Ideologia
A origem do termo ocorreu com
Destutt de Tracy, que criou a palavra, e lhe deu o primeiro de seus
significados: ciência das ideias.
Posteriormente, concluíram
que esta palavra ganharia um sentido novo quando Napoleão chamou De Tracy e
seus seguidores de ‘ideólogos’, no sentido de ‘deformadores da realidade’. No
entanto, os pensadores da Antiguidade Clássica, e da Idade Média já entendiam
ideologia como o conjunto de ideias e opiniões de uma sociedade.
Karl Marx desenvolveu uma
teoria a respeito da ideologia na qual concebe a mesma como uma falsa consciência,
proveniente da divisão entre o trabalho manual e o intelectual. Para Marx não
se pode analisar uma sociedade separadamente de sua condição social e
histórica.
Nessa divisão, surgiriam os
ideólogos ou intelectuais que passariam a operar em favor da dominação ocorrida
entre as classes sociais, por meio de ideias capazes de deformar a compreensão
sobre o modo como se processam as relações de produção. Neste sentido, a
ideologia (enquanto falsa consciência) geraria a inversão, ou a camuflagem da realidade,
para os ideais ou interesses da classe dominante.
Portanto, Ideologia é um
termo que possui diferentes significados e duas concepções: a neutra e a
crítica.
No senso comum o termo
ideologia é sinônimo ao termo ‘ideário’, contendo o sentido neutro de conjunto
de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo, de um indivíduo
ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas.
Para autores que utilizam o
termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerada um instrumento
de dominação, que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física), de forma prescritiva, alienando a consciência
humana.
Vivemos numa época em que as
pessoas são levadas a se posicionarem a favor ou contra isso ou aquilo, principalmente
devido à situação limite a que são obrigadas a viver, pela sua condição social,
ou fatores externos que as afetam, independentemente de sua vontade ou ações.
Como povo, todos estamos
sujeitos às políticas dos governantes, além de eventos extraordinários, que não
podem ser previstos, assimilados, evitados ou superados, a curto prazo.
Quando o país atravessa uma
crise que afeta grande parte da população, é normal que surjam líderes que
assumam a posição de ‘salvadores da pátria’, muitas vezes movidos por
interesses divergentes dos da maioria.
Para conquistar adeptos, e
solidificar a liderança, utilizam meios voltados para a criação/manutenção de
relações de dominação.
Agindo dessa forma, podem despertar
uma ideologia que, muitas vezes desconectada da realidade, prevê a solução para
os problemas enfrentados pelo povo. Quando bem-sucedidos, eles, os agentes,
passam a ser a solução.
A forma que utilizam para
conquistar adeptos consiste em incutir no povo uma ideologia ‘crítica’.
Ideologia, pela concepção
crítica, não é algo disseminável como é uma ideia ou um conjunto de ideias. Ideologia,
no sentido crítico, é algo voltado à criação/manutenção de relações de
dominação, por meio de quaisquer instrumentos simbólicos: seja uma frase, um
texto, um artigo, uma notícia, uma reportagem, uma novela, um filme, uma peça
publicitária, ou um discurso.
Quando determinados grupos conquistam
adeptos através de suas propostas, passam a possuir poder sobre eles, quase
sempre de uma maneira permanente, e em grau significativo - seus simpatizantes
passam a ficar inacessíveis a outros agentes.
Nesse caso, a ideologia cria
uma ‘falsa consciência’ da realidade, e tem como objetivo reforçar e perpetuar
a dominação obtida.
Radicalismo
O radicalismo é politicamente
inflexível e provoca antagonismos devido à oposição, tanto ao liberalismo
moderado, cuja proposta é a reforma gradual por vias constitucionais, quanto ao
conservadorismo, que propõe a manutenção dos padrões sociais tradicionais.
Apesar de não ser contra o
constitucionalismo de jure, os radicais defendem reformas e ações disruptivas,
e de luta social, consideradas por outros grupos políticos como
desestabilizadoras da ordem constitucional.
Atualmente o termo, quando empregado em relação à política ou aos políticos, tem conotação pejorativa.
Relações
Todos somos levados a ter uma
ideologia pela nossa formação, experiência, convivência, ou por ações que
tiveram o propósito de nos envolver, conquistar. Naturalmente, dependendo da
origem, varia o grau de envolvimento.
Devemos sempre ficar atentos
para evitar ser alvo da dominação ideológica. Manter a mente aberta, obter
informações de fontes variadas, avaliar racionalmente. Jamais ser radical; o
radicalismo é limitante em relação ao racional.
Quando nos deparamos com
alguém que pensa diferentemente de nós, totalmente dominado por determinada
ideologia, não adianta tentarmos dissuadir através de argumentos, fatos.
Eles chegaram a esse ponto
por terem sido objeto de uma campanha desenvolvida a nível técnico-profissional,
sabe-se lá por quanto tempo. Não serão meras palavras, ou argumentos, que
promoverão alguma mudança. Eles irão descobrir que estão errados, se estiverem,
por si mesmo, pela sua experiência pessoal.
Portanto, é recomendável nesses casos, não entrarmos em polêmica, desgastar nossa relação, tentando convencê-los do seu erro, evidente para nós. Se as ações que eles praticarem nos afetar negativamente, aí sim, devemos nos afastar, seguir nosso caminho, deixando claro o motivo, para evitar reincidência.
(JA, Jul22)