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Superação


Gilberto era um senhor com cerca de 40 anos. Era casado, com dois filhos em idade escolar. Tinha uma bela casa e dois carros seminovos. Até há dois anos atrás tinha um bom emprego, e um salário bem superior à média. Devido à reestruturação ocorrida na sua empresa, de repente, se viu desempregado. A única coisa de bom no que aconteceu é que fez um acordo muito satisfatório, considerando as circunstâncias de mercado, etc. e com o dinheiro recebido estava garantindo a sua subsistência e da sua família, até agora.
No início, estava confiante que iria arrumar uma recolocação num curto prazo de tempo. Afinal, era um executivo experiente, bem formado, com ótimos contatos. Não havia como duvidar que tudo daria certo.
Fez uma lista de todos os seus contatos. Falou com cada um contando sua história recente, a sua necessidade, e se colocando à disposição. Todos foram muito simpáticos e ficaram de ver o que conseguiam.
O tempo foi passando, e nada de definitivo, que fosse a solução, apareceu.  Duas ou três tentativas quase deram certo - mas não deram.
Aos poucos, ele foi perdendo a ilusão inicial. Tentou imaginar o motivo até  que chegou a algumas conclusões:
  • Seu nível de expectativa era alto, considerando o seu histórico profissional.
  • Como trabalhou ultimamente por muitos anos na mesma empresa, uma empresa nacional, e como não havia feito nenhum curso de atualização no meio tempo, estava desatualizado com os novos sistemas e termos técnicos utilizados pelas empresas, especialmente as internacionais.
  • Não aceitava ser subordinado de quem  não respeitasse, etc.
Resolveu que, a partir de então,  iria vestir um manto de humildade, e ver o que iria conseguir. Apresentava-se para o eventual contratante, colocando-se à disposição para fazer o que fosse e com o tempo, mostrar do que era capaz. Não exigia nada – nem função, nem cargo, nem salário. Só queria uma oportunidade de trabalhar, poder  aplicar o seu potencial e, quem sabe, lá na frente, poder conquistar o que julgava que merecia.  E assim fez. Mas, mesmo assim, não conseguiu nada.


Passados dois anos, se viu desesperado. Logo passou a ficar apático, sem iniciativa, a se auto enganar dizendo que tudo daria certo no final.

Um dia, estava no seu carro e, passando por uma praça, viu um indigente maltrapilho, sujo, de pé, olhando para o espaço, para o nada. 
Ele não estava indo para lugar nenhum; estava simplesmente parado na beira da calçada, junto à rua. Ele nem olhava para os carros passavam. Então, ele pensou:  
“Esse homem não tem condições para se auto conduzir. Ele se entregou, não tem condições para se levantar, conquistar seu espaço, sair dessa vida lamentável. Alguém deveria ajudá-lo.  Algum órgão do governo voltado para o social deveria identificar indivíduos desse tipo, avaliar  a sua situação, definir o que poderia ser feito para reerguê-los, motivá-los, ajudá-los a fazer o que fosse necessário. Pessoas assim certamente ainda devem ter algo de bom a oferecer para a sociedade - só falta encaminhá-las. Se nada for feito, permanecerão como um peso morto para essa mesma sociedade e, além disso, provavelmente poderão causar problemas para outras pessoas que estão vivendo a sua vida normalmente.”
Mais tarde, refletindo, percebeu que havia se identificado com o olhar daquele homem. Percebeu que também estava vencido, carente, e que esperava desesperadamente que alguém o ajudasse. Ele já não tinha mais forças para superar a situação em que se encontrava.   O que fazer?  
Ele não soube responder. Mas aquela observação lhe serviu de alerta. Se não conseguisse mudar o rumo da vida que estava vivendo, ele provavelmente iria se transformar naquele homem que havia visto.  Conscientizou-se que deveria aproveitar o restinho de forças que ainda tinha para fazer algo que, mesmo que não resolvesse, pelo menos servisse de paliativo, o ajudasse a se recompor, a ganhar mais tempo, autoestima, e quem sabe, a poder criar ou identificar e aproveitar, alguma oportunidade que passasse à sua frente.
Entretanto, pela sua experiência recente, ele tinha certeza que não poderia contar com ajuda de ninguém – nem do governo, nem de seus contatos, nem de seus amigos ou familiares.  Ele mesmo teria que promover alguma mudança na sua vida, e, dessa mudança poderia surgir algo novo.
Decidiu que o certo seria não desperdiçar o resto da sua energia lutando contra o velho, mas sim na construção de algo novo. O velho perdeu, entretanto ele ainda não sabia o que era o novo. Ele se sentia meio perdido nesse momento de transição.  O olhar daquele homem iria lhe servir de farol para iluminar e ajudá-lo a encontrar o caminho do seu melhor destino, iria lhe dar forças para lutar contra o que o estava puxando para baixo, e  iria ajudá-lo a se reerguer, a se superar.

(JA, Set15)

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