Cada pessoa é como uma ilha. Com suas características, recursos, limites. Com tudo isso reunido, fica distanciada das demais pelo oceano de diferenças que cerca cada uma.
Entretanto,
uma ilha não pode ser independente uma vez que necessita ter acesso a coisas
que não dispõe internamente. Então, as
ilhas estabelecem uma comunicação entre si, e negociam aquilo que precisam, em
troca do que pode oferecer.
Quando é
criado um relacionamento mais efetivo, o canal entre elas é estreitado, e a
troca passa ser habitual. Numa situação de aproximação bem definida, o distanciamento praticamente é
eliminado.
Além disso,
algumas ilhas se organizam, formando um conglomerados, com objetivo de realizar
coisas que interessam às demais ilhas, auxiliar na sua realização, e levantar
recursos para garantir viabilizar seus objetivos, sua sobrevivência e
desenvolvimento.
Familia
Quando a
pessoa nasce ainda não é uma ilha bem definida. Ela inicialmente é dependente,
mas, pouco a pouco, vai desenvolvendo sua autonomia, e se retirando para o
próprio espaço, definindo suas fronteiras.
A relação
com os familiares normalmente é comunicativa, e facilita a ocorrência de trocas
que satisfazem a todos. Esse é o período no qual a pessoa está sendo preparada
para interagir com as demais pessoas, ‘ilhas’, que poderão tornar sua
existência mais completa e feliz.
Uma das
atribuições da família é preparar o jovem para o mundo que terão que enfrentar
um dia sozinhos, sem o seu suporte. Inicialmente cuida da sua educação,
formação, para estarem aptos para contribuir com a sociedade, e, em troca,
obterem aquilo que irão precisar, desejar.
Amigos
Com o passar
do tempo as crianças evoluem e, naturalmente, vão se afastando dos seus
familiares com segurança, descobrindo externamente outras ‘ilhas’ que despertam
seu interesse, que vêm ao encontro daquilo que acreditam, precisam, ou desejam.
Esssas
relações ajudam a criança a perceber como é o mundo em que terão que viver e,
ao mesmo tempo, dão segurança emocional para descobrir e fazer o que for
necessário para se capacitar e enfrentar o desafio.
Com o passar
do tempo os amigos acabam sendo um reflexo de quem você se tornou, e pessoas
que poderão contribuir, ajudar, a superar suas eventurais dificuldades.
Trabalho
Logo que
atingem um nível considerado satisfatório ou ideal, procurarão ilhas, ou
conglomerados de ilhas organizados para criar/dispor de coisas necessárias para
a sociedade, e oferecerão o serviço para a qual foram qualificadas, para obter
aquilo que precisam para se manterem, que garantirão uma existência tranquila,
positiva, feliz.
Velhice
Com o passar
do tempo, ocorre o envelhecimento natural das pessoas e e, em decorrência, as
suas consequências. O corpo vai perdendo sua vitalidade, o que muitas vezes acarreta
doenças. A família e as amizades, aos poucos, por motivos diversos, vão sendo
reduzidas e, tudo isso leva as pessoas
nessas condições a um isolamento crescente. O futuro invevitável é a morte física.
Legado
As pessoas,
embora deixem de existir, a sua ‘ilha’ permanece. Essa ilha não morre. Ela irá sempre existir, contendo a
energia que seu último ocupante e seus antecessores geraram no decorrer da suas
vidas.
Essa energia
permanece latente, e, oportunamente, atrairá um novo habitante compatível com
ela. Um ser que, independente do fato de não ter conhecido seus antecessores,
captará naturalmente a energia que foi gerada e deixada na ilha, e, através
dela, e da sua própria, definirá o rumo de sua vida, a realizar ações que, de
uma forma ou de outra, influenciarão as demais pessoas, e assim sucessivamente.
História de
uma Ilha
Ele era um garoto originário
de uma família bem constituída. Foi criado num ambiente saudável, e teve uma
boa educação, formação. Frequentou boas escolas (aglomerado de ilhas criadas e
estruturadas com objetivo de ensinar, divulgar cultura), onde sempre se
destacou. No ambiente escolar, e no entorno de sua casa, fez algumas amizades
e, de modo geral, era aceito e se dava bem com todos.
Por indicação de uma familiar,
filiou-se a uma ‘ilha empresarial’ do ramo financeiro, onde aprendeu a se
posicionar como empregado, e a se relacionar com os que, como ele, também lá haviam
se filiado. Oportunamente, conscientizou-se do que realmente gostaria de fazer
como profissão .
Procurou por um colega de
faculdade que trabalhava na área onde gostaria de trabalhar, e pediu que ele o
orientasse sobre como proceder para ser contratado. Foi atendido. Logo começou
a trabalhar nessa área, uma área que tinha a ver com a sua inclinação pessoal, formação,
e com a qual mais se identificava.
Teve sucesso, e, até se
aposentar por tempo de serviço, conseguiu amealhar um capital suficiente para garantir
a sua sobrevivência, num bom nível.
Hoje, revendo o caminho
percorrido, considera que o resultado foi melhor do que o da maioria.
Entretanto, algo que o incomoda é que nunca cedeu espaço para realizar algumas coisas
em que acreditava, que julgava importantes do ponto de vista social. Não se
dedicou a elas pois não eram relevantes para seu objetivo principal – conseguir
independência financeira para criar seus filhos num ambiente saudável, e poder disponibilizar
tudo o que julgava importante para o futuro deles, e garantir cobertura para uma
velhice tranquila.
Tem consciência de que a
maioria age da mesma forma. Infelizmente, grande parte dos que se dedicam ao
social, na verdade não estão buscando atender às necessidades dos demais, mas
sim tirar proveito pessoal das posições que conseguem alcançar, obter.
Conclusão
Embora sejamos, cada um uma ilha, é importante termos consciência de que o sucesso depende da nossa união. Nossa independência é relativa, pois estamos cercados por um oceano de coisas que precisamos, mas que fogem do nosso controle, capacidade, e que, portanto, levam-nos a depender uns dos outros para sobreviver, prosperar.
(JA, Set24)