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Mostrando postagens de dezembro, 2024

Caminhos do Tempo

  Há um silêncio que chega com os anos, e ele não é feito apenas da ausência de ruídos, mas da transição suave, entre o que éramos e o que nos tornamos.   Aos 60 , você começa a sentir a sutileza do distanciamento. A sala que antes pulsava com suas ideias agora parece cheia de vozes que não pedem mais sua opinião. Não é uma rejeição, é o ritmo da vida. É quando aprendemos que nossa contribuição não está no presente imediato, mas nos rastros que deixamos nos corações e mentes, ao longo do caminho. Aos 65 , você percebe que o mundo corporativo, outrora tão vital, é um fluxo incessante. Ele segue, indiferente ao que você fez ou deixou de fazer. Não é uma derrota, é a libertação. Esse é o momento de olhar para si mesmo, despir-se do ego e vestir a serenidade. Não se trata mais de provar, mas de ensinar, de compartilhar, de ser mentor. A verdadeira realização não é a que se exibe, mas a que inspira. Aos 70 , a sociedade parece esquecê-lo; mas será mesmo? Talvez seja apenas ...

Um Conto de Natal

  Charles Dickens é um dos maiores romancistas da era vitoriana. Sua novela ‘A  Christmas Carol’ (Um Conto de Natal) é considerada por muitos como uma das grandes histórias de Natal já escritas. Tem sido popular desde sua primeira publicação, em 1843 . Dezenas de filmes foram feitos da história junto com inúmeras reproduções de palco. Até os Muppets se revezaram encenando essa história para a tela de cinema, com Michael Caine estrelando o filme, em 1992 . Embora a história inclua um elemento paranormal, é um conto familiar com uma grande moral. O protagonista da história é Ebenezer Scrooge, velhote pão-duro e rabugento que detesta as comemorações natalinas. ‘E solitário feito uma ostra! Parecia que até os cães dos cegos o conheciam e, quando o viam se aproximar, puxavam seus donos para dentro e então abanavam o rabo como se dissessem: É melhor cegueira do que mau-olhado!’. Em uma véspera do Natal, porém, Scrooge se depara com o fantasma de Jacob Marley, seu antigo sócio q...

Bocage

21 de dezembro de 1805 - Morre o poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage   Bocage, Manuel Maria Barbosa du, Portugal, 1765-1805 Considerado por muitos autores como o mais completo poeta do nosso século 18 , Manuel Maria Barbosa du Bocage, filho de um advogado e de uma senhora francesa de quem herdou o último apelido, nasceu a 15 de setembro de 1765 , em Setúbal, e morreu a 21 de dezembro de 1805 , em Lisboa. Aos 16 anos assentou praça na Infantaria de Setúbal, mas, em 1783 , alistou-se na Academia Real da Marinha. Em Lisboa, participou na vida boêmia e literária e começou a ganhar fama devido à sua veia de poeta satírico. Em 1786 embarcou para a Índia, chegando a ser promovido a tenente; em 1789 se aventurou a ir a Macau e, logo no ano seguinte, regressou a Portugal. Em Lisboa encontrou a amada Gestrudes (em poesia Gestúria) casada com o seu irmão. Infeliz no amor, sem carreira e com dificuldades financeiras, dedicou-se à vida boémia e à poesia, e publicou, em 1791 , ...

Pênalti

  O pênalti pode não ser justo, mas é mais justo que o mundo cruel que havia antes de Willie McCrum inventar o castigo máximo. Seu bisneto, o admirável Robert McCrum, escreveu uma breve biografia da família na qual Willie é personagem central. ‘The Penalty Kick: The Story of a Gamechanger’, é o nome do seu ensaio. Como diria Hobbes sobre o estado da natureza que precede o Leviatã, o futebol antes das regras era uma existência pobre, sórdida, brutal e, às vezes, curta. Isso para um jogador ‘normal’, digamos, que saía sempre partido da partida. Para o goleiro, e nas palavras de McCrum, era preciso ter uma vocação de psicopata, ou de masoquista, para aceitar matar, ou morrer. Aliás, antes da Football Association ser criada, na Inglaterra, em 1863 , ‘carregar no goleiro’ era uma tática permitida. ‘Carregar no goleiro’ sem ele ter a bola, entenda. Com a bola, não só era permitido como obrigatório. O goleiro, sabendo disso, reagia em conformidade. É impossível estimar com rigor...