O país em que Luisa vive, o
Brasil, está, já há algum tempo, em
crise: desemprego,
inflação subindo de forma recorrente, instituições públicas desacreditadas, instituições privadas evitando investir mais dinheiro. Ninguém consegue vislumbrar um bom final - pelo menos a curto e médio prazo. Ela é uma jovem com cerca de 25 anos, com curso superior, especializações, fala mais de um idioma – enfim é alguém que está preparada e que, normalmente, interessaria ao mercado. Entretanto, mesmo assim, muitos de seus colegas perderam o emprego e não estão conseguindo se recolocar. Ela está receosa, preocupada, antecipando a possibilidade de que algum desdobramento possa colocá-la numa posição vulnerável.
inflação subindo de forma recorrente, instituições públicas desacreditadas, instituições privadas evitando investir mais dinheiro. Ninguém consegue vislumbrar um bom final - pelo menos a curto e médio prazo. Ela é uma jovem com cerca de 25 anos, com curso superior, especializações, fala mais de um idioma – enfim é alguém que está preparada e que, normalmente, interessaria ao mercado. Entretanto, mesmo assim, muitos de seus colegas perderam o emprego e não estão conseguindo se recolocar. Ela está receosa, preocupada, antecipando a possibilidade de que algum desdobramento possa colocá-la numa posição vulnerável.
Além disso, a cidade onde mora, São
Paulo, está paralisada por um trânsito insuportável; o bairro onde vive, tem
assaltos com frequência; as áreas públicas estão deterioradas, pichadas; ....
Ouviu que muitas pessoas, de todas as
idades e setores sociais, estão querendo sair do país. Jovens casais planejando
estudar no Canadá, artistas querendo morar em Lisboa, empresários pensando nos
EUA,.... Esses paises/cidades oferecem luxos impensáveis, segurança para andar nas
ruas a qualquer hora, possibilidade de fazer planejamento a longo prazo, ..
A raiz do desencanto em massa é a
exaustão com as crises cíclicas no pais. Há desencanto com o hoje e, pior, falta de esperança no amanhã.
Por ocasião das suas férias, ela
resolveu sair do Brasil e sentir pessoalmente como seria morar no
exterior. E foi o que fez.
Chegou no EUA. Instalou-se num
pequeno apartamento que havia alugado, e procurou se relacionar com as pessoas
com as quais tinha contato. Estranhou muito, especialmente quando a chamavam
pelo último nome – como é costume lá. Sentia falta de pessoas descontraídas,
alegres, amigáveis... Não! Tudo e todos, são sempre sempre muito profissionais e
objetivos. Nada da sua história interessava para eles, mesmos aquelas que ela
guardava como uma recordação muito especial, nostálgica. Para eles, ela não era
ninguém, e se comportavam como se a convivência, fosse apenas uma obrigação.
Refletindo à noite, no escuro do seu
quarto, concluiu que, onde estava, tudo era ótimo; mas ela não se sentia bem.
No seu pais, não estava nada ótimo; mas ela se sentia bem lá. Havia algo dentro de si, da sua alma, que a levava desejar permanecer, não abandonar a sua história. Não conseguia imaginar
a sua vida sem a sua família, seus amigos. Concluiu que eles eram quem, no
finalmente, a definiam como individuo, como pessoa - davam sentido à sua
existência..
Lá fora ela sempre seria ninguém, ao
contrário do que acontece no Brasil, onde carrega uma história que é conhecida
e respeitada por muita gente. Sentia que aqui teria mais oportunidades,
independentemente das circunstâncias atuais, de fazer mais do que já fez, e de
se realizar, como profissional, como ser humano.
O momento atual brasileiro é
desesperador. Porém, por outro lado, a gravidade da situação mostra que, como
na Revolução Francesa, provavelmente se chegou a um ponto limite, onde as pessoas não aceitam
passivamente o que antes aceitavam. Talvez, este seja apenas o momento da
virada, o momento em que a noite vira dia, quando o sol da esperança está
apenas aguardando para entrar, iluminar
a nossa vida.
Voltou para o Brasil e resolveu
ficar, pagar para ver o que iria
acontecer.
Passaram-se 20 os anos. Hoje Luisa
está casada, tem dois filhos que estão cursando uma faculdade, e constituiu um
patrimônio razoável junto com seu marido. Olhando para a sua própria situação e
a do país, não se arrepende por não ter saído, se arriscado lá atrás. Viveu bem,
as coisas foram se acertando, naturalmente. É claro que o país não é nenhuma
maravilha; porém está muito melhor do que era. As instituições públicas se
renovaram, assumiram e cumpriram melhor suas atribuições atendendo as
expectativas e necessidades do povo. Tudo isso só foi possível pela criação de
controles mais efetivos - que reduziram a corrupção; eliminação dos empregos e
cargos públicos desnecessários; redução dos impostos - possível pelo aumento da
quantidade de pessoas empregadas, maior produção, maior consumo; menos burocracia; privatização das empresas estatais; liberação do mercado; e implantação de uma
gestão pública profissional, em todos os níveis.
Os investidores voltaram a investir,
o povo passou a ter uma maior possibilidade de ascensão social por conta das
facilidades criadas para estimular o estudo em todos os níveis; disponibilidade
de emprego para todos; produtos básicos e assistência médica de qualidade, a um preço justo; planos de
aposentadoria que garantem uma velhice com a manutenção do padrão de vida que
as pessoas tinham quando trabalhavam,...
Enfim, não se poderia almejar mais do que isso, por enquanto. Afinal, o Brasil a partir de um certo momento, obedecendo a um plano estratégico, passou a se relacionar prioritariamente, com países mais estruturados do que ele - países que carregam historicamente uma cultura muito mais antiga e tradicional -, com condições de investir, de compartilhar tecnologia, consumir, importar mais, e pagar bem.
Enfim, não se poderia almejar mais do que isso, por enquanto. Afinal, o Brasil a partir de um certo momento, obedecendo a um plano estratégico, passou a se relacionar prioritariamente, com países mais estruturados do que ele - países que carregam historicamente uma cultura muito mais antiga e tradicional -, com condições de investir, de compartilhar tecnologia, consumir, importar mais, e pagar bem.
Tudo é possível, quando há:
◇ Vontade, boas intenções e capacidade.
◇ Definição realista e abrangente do problema, e das melhores opções para solução.
E, principalmente, quando todo um povo se conscientiza da necessidade da mudança, se organiza e se dedica a realizar uma proposta comum, um sonho.
◇ Vontade, boas intenções e capacidade.
◇ Definição realista e abrangente do problema, e das melhores opções para solução.
E, principalmente, quando todo um povo se conscientiza da necessidade da mudança, se organiza e se dedica a realizar uma proposta comum, um sonho.
(JA, Jul15)