O que é o tempo? No sentido meteorológico (Weather) tem vários significados: quente,
frio, chuvoso,... -; no sentido de tempo
propriamente (Time) é aquilo que definido pela rotação do planeta,
pelo relógio, calendário, determina o quanto dura uma época, uma ação, ou
existência, no passado ou no presente. É
sobre este último sentido que vamos
tratar.
Portanto, tempo só tem significado enquanto define a
duração, o início e o fim, de algum evento. Não é um sujeito, mas sim um predicado.
Muitos pensadores dedicaram seu tempo
para tratar desse tema. Embora brilhantes, como nos exemplos abaixo (1) e (2),
nenhum foi conclusivo, uma que vez que o tempo, embora mensurável, como já
disse antes, não tem nada de concreto, muito pelo contrário.
As horas, os dias, os anos, podem parecer tão repetitivos,
que não é difícil acabarmos assumindo que
mudanças são pouco prováveis.
(1) Em a ‘Sombra das Raparigas em Flor’, o segundo dos sete volumes de ‘Em Busca do Tempo Perdido’, Marcel Proust faz o narrador da história enviar uma carta de Ano-Novo a Gilberte, garota pela qual estava enamorado, anunciando o propósito de deixar de lado as decepções de um ano velho, a favor de uma ‘amizade nova, tão sólida que ninguém a destruiria’. O dia 1º de janeiro chegou com um vento suave e úmido. Prossegue o narrador: “Aquele tempo me era bastante conhecido; tive a sensação e o pressentimento de que aquele dia do Ano-Novo não era um dia diferente dos demais, não era o primeiro dia de um mundo novo em que eu poderia com sorte, refazer minha amizade com Gilberte, como no tempo da criação, como se não existisse o passado”.
O tempo tem um caráter indiferente,
assustador, pois não sabemos nem o que é, de onde veio e nem para onde vai. Entretanto,
com a organização dos fatos da nossa história pessoal ou familiar, da história do
nosso país ou do mundo; com a elaboração
da retrospectiva do ano; ou com a
comparação dos fatos de um ano com os do outro, ele se torna pessoal, confiável.
(2) Thomas Mann começa o sétimo capítulo de ‘A Montanha Mágica', romance em que o tempo tem papel de protagonista, com a indagação seguinte: “Pode-se narrar o tempo, o próprio tempo, o tempo como tal em si?” Ele próprio responde que não. “Uma história que rezasse: ‘O tempo decorria, escoava-se, seguia o seu curso,”, e assim por diante, nenhuma pessoa sã poderia considerar como sendo uma história”. A narrativa precisa de fatos. Uma vez encadeados, os fatos, à narrativa, “dão um conteúdo ao tempo”, “enche-o de uma forma decente”, “assinala-o”, e faz com que “tenha valor próprio”.
Registrando os fatos da nossa
história, além de guardarmos essas lembranças, estaremos também acumulando o ‘tempo passado’. Imagine-se colocando o seu tempo
em garrafas. Logo você terá uma adega dos seus tempos vividos: garrafa daquela
boa lembrança tal; daquele momento especial do seu primeiro baile, da sua formatura, do nascimento dos seus filhos; locais em que esteve; amizades que
cultivou; ... E, nos momentos de alegria, de carências, você sempre poderia recorrer
à sua adega do tempo e, de certa maneira, reviver esta ou aquela situação
passada, absorvendo a energia positiva que cada uma carrega, no seu presente.
Essas lembranças são valiosas e podem
ser cultivadas. Uma vida vivida com entusiasmo, gera muitos momentos especiais que
podem e devem ser colecionados. E vale o inverso: ‘De que adianta guardar
lembranças de uma vida monótona, enfadonha?’ Assim como podemos fazer tantas
coisas, podemos também plantar, colher e guardar boas lembranças.
Essa atitude deve ser encarada com
uma missão. Acreditar sempre que é
possível mudar o seu destino tendo metas bem definidas, pensamentos positivos e
atitude. O objetivo não é só guardar o tempo de lembranças felizes. O objetivo
final é a promoção da felicidade. Cada boa lembrança colecionada será um degrau
nessa escalada na direção do melhor destino. Cada vez mais o mundo ficará de
bem com quem age assim, pois essa pessoa irá refletir aquilo que todos admiram,
pretendem, precisam. Quem viver assim, viverá bons tempos: de paz, de equilíbrio, de saúde, de prosperidade.
Cada vez mais irá compreender melhor o
passado, e estar mais preparado para viver melhor o futuro.
No finalmente, podemos inferir que
cada um é responsável e dono da qualidade do seu tempo, da sua vida, e do seu
destino, mesmo que não saiba exatamente o que cada um possa ser.
As Time Goes By
(Jimmy Durante, from the theme song of Casablanca)
'You must remember this
A kiss is just a kiss, a sigh is just a sigh.
The fundamental things apply
As time goes by'
(JA, Jan15)