Moro em um condomínio de casas no litoral Norte de São Paulo. São centenas de casas que ficam desocupadas a maior parte do ano. São frequentadas para lazer, normalmente, em fins de semana, feriados, férias. Por conta disso, o ambiente, de modo geral, é silencioso e tranquilo.
Meus contatos basicamente se
restringem ao pessoal que trabalha no local: seguranças, diaristas de trabalho
doméstico, operários de obras, entregadores, vendedores de Supermercado,
Padaria...
Sinto falta de maior contato
com pessoas que têm a ver comigo, como tinha na época que trabalhava. Analisando esse sentimento cheguei à
conclusão que o que sinto é solitude.
Solitude representa um estado
em que a pessoa está sozinha ou isolada, porém não está sentido a solidão.
Como, por exemplo, quando assiste a filmes online em casa, sem mais ninguém.
Uma pessoa na condição de
solitude pode viver bem, mesmo sem o contato de outros indivíduos. O importante
é conseguir se sentir confortável com a ideia de passar um tempo sozinho, olhar
um pouco para si mesmo, sem angústia ou ansiedade. Chego até a sentir gratidão
por usufruir esses momentos. É como ter uma oportunidade de se autoavaliar, de
se conhecer melhor.
Entretanto, considerando que essa condição não é opcional, é compulsória, e que muitas vezes apreciaria ter maior contato com outras pessoas, às vezes me sinto desconfortável e mesmo angustiado. O sentimento, nesses momentos, deixa de ser solitude, e passa a ser solidão.
A solidão, embora desconfortável, é um
sentimento natural. Ele faz parte de nossa experiência como seres humanos.
Porém, quando o sentimento de
solidão dura por muito tempo, pode trazer danos sérios ao nosso organismo.
E isso, por sua vez, serve de porta de entrada para problemas de saúde.
No geral, essa solidão estará
ligada a outras emoções e condições, como tristeza, cansaço e desânimo.
Alguns dos transtornos ou
problemas de saúde que podem ser desencadeados por um sentimento prolongado de
solidão são:
- Imunidade baixa
- Desequilíbrio hormonal
- Estresse
- Ansiedade
- Depressão
- Insônia.
Fui procurar formas de combater a solidão, e encontrei as seguintes recomendações da Clínica de Psicologia Eurekka:
1.
Evite o isolamento
Não ter uma pessoa amada não o impede de sair. Trate-se como se estivesse em um relacionamento consigo mesmo – saia para um encontro. Só. Pode parecer estranho no início, ainda mais se você estiver preocupado com o que as outras pessoas vão pensar, mas com o tempo você vai perceber que é uma das experiências mais libertadoras.
2.
Tente entender a causa
do isolamento
Os fatores que contribuem para a solidão incluem variáveis situacionais, como isolamento físico, mudança para um novo local, e divórcio. Ademais, o luto por alguém importante na vida de uma pessoa também pode levar a sentimentos de solidão. Além disso, pode ser um sintoma de um distúrbio psicológico, como a depressão.
A solidão também pode ter fatores internos, como baixa autoestima. Pessoas que não têm confiança em si mesmas muitas vezes acreditam que não merecem a atenção ou consideração de outras pessoas. Isso pode levar ao isolamento e à solidão crônica. Reconheça que a solidão é um sinal de que algo precisa mudar.
3.
Aprecie a sua própria
companhia
Desde o dia em que você nasce até o dia em que você morre, a única pessoa que sempre estará com você nos momentos de perigo e doença é você mesmo. E se você não se ama, vai passar o resto de sua vida se afogando em sua própria toxicidade.
Se você não se ama e se considera indigno de ser amado, você se permite aceitar muito menos do que merece. Você permite que as pessoas o tratem mal, pois não percebe que merece coisa melhor. Então, seja seu próprio melhor amigo. Cuide de sua saúde mental e bem-estar.
Aproxime-se de si mesmo com graça e gentileza. Uma vez que aprendemos a estar bem conosco, entramos nessa mentalidade de ‘antes só do que mal acompanhado’. Você não precisa de ninguém para validar ou completar você. Depois que você aprende a ficar sozinho, você para de andar com pessoas que não apreciam o que você traz para a mesa.
4.
