Três graves
acontecimentos foram notícia no Brasil, esta semana, mostrando claramente o
nosso abismo civilizatório e inquietante situação de completa destruição do
tecido social brasileiro.
¨ Um Papai Noel foi apedrejado em um bairro de classe
baixa, pois seus doces acabaram. A criançada resolveu ‘punir’ o bom velhinho,
um homem que até tempos atrás era visto como um benfeitor - tanto por crianças
pobres quanto ricas.
¨
Em um jogo de futebol - a paixão nacional - no
Maracanã, torcedores protagonizaram cenas de selvageria explícita. O local se
tornou uma praça de guerra. A internet nos mostrou, ainda, cenas inacreditáveis
de uma horda furiosa de bandidos/torcedores que descaradamente roubavam os
pobres vendedores ambulantes do entorno.
¨
Numa cidadezinha do Rio Grande do Sul, criminosos
invadiram o fórum da cidade para libertar outro marginal que estava sendo
ouvido e, para tanto, matariam a juíza do processo. Por extrema sorte e
proteção divina, um policial armado conseguiu salvar a vida da magistrada - que
aos berros não entendia o que se passava.
Em todos os
casos, a questão civilizatória é o cerne do problema. O brasileiro do atual
progressista Brasil se tornou um primitivo em questões de convívio e respeito
social. Tenho notado a mudança absurda do comportamento dos meus compatriotas.
Foi um processo relativamente rápido. O degradante fenômeno é observado em
todas as classes sociais e em todos os ambientes: de escolas até mesmo numa
simples fila de um banco qualquer. Em pouco mais de duas décadas, o país
tornou-se um lugar rude, bem mais rude do que era. Um povo cheio de direitos e
isento de obrigações ético-morais.
No novo
Brasil, forjado pelos valores marxistas, a cordialidade deu lugar ao primitivo.
Uma sociedade que não tinha atingido um estágio civilizatório pleno regrediu
para se tornar uma sociedade sem limites, freios ou a mínima noção de
civilidade. A família deixou de ser o investimento básico da nação e tentam
substituí-la por arranjos doentios e degenerados, em nome do moderno e do
famigerado ‘mundo melhor’, mais tolerante.
Os reflexos e
impactos desta nefasta mudança de comportamento e do tecido social
desestruturado apontam para uma séria e importante regressão civil. Isto custará
ainda mais caro ao nosso atraso enquanto nação. O número assustador de crimes
no país é uma consequência direta dos novos conceitos sociais - todos eles
invertidos na essência -, adotados pelos brasileiros, ou boa parte deles.
Um país que
apresenta todos os cacoetes de uma ideologia ressentida, deletéria, que
substitui valores e princípios indispensáveis à uma sociedade minimamente
civilizada, por relativismo moral e ético - onde tudo é permitido. Lugar onde a
culpa e os escrúpulos foram abolidos em nome de qualquer tratado ordinário que
beneficia o erro sem punição ou consequência. Cidadãos e bandidos passaram a
ter o mesmo status social, assim devidamente reconhecidos pelo Estado e suas
instituições.
A convivência,
relativamente, pacífica de outrora deu lugar aos mais primitivos e selvagens
instintos dos cidadãos: que cheios de si e transbordando segurança, não mais
respeitam pessoas, normas ou fundações oficiais.
O episódio do
ataque ao fórum da cidade gaúcha deixa claro que nem mesmo os bandidos têm mais
qualquer tipo de barreira. Não há lei, não há justiça, ninguém merece respeito.
Que sirva de lição para os membros do Poder Judiciário, que tanto ajudaram a
modelar esta nova e desestruturada sociedade.
Por fim, resta
dizer que estamos em apuros. O Brasil ruma à barbárie. É prematuro alimentar-se
de qualquer otimismo. Não sabemos se conseguiremos reverter este processo ou
perderemos nosso país, definitivamente, para o crime e para a total ausência de
evolução civilizatória.
O futuro do
Brasil é deveras preocupante.
Texto:
Cláudia Wild
(JA, Dez17)