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Missão

Domenico Ghirlandaio – ‘The Christian Glory’, 1492
Lúcio era uma alma apreciada por Deus,  por tudo de bom  que ele já havia feito, por várias gerações, e pelo que ainda haveria de fazer.
Entretanto, Deus recebera uma mensagem do próprio Lúcio, deixando claro que ele passava por uma fase ‘de baixa’, e que  está tendo uma dificuldade enorme para superá-la.
Era lamentável isto acontecer justo nessa existência que, pelos planos divinos, deveria ser a sua última. Nessa existência ele deveria atingir um grau de evolução / superação tal,  que o habilitaria a ir para um outro plano, um plano superior, onde outras e novas missões o aguardavam.
Lúcio tinha consciência de que existem situações que nos levam a atingir o nosso limite e, então, não resta alternativa senão apelar para uma Instância Superior. Se vamos ser atendidos ou não, é difícil dizer - apelamos de acordo com a nossa necessidade, e seremos atendidos ou não, dependendo da possibilidade. De duas coisas podemos ter certeza: uma é que a Instância Superior existe, e que sempre poderemos recorrer a ela;  a outra, é que o que ela faz ou deixa de fazer independe da nossa vontade. E Lúcio, principalmente por falta de alternativas, numa determinada noite estrelada, apelou, olhando para Deus, e foi ouvido.
"As estrelas são os olhos de Deus."
Deus então, enviou um anjo, Olegna, à terra com a missão de resgatar aquele ser predestinado que existia em Lúcio.
Olegna chega e se aproxima de Lúcio com o propósito conhecê-lo melhor, sem ser percebido.  Fica sabendo que Lúcio está deprimido, desesperançado. Embora seja um homem com muitos talentos, com experiência e formação profissional, ele não estava conseguindo um emprego, para trabalhar e garantir uma receita adequada para manter a sua família dentro do padrão habitual.
Havia tentado de tudo, esgotado por várias vezes toda a sua rede de contatos; teve iniciativas para desenvolver um negócio próprio; ... mas nada havia dado certo até agora – só havia agravado ainda mais a situação porque, algumas vezes, temerariamente, para tanto, utilizou recursos que não poderia dispor, perder. Na sua opinião, seu principal problema era a idade - já estava beirando os 50 anos; e, na sequência, sua formação profissional acadêmica que já estava meio que vencida, defasada. Além disso, não dominava nenhuma idioma estrangeiro pois, na sua época, não era um requisito tão importante. 
Atualmente, as empresas preferem contratar jovens recém saídos das melhores faculdades,  falando vários idiomas, com muita gana  de vencer, e depois poder surfar no maravilhoso mercado de consumo. Esses jovens, inteligentes e bem formados, aceitam trabalhar por um salário menor do que no passado, proporcionalmente, com um plano de metas muitas vezes impraticável, o qual é perseguido por eles com todo empenho, muitas vezes extrapolando o horário normal de trabalho, diante da possibilidade de promoção, de mais poder, reconhecimento, e da melhor remuneração decorrente.
Olegna se convence que, realmente, Lúcio precisa de uma força amiga, positiva, para sair da depressão e se por em movimento de uma forma produtiva.
Mas o que fazer? Milagre? Milagres, atualmente estavam fora de questão. Resolveu que, neste caso, o melhor a fazer seria:
- Influenciar algumas pessoas bem posicionadas, para ajudá-lo a superar este momento da sua vida: encontrá-lo, ouvi-lo, reconhecer o que nele havia de melhor, e lhe dar uma oportunidade justa para mostrar a sua capacidade.
- Ajudar Lúcio  para que ele aproveitasse, da melhor maneira possível, com habilidade, as oportunidades que surgissem.  
Passou então para Lúcio a primeira lei da espiritualidade:
A pessoa que vem, é a pessoa certa - Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação”.
‘Por acaso’, um empresário vindo da família do exterior para trabalhar no Brasil, conheceu Lúcio.  Houve uma simpatia comum imediata. Logo estavam conversando como velhos amigos e, na após algum tempo de convivência, ele lhe ofereceu uma oportunidade de trabalho, com uma remuneração acima de suas expectativas  neste momento. Lúcio, desconfiado,  impôs algumas condições que acabaram sendo aceitas, após a Matriz ter sido consultada.
Lúcio ficou meio que surpreso com a rapidez e com o desenrolar favorável das coisas, pois isso estava fugindo do padrão tradicional. Será que não haveria aí alguma ‘pegadinha’?
Olegna passou então para ele a segunda lei da espiritualidade:
 “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido -  Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.”
E ele, após ler detidamente o contrato de trabalho, e de ter certeza de que conseguiria cumprir o que estava sendo acordado,  finalmente aceitou.  O empregador, considerando que a empresa deveria se instalar no Brasil o quanto antes – cada dia perdido representava prejuízo – necessitava que ele iniciasse o trabalho imediatamente. Lúcio ponderou que  precisaria de tempo para se organizar, para se preparar para se ausentar dos afazeres que havia assumido nos últimos anos...
Olegna, oportunamente, lhe passou a terceira lei da espiritualidade:
Toda vez que você  iniciar, é o momento certo - Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem”.
Lúcio aceitou iniciar imediatamente. O ambiente de trabalho era ótimo. As pessoas eram civilizadas, as exigências razoáveis e o local não poderia ser melhor – um luxuoso escritório, bem localizado e, além do salário combinado, passou a desfrutar de alguns ótimos benefícios, que nem haviam sido mencionados na entrevista inicial.
Pouco a pouco, Lúcio foi dominando o que tinha que fazer e acabou por fazer mais ainda, se destacando, ganhando a confiança de seus empregadores.  Quando teve oportunidade, se sentindo ‘iluminado’, conseguiu vender para o Conselho da  empresa a ideia de um seu projeto antigo,  ligado à área de educação.
"A luz que você sente, é a luz que você transmite."
Sua proposta era, através de uma parceria público-privada, criar um padrão nacional de educação, com um conteúdo revisto e atualizado, a ser preparado por um grupo seleto de profissionais da área, a ser passado para os alunos de todos os cantos do país, através da rede pública, com a utilização dos recursos mais modernos, e monitorados localmente por professores presenciais, previamente preparados. 
A implantação do projeto foi difícil. Inicialmente foram feitas instalações  experimentais e,  depois, paulatinamente, foi expandido no melhor formato. Hoje é um sucesso, reconhecido e copiado no mundo inteiro.  
Passados alguns anos, agora com Lúcio entrado na ‘terceira idade’, bem sucedido em todos os aspectos, reconhece a importância da oportunidade que teve lá trás, e agradece a Deus (ou ao seu anjo da guarda Olegna – que ele nem chegou a conhecer) por ter sido capaz de aproveitá-la.
Olegna, junto dele, passa então à Lúcio a quarta e última lei da espiritualidade:
Quando algo termina, ele termina -   Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado.”
Na sequência Lúcio que já havia preparado sucessores para dar continuidade ao seu projeto, se afasta, e sai para uma merecida aposentadoria, aproveitando feliz a oportunidade de conhecer alguns lugares que ainda não conhecia, com sua esposa, e, eventualmente, na companhia dos filhos e netos.     


“Nossos deuses são nossos desejos, projetados até os confins do universo.” Rubens Alves

(JA, Out14)

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