Procure interações de
qualidade
Os especialistas acreditam que não é o tanto de interação social que combate a solidão, mas a qualidade.
Ter só três ou quatro amigos íntimos é o suficiente para afastar a solidão, e reduzir as consequências negativas para a saúde associadas a esse estado de espírito.
5.
Escreva
Tornar-se seu melhor amigo é entrar em sintonia consigo mesmo, estar ciente de seus gatilhos, comportamentos, gostos, aversões, medos, motivos, necessidades, desejos e sonhos. Ache o que você quer, quem você é, o que o motiva, o que o impede. Fale consigo mesmo, escreva um diário, medite, pense em voz alta, escreva, faça o que for necessário para se apoiar em si mesmo, mergulhe nas profundezas do que o faz descobrir os tesouros enterrados dentro de você.
Você nem sempre encontrará tesouros, às vezes encontrará caranguejos e ervas venenosas – as coisas de que não gosta em você. E isso também é uma coisa boa. Encontrar o que está faltando, onde você está errado, é o primeiro passo para consertar. Isso o impulsionará para o mundo do autoaperfeiçoamento, do desenvolvimento pessoal, do trabalho sobre você mesmo.
6.
Tenha hobbies
Talvez você esteja procrastinando em ir à academia pois odeia malhar em um espaço apertado com tantas pessoas assistindo. Talvez você não esteja trabalhando em seu livro pois tem medo do que os outros vão pensar dele.
Então, cuide das áreas de sua vida que
você precisa trabalhar. Algumas dicas:
- faça cursos online,
- assista a vídeos no Youtube,
- leia blogs e livros,
- ouça podcasts.
Além disso, crie hábitos melhores, crie seus próprios rituais diários, aprenda habilidades de gerenciamento de tempo, e dê um passo em direção à construção de um estilo de vida mais feliz e saudável.
7.
Faça terapia
Um dos métodos mais eficazes para combater a solidão é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Ela pode te ajudar a entender melhor como suas suposições e comportamento podem estar trabalhando contra o seu desejo de se conectar com outras pessoas.
8.
Avalie suas amizades
Busque pessoas que compartilhem com você atitudes, interesses e valores, semelhantes.
9.
Viva novas experiências
Vá lá fora. Tente novas aventuras, leia livros diferentes, conheça novas pessoas; adote hobbies incomuns, visite lugares inexplorados. Tentar coisas novas nem sempre quer dizer fazer bungee jumping ou mergulho (embora isso também seja ótimo!). Fazer mudanças simples em seu estilo de vida atual podem trazer mais alegria e realização em sua vida.
Portanto, se você não gosta de ir à academia, experimente yoga, corrida, ciclismo, escalada, caminhada – há uma infinidade de opções. Além disso, se você não está motivado o suficiente para escrever um livro, tente começar um blog. Se você não está feliz com sua aparência, estilize seu cabelo de forma diferente, tente diferentes cores de roupas, padrões e combinações, use acessórios peculiares – Experimente.
10. Invista
na sua autoestima e autoconhecimento
Conecte-se consigo mesmo. Se você é solteiro, espere, invista em si mesmo, aprenda a desfrutar da sua própria companhia antes de começar a namorar alguém.
Portanto, encarar de verdade sua parte sombria quer dizer cultivar a autoaceitação e o amor-próprio. Do contrário, nós nos julgamos e nos criticamos até o ponto da dor insuportável. Isso só pode ser prejudicial, pois só nos fará mascarar ainda mais e fugir da autodescoberta.
Muitas pessoas recorrem à meditação, espiritualidade ou terapias alternativas, como a cura holística, a fim de cultivar a autoaceitação e o amor.
Mesmo se apenas dissermos a nós mesmos ‘Eu me permito sentir assim. Não sou diferente – nem melhor nem pior – do que ninguém’, podemos começar a deixar nossas emoções seguirem seu curso natural.
Por fim, preste atenção como você fala consigo mesmo – as palavras, a voz, o tom. Certifique-se de que seja caloroso e amigável. Trabalhe com alguns exercícios de autoconsciência, como instruções de registro no diário, ou meditações guiadas, para começar a ver seus padrões de pensamento, e aprender como canalizá-los de forma criativa.
‘Ficar sozinho sem meta, objetivo, não é fácil’.
(JA, Jul23)