Ela sempre foi muito bem sucedida pessoal,
profissional e socialmente. Tinha um
ótimo emprego, era respeitada, muitos amigos etc. Conseguiu organizar sua vida
de tal forma que as coisas fluíam sem grande esforço, naturalmente. Ela era autoconfiante e imaginava que seria
sempre assim.
Num determinado dia, por razões
estruturais na empresa onde ela trabalhava, foi despedida, apesar de tudo que havia realizado, da sua experiência e competência. Recebeu nessa oportunidade um bom bônus suficiente
para se manter durante o período de transição.
Começou a procurar recolocação na sua
rede de contatos, fez algumas entrevistas, mas nada se concretizava. Com o
passar do tempo, tendo esgotado a lista de pessoas que provavelmente poderiam ajudá-la,
começou a ficar preocupada. Mas, mesmo então, não perdia a esperança. Tudo iria
dar certo no finalmente!
Teve um pensamento preocupante: talvez, o fato de não estar conseguindo, fosse por ela ser o que era, ou que acreditava ser.
Começou a rever o que aconteceu em
cada entrevista e percebeu uma característica comum a todas: 'Sempre
se mostrou segura, tranquila. Sabia o que deveria ser feito e como'. Concluiu
que, indevidamente, possa ter tratado todas as pessoas que a
entrevistaram como um colega de trabalho, ou como alguém que precisasse de orientação,
conselhos. Pode ser que tenha projetado para o entrevistador ser alguém com opiniões muito consolidadas, difícil de controlar, e que, provavelmente, iria causar problemas lá na frente. E então, concluíam: ‘Melhor não arriscar!’
Como suas entrevistas eram feitas com os
próprios proprietários do negócio ou diretores da empresa, teve a humildade de
concluir que sua atitude e falas nessa hora deveriam ser
revistas para conseguir o resultado esperado.
Começou a definir como seria a
apresentação ideal, e listou os seguintes pontos:
- Nesse encontro procurar ser agradável, simpática, fazendo contato visual, demonstrando entusiasmo.
- Não informar o que espera ou poderá oferecer para o empregador. Inicialmente, procurar saber, entender tudo sobre a oportunidade de trabalho que lhe está sendo proposta. Eventualmente ela não virá atender às suas expectativas. E, além disso, essas informações poderão ajudá-la a incluir ou a excluir eventuais falas, para estimular a decisão positiva do entrevistador.
- Tentar se destacar – pelas suas roupas, acessórios, por um fato incomum na sua educação ou carreira, um projeto bem sucedido, uma venda enorme que você fez,... O importante é que, quando sair dali, seja lembrada positivamente, e se destaque entre todos os outros demais candidatos.
- Ser positiva em tudo que você disser – jamais fale mal da antiga empresa, empregador, colegas de trabalho, clientes. As coisas negativas são as marcam mais e, certamente, você não quer ser lembrada assim.
- Fazer muitas perguntas sobre ‘seu novo’ emprego: o que esperam que você realize logo no início; o que pode e deve fazer para obter os resultados esperados; como será avaliada. Essas coisas são importantes pois dará oportunidade ao empregador de concluir que você é uma boa opção para ele, para o seu negócio.
- Guardar todas as suas perguntas sobre política de férias, benefícios, horário de almoço, como a empresa reage a atrasos, disponibilização de creche,..., para depois. Antes disso, o empregador precisa ter certeza de que você é a pessoa certa para o trabalho, que conseguirá desempenhar as tarefas, e cumprir as responsabilidades e deveres inerentes à função ou cargo.
- Levar e apresentar na entrevista um projeto seu, que tenha sido implantado, e que demonstre sua habilidade para tratar de assuntos que venham ao encontro da necessidade imediata do empregador (que você já deve ter descoberto previamente). Os projetos falam por si mesmo, e comprovam a sua capacidade.
- Ao fim da entrevista, se precisar de mais alguma informação antes de tomar sua decisão, pedir. Se tudo bem, demonstrar que quer a vaga, esclarecendo quais são suas motivações, porque seria bom ser contratada, e, finalmente: ‘Pedir o emprego!’
- Antes de encerrar a entrevista, dizer que gostou de conhecê-lo (o entrevistador), e agradecer pela oportunidade. Tudo de forma natural, de acordo com a cultura da empresa, que você captou, após, ouvir e observar atentamente tudo o que foi dito e sugerido durante a entrevista.
Depois dessa reflexão, passou a agir
assim nas entrevistas que conseguiu agendar. Percebeu que essa nova postura
era muito mais eficaz do que a anterior. Pouco a pouco, foi se
sentindo mais segura e conseguindo cumprir esses pontos naturalmente. Em pouco
tempo, conseguiu encontrar o emprego que precisava, e que tinha condições de atender.
A grande lição que tirou é que, no
passado, adotava a tendência comum de reagir de acordo com sua formação,
cultura, experiência, e interesses imediatos. Se conscientizou de que, para ser bem
sucedida, é fundamental superar o ego, e se colocar na posição do
outro, ver as coisas do seu ponto de vista e interesses, principalmente se
necessitar dele para atingir o seu objetivo.
“Se há algum segredo no sucesso, consiste na habilidade de aprender o ponto de vista do outro, e de ver as coisas tão bem pelo ângulo dele como pelo seu.” Henry Ford
(JA, Ago14)