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Mostrando postagens de setembro, 2016

Partida e Chegada

"Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara... O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor... Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram... Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: ‘já se foi’. Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós... Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: ‘já se foi’, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: ‘lá vem o veleiro’. Assim é a morte. Quando o veleiro parte, l

Reflexões

Outro dia, ao rever minha anotações, em ‘Ciência e Tecnologia’, encontrei duas notas (1) que foram escritas por um amigo, físico e pesquisador brasileiro, com especializações nos EUA, Inglaterra e Espanha, falecido há cerca de dois anos. Suas colocações me fizeram lembrar muito bem de quem ele era, o que e como pensava, reagia.  Grande figura. Então, fui levado a pensar que as pessoas ficam registradas e presentes em nossa mente, mesmo que estejam distantes, não só pela aparência física, mas, principalmente, por como elas se comportam, pensam, acreditam, projetam, realizam, Consciente ou inconscientemente, todos compartilhamos nossos conhecimentos, experiência, intuição, interesses, com nossos contemporâneos, pessoas com quem convivemos. E, se se nos dermos ao trabalho de registrar nosso pensamento, nossa energia, podemos influenciá-los até muito tempo depois do momento do registro - não só a eles, mas, eventualmente, até mesmo gerações posteriores. Embora isso seja meio ób

Olhar no Horizonte

Ellen era uma moça tímida. Ela desviava o olhar das pessoas e de tudo. Normalmente seu olhar estava voltado para baixo – para os seus pés, ou para os do seu interlocutor. Naturalmente, esse hábito era limitante e ela deixava de perceber, de ver, muitas coisas que poderiam ter sido interessantes ou úteis  para ela. Com o passar dos anos, ela mesmo passou a considerar esse comportamento muito estranho: ‘Por que não podia olhar para as pessoas, para tudo do seu entorno?  Por que as outras pessoas podiam?’ Passou a ter consciência de que o problema era dela, e não dos outros. Entretanto, embora se esforçasse, não conseguia mudar. Sempre se pegava fazendo o de sempre. Então, resolveu fazer a mudança por partes. Inicialmente, se programou  para olhar as pessoas nos olhos – especialmente enquanto estava andando nas ruas – era mais fácil do que encarar alguém com quem estivesse dialogando.  Percebeu que a maioria das pessoas nem estava olhando para ela. Estavam olhando para frente

O Rei e a Camisa

    Era uma vez, um rei que ficou doente. Tão doente que disse: ‘Darei metade do meu reino para quem conseguir me curar.’ Todos os anciãos do Reino se reuniram e começaram debater procurando definir como curar o rei. Eles pensaram, pensaram, e concluíram que não sabiam, nada podiam fazer. Então, um homem sábio disse saber como curar o rei: ‘É preciso encontrar um homem feliz, pegar a camisa dele, vesti-la no rei. E, com isso, o rei ficará curado.’ Imediatamente o rei enviou seus emissários por todo o reino para encontrar um homem feliz. Procuraram por muito tempo, mas não conseguiram encontrar ninguém. Não havia nenhum um homem que estivesse realmente feliz. Um era rico, mas doente. Outro era saudável, mas pobre. Outro era rico e com saúde, mas a sua esposa era má. Mais alguém, mas novamente: suas crianças tinham problemas. Enfim, todo mundo reclamava de algo. Um dia, à noite, o filho do Rei estava andando pela cidade e, ao passar perto de uma pilha de tijolos, ouviu

Jogos Paraolímpicos

                                       Natalia Partyka,  primeira amputada a competir nos Jogos Olímpicos, Origem Em 1939, o neurologista alemão de origem judia Ludwig Guttmann foi forçado pelo governo nazista da Alemanha a deixar o país com sua família. Ele foi se estabelecer na Inglaterra, onde passou a trabalhar na Universidade de Oxford. Em 1943, Guttmann foi indicado pelo governo britânico para chefiar o Centro Nacional de Traumatismos na cidade de Stoke Mandeville , sendo sua principal missão a reabilitação de soldados feridos durante a Segunda Guerra Mundial. Antes da Guerra não havia registros de grandes esforços para reabilitar deficientes físicos, cuja vida era considerada de curta duração e de má qualidade. Guttmann desenvolveu uma nova filosofia de tratamento para os seus pacientes que unia trabalho e esporte. Entre as modalidades usadas no tratamento estavam basquetebol, tiro com arco, dardos e bilhar. Com o sucesso do novo sistema, Guttmann promoveu,