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Palco da Vida


L. quando jovem foi cantora, dançarina.  Era uma mulher linda, de chamar a atenção. Além disso, era comunicativa, alegre por natureza, inteligente. Não demorou muito foi convidada para ser modelo de um estilista conhecido. Seu físico não era aquele mais comum entre as modelos da época. Tinha um corpo bem modelado, exuberante; não era magra, nem tão alta.
Começou a participar de programas de TV onde passava sua alegria e sensualidade contagiantes. Ambiciosa, procurava se relacionar com pessoas que poderiam ajudá-la na sua escalada social e artística.   Começou a cantar e gravou alguns discos que, até hoje,  venderam cerca de doze milhões de cópias. Na sequência, foi convidada a participar de vários filmes, onde exploraram mais o seu corpo do que suas qualidades como atriz. Finalmente, consagrou-se profissionalmente, seu nome ficou conhecido tanto no seu pais como fora dele, e passou a contratada mediante altos salários.
Entretanto, como é normal, o tempo foi passando, seu corpo envelhecendo, e as oportunidades de trabalho - a maior parte dependentes da sua aparência -, foram rareando. Para reverter o processo, fez inúmeras operações plásticas - muitas delas mau sucedidas. No finalmente, o resultado foi pior do que se não tivesse feito nada, deixado a natureza seguir o seu curso normal.
Foi casada e se separou  inúmeras vezes. Após sua última separação,  chegou à conclusão de que sua vida, embora extraordinária em muitos aspectos em relação à maioria das pessoas, não era real.  Vivia representando, fazendo um papel que esperavam que fizesse. Preocupava-se em realizar, em conquistar, não o que era mais importante para sua felicidade pessoal, mas para atender às expectativas do seu público. E esse público a via apenas como uma personagem, ignorando o ser humano que ela era. Entrou em depressão. Só foi se recompor tempos depois, quando chegou à conclusão de que precisava reagir, se reencontrar. E foi o que fez.
Começou a questionar todas as suas opções de realização, e a priorizar o que de fato viria atender, preencher, suas necessidades verdadeiras, neste momento da sua vida.  Surpreendeu-se quando percebeu que, durante quase toda a sua existência, as coisas que realmente importavam estiveram sempre à sua disposição, mas ela nunca havia percebido, valorizado.
Por outro lado, as coisas menos importantes, - que antes ela  considerava as mais importantes para o seu sucesso, para a sua carreira -, eram as mais difíceis de conquistar. E, ironicamente veio constatar agora, acabaram por não levá-la a lugar algum.
 Foi morar fora do país, pois se conscientizou que precisava se afastar para conseguir  retomar sua vida pessoal, cuidar dos seus filhos e dela mesmo. Lá conheceu e acabou se casando com um homem que, inicialmente, não sabia do seu passado, da sua história. Hoje, tem uma vida confortável e regular e, mesmo sem a excitação e as emoções do passado, sem aquela aparência extraordinária, sente-se realizada, feliz.  Ela dedica um carinho muito especial ao seu marido, e um quase maternal àquela personagem que viveu a maior parte da sua vida. Não a despreza ou a renega. Agora, entende melhor as motivações que a levaram a viver como viveu, e a aceita tranquilamente, sem remorsos. Percebeu que o aconteceu por trás do sucesso foi, na verdade, uma incessante busca pelo amor.
Ainda é considerada uma artista do povo, muito querida e, sempre que tem oportunidade, atende, dá uma satisfação para seus fãs, que ainda existem e a procuram. Ainda tem uma  intensidade muito grande, e não é indiferente a ninguém; com todo mundo mantém uma postura muito positiva. Ninguém fica indiferente a ela;  é uma mulher que é amada ou odiada.
Agora, está colaborando com um escritor, seu admirador, que está escrevendo sua biografia.  Entusiasmou-se com a ideia porque sentiu que essa será  uma ótima oportunidade para mostrar, dentro da perspectiva que só o tempo pode dar, a personagem, o mito, e o ser humano que ela foi, se tornou.

"Lutar, procurar, encontrar. Não desistir."



(JA, Mar15)

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