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Alienação Histórica

 

Nossas lembranças, o que vivemos, sofremos, curtimos, aprendemos,..., formam um conjunto único, que resulta naquilo que somos.

Tudo tem validade, independentemente do tempo passado, das nossas experiências posteriores, mudanças pensamento, etc. Tudo foi genuíno na época em que ocorreu, e,  como tal, teve e tem  importância.

Vivemos numa época de revisionismos – tal livro minimiza determinada raça; tal teoria é colonialista, ofensiva; essa figura era escravocrata;  etc.  Pode até ser. Entretanto, na época em que foram criados ou existiram, representavam a maneira de pensar da sociedade de então, e tiveram seu valor.  O que mudou? Nossa sociedade evoluiu, certamente, mas está se auto enganando, quem procura racionalizar, ignorar, teorias e atitudes históricas, que hoje não estão alinhadas ao padrão comportamental vigente. .

A eugenização da nossa história, escolhendo o que pode ficar, e o que não, é irreal, mentirosa. 

Um amigo que falhou na hora em que você mais precisou; um amor que por isso ou por aquilo se desfez; alguém que te enganou, ou causou prejuízo, causou mágoa;... Todos fazem parte, inexoravelmente, da nossa vida.  Não há como apagar, eliminar, o que foi ruim, para nos sentirmos melhor.

Suprimindo tais memórias, nos tornamos seres incompletos. Perdemos a experiência adquirida, deixamos de valorizar/depreciar conhecimentos, fatos, coisas, e pessoas.

Somos o que vivemos, com os erros e acertos; com o que nos fez feliz e com o que doeu. Só nos aprimoramos revendo o que foi doloroso, e o que nos causou alegria. Só é possível viver sendo inteiro, e não removendo o passado que machuca, porque, sem ele, não somos nós.

O mesmo se dá com a história da humanidade. Tirando a colonização, tiramos toda a história que se seguiu; tirando a escravidão, apagamos todos os que dela descendem, e as ignomínias praticadas contra aqueles seres humanos. Apagando Nazismo, Fascismo, o Comunismo, e tudo o que esses movimentos representaram ou representam, caímos no risco de cometer os mesmos erros, tantos e tão bárbaros.

Um mundo sem memória não é só triste - como uma pessoa com Alzheimer, que muitos de nós já tivemos a oportunidade conhecer/conviver. É um mundo perigoso, sem evolução, fragmentado, enfim, um mundo artificial.

Infelizmente, considerando o moralismo excludente que vem tomando conta de nossa sociedade, se não tivermos atitude para impedir a alienação de alguns fatos e figuras da nossa história, hoje considerados impróprios, provavelmente será num mundo assim - limitante e artificial, que viverão nossos filhos e seus descendentes.

 

(JA, Set20)

 


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