Só haverá paz com reconhecimento do Estado da Palestina
Uma guerra entre o ‘bem’ e o ‘mal’,
que, na verdade, não passa do contínuo método opressivo e discriminatório de
Israel governar os palestinos, em um sistema de apartheid, de extermínio e de
ocupação ilegal de um território, que dura mais de 75 anos, por
causa da ganância da política sionista e colonialista de supremacia israelense.
As forças de ocupação
israelenses sempre submeteram os palestinos a torturas e maus-tratos, além de
nunca terem respeitado as resoluções da própria ONU, que dividiu o território e
as criou.
As leis, as políticas e as
declarações dos principais responsáveis do Estado de Israel, deixam claro que o
objetivo de manter o controle israelense sobre a demografia, o poder político e
a terra, há muito orientam a política governamental.
Na persecução desse objetivo,
as autoridades desapropriaram, confinaram, separaram à força, e subjugaram os
palestinos, em virtude da sua identidade, em vários graus de intensidade. A
grande mídia, controlada pelo sionismo, jamais passa a verdade.
As autoridades facilitaram a
transferência de israelenses para os territórios ocupados, e lhes concederam um
status superior perante a lei, em comparação com o dos palestinos que vivem no
mesmo território. O tratamento é diferente no que diz respeito a direitos
civis, acesso à terra, liberdade de locomoção e de construir, além da concessão
de direitos de residência a parentes próximos.
Resistências pacíficas nunca
surtiram qualquer efeito, e jamais ganharam a atenção da grande mídia. As
injustiças são praticadas antes mesmo da própria criação do Hamas, demonstrando
que o grupo não é a razão da justificativa dada para tantas barbáries que estão
sendo praticadas contra a população civil palestina.
Ataques aéreos recentes,
bloqueio do fornecimento de alimentos, água, combustível, e eletricidade, antes
ainda de uma possível invasão terrestre, ferem todas as leis internacionais,
sendo que a maioria das vítimas são crianças, funcionários da ONU, paramédicos
e jornalistas. Pessoas que são utilizadas como escudo para a justificativa de
ataque ao terror.
Se já não bastasse esse
quadro, hospitais e escolas não são poupados. Muitos menos mesquitas e igrejas.
A própria Igreja Grega
Ortodoxa de São Porfírio, que tem mais de 1000
anos, e sobreviveu a vários Impérios, não
sobreviveu ao terror praticado pelo Estado de Israel. Isso deixa claro que o
conflito é territorial e não religioso, como muitos aqui no Brasil querem
passar. Judeus, cristãos e muçulmanos sempre conviveram em paz antes dessa
ocupação ilegal.
Dentre as leis internacionais
que dispõem sobre os crimes de guerra praticados por Israel e de
lesa-humanidade, podemos elencar as Convenções de Genebra, destinadas a
proteger as vítimas de guerra, e o Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional.
Tais crimes não vêm sendo praticados por Israel apenas agora, mas há mais de 75 anos.
Dentre suas disposições, as normativas supracitadas, incluem:
o homicídio de integrantes do
grupo;
o ofensas graves à integridade
física ou mental de integrantes do grupo;
o sujeição intencional do grupo a
condições de vida, com o objetivo de provocar a sua destruição física, total ou
parcial;
o extermínio, escravidão,
deportação ou transferência forçada de uma população;
o prisão ou outra forma de privação
da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito
internacional;
o tortura;
o agressão sexual; perseguição de
um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos,
raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero;
o desaparecimento forçado de
pessoas;
o crime de apartheid, bem como
outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande
sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física, ou a saúde física ou
mental.
Algo ainda mais hipócrita é a
‘ajuda’ enviada pelos EUA a Israel no valor inicial de US$ 3,8 bilhões,
podendo chegar a US$ 10 bilhões, sem contar os montantes enviados nos anos
anteriores, para mais bombardeios e ataques, fomentando cada vez mais a
indústria bélica.
Se realmente desejassem a
paz, todo esse dinheiro seria utilizado para construção de casas, hospitais,
escolas, dando dignidade a um povo que é massacrado há décadas. Em vez disso,
demonstram que o verdadeiro objetivo é manter o conflito. Sempre com alegações
infundadas de que os palestinos praticam o terror e, a cada ano que passa, mais
territórios vêm sendo anexados na Cisjordânia.
Para que ocorra o fim do
conflito, devem ser desmanteladas todas as formas de dominação e opressão, que
privilegiam os israelenses e reprimem sistematicamente os palestinos, além de
acabar com a perseguição a estes.
As autoridades internacionais
competentes devem pôr fim a essas políticas e práticas discriminatórias –no que
diz respeito aos direitos de cidadania e de residência do povo palestino, aos
seus direitos civis, à liberdade de circulação, à atribuição de terras e
recursos, ao acesso à água, à eletricidade e a outros serviços, e à concessão
de licenças de construção.
Deve haver um verdadeiro
Estado palestino soberano e de direito, bem como o cumprimento das resoluções
da ONU
assumidas por Israel.
Assim, aguardamos a
manifestação do mundo e das pessoas de bem para que percebam e se posicionem
contra essas atrocidades, e esses atos bárbaros de limpeza étnica.
Sem equidade e justiça,
jamais haverá paz.
Fonte: Girrad Sammour - Girrad
Mahmoud Sammour, 43 anos, é advogado pelo
Unifeb (Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos) e pós-graduado em processo civil pela Unisul (Universidade
do Sul de Santa Catarina). É presidente da Anaji
(Associação Nacional de Juristas Islâmicos),
e professor divulgador do Ilaei (Instituto Latino-Americano de Estudos
Islâmicos) | Poder 360
(JA, Out23)