte, no sótão da Galeria Goupil, em
Paris, 700 quadros amontoavam-se sem comprador. A fama só veio após sua morte.
Grande parte de sua historia está descrita nas 750 cartas que escreveu para seu
irmão Theo, o que evidencia a forte ligação entre os dois.
As emoções e sentimentos contraditórios da vida
atribulada de Vincent
Van Gogh (1853-1890), até hoje sensibilizam a quem tem oportunidade de ter
contato com a sua obra, imagens e cores. Um talento não reconhecido durante a
curta vida, é hoje, mais de um século depois de sua morte, considerado no mundo
inteiro como sendo um dos maiores representantes da pintura pós-impressionista.
(JA, Jun15)