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Amazônia Brasileira


No dia 10 de agosto de 1823, o capitão tenente inglês John Pascoe Greenfell chegou a Belém do Pará, no comando do navio de guerra Maranhão, e anunciou que, há quase um ano, Dom Pedro I proclamara a Independência do Brasil, com apoio da Inglaterra. Afirmou não esperar nenhuma oposição. 

Mapa do Brasil, em destaque a Província do 'Grão Pará' 

Ocorre que a capital do Grão Pará, província que incluía os atuais Maranhão, Pará, Amazonas, Mato Grosso, Roraima e Piauí desde 1751, por ato do soberano português, mantinha ligações estreitas com Lisboa.

O Grão-Pará constituía um outro país, desde a dinastia filipina, por decisão de Filipe III, no período conhecido como união ibérica. Dois países amigos. Um seria o Grão Pará, cuja primeira capital foi São Luís; e o outro, o Brasil, cuja capital era Salvador. Disposição de fazer o Brasil e Grão Pará se tornar um país só era novidade na época.

A viagem de navio a vela de Belém a Lisboa levava cerca de vinte dias. Até o Rio de Janeiro exigia cerca de dois meses. A Independência na Amazônia ocorreu em agosto de 1823, em ambiente pesado. O pessoal do norte queria permanecer ligado a Portugal. Sob ameaça de bombardeio, os paraenses aderiram ao Brasil independente.

O sentimento nacionalista português se disseminou na região por causa da decisão do Marquês de Pombal de criar a província do Grão Pará, em 1757, e designar seu irmão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, para governar aquela vasta região.

A construção do forte do Presépio, em 1621, que daria origem a cidade de Santa Maria de Belém do Pará, foi ato de defesa contra os ataques franceses, que reivindicavam toda a área entre o Maranhão e a Guiana Francesa.

O novo ciclo tinha por objetivo colonizar o interior, criar fortes e cidades, movimento que proporcionou a criação da Capitania do Rio Negro e sua capital, Barcelos. Manaus surgiu depois da fundação do forte da Barra, onde o rio Negro se encontra com o Amazonas.

O Brasil é um país enorme, e sua história convive com visões diversas, e até antagônicas. Foi descoberto por Pedro Álvares Cabral no ano de 1500. Estudiosos afirmam que Vicente Yanes Pinzon encontrou a Amazônia, em 1502, durante a terceira viagem de Colombo a América, quando batizou o Rio Amazonas de Mar Dulce.

D. Pedro II fez várias viagens nacionais e internacionais. Esteve na Europa, nos Estados Unidos, e foi até a Terra Santa, passando pelo Egito. Jamais colocou seus pés na Amazônia.

A região foi atacada por franceses, ingleses, espanhóis, alemães, holandeses e, mais recentemente, por norte-americanos. Pagou caro pelo atrevimento de reagir contra a Independência, e tentar ficar no lado português.

O Brasil independente virou as costas para o norte. Desenvolveu o centro-sul, e deixou a Amazônia à deriva. Houve geração de riqueza no fugaz momento da borracha.

O Brasil nunca deu muita bola para a Amazônia. Henry Wickman embarcou em Santarém, em 1876, no SS Amazonas que fazia a linha Liverpool-Manaus. Levou sementes de seringueira para a Inglaterra, de onde foram transferidas para a Malásia. A consequência foi a falência da produção nacional de látex, nos primeiros anos do século vinte.

Depois veio o abandono. O Brasil se ligou ao norte apenas em 1960, quando JK inaugurou a rodovia Belém-Brasília, com mais de dois mil quilômetros de extensão. Até então, o brasileiro só chegava a Belém de navio ou de avião.

Depois os governos militares decidiram recuperar o tempo perdido. E iniciaram um período de obras para integrar a área ao governo do Brasil. Naturalmente, os antigos frequentadores da região, europeus de modo geral, protestaram em nome da defesa do meio ambiente. O índio figura como porta estandarte na manifestação de protesto, emocionando europeus e norte-americanos.

A questão de hoje, na Amazônia, é afirmar a presença brasileira de maneira civilizada. Ou seja, tornar evidente o respeito ao meio ambiente, e a proteção da vida dos indígenas.

Não há como esconder, escamotear, nem falsear sobre o que ocorre naquela imensa região - metade do território nacional. Satélites civis ou militares, de diversas nacionalidades, vigiam o espaço aéreo e terrestre nas 24 horas do dia. Tudo é exposto à curiosidade pública internacional. É impossível impedir que nacionais e estrangeiros saibam o que ocorre lá.

Hoje, os tempos digitais exigem respostas no elevado nível do desafio. Somente a empresa do empresário Elon Musk está em processo de lançar 122 satélites para prover, até 2021, internet de alta velocidade em qualquer ponto do planeta. Inclusive na Amazônia.

A proteção da floresta úmida requer forte ação de relações públicas, imprensa, e tecnologia de ponta.

Tentar criar narrativa própria poderá prejudicar ainda mais a já problemática imagem do Brasil no estrangeiro, e produzir novos e maiores obstáculos para o comércio exterior do país. 


Amazônia Brasileira e a Amazônia Internacional 


O ataque biocida deste governo ao meio ambiente dispensa equipamentos de guerra. Basta cruzar os braços e liberar os exércitos de vândalos da floresta. Os incêndios criminosos expandiram seu raio de ação. Agora, devoram também o Pantanal e chegam ao Cerrado. Welington Silva, servidor do ICMBio, morreu tentando combater as chamas. Mártir do abandono dos órgãos de proteção. 


 Site do INPE - Desmatamento acumulado (em amarelo) na Amazônia

Atualmente, o fogo é apenas o sintoma mais visível da devastação que come a floresta por dentro. Uma nova corrida do ouro lançou hordas de garimpeiros com suas máquinas e seus venenos em terras indígenas e unidades de conservação. A indiferença deixou o coronavírus penetrar nas aldeias para executar um projeto de extinção em massa. A recente morte do indigenista Rieli Franciscato, em Rondônia, se inscreve nos contornos desta tragédia humanitária. A flechada em seu coração simboliza um ato de defesa de povos isolados cada vez mais acossados por invasores. 


Rudimentares balsas de garimpo aspiram com mangueira o fundo do rio, em busca de ouro 


A Amazônia é a maior fronteira de recursos naturais do mundo e abriga incalculável patrimônio genético ainda desconhecido. É fator essencial de regulação climática. Nossa dádiva não pode virar maldição. Temos que reagir às invasões bárbaras.




Fonte: André Gustavo Stumpf   |  Cristina Serra – FSP


(JA, Set20)

 

 


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