Contrariando Freud não considero o sexo como sendo a força motora da sociedade, e que seria o meio e o fim de tudo. Para mim essa afirmação seria verdadeira se substituíssemos a palavra ‘sexo’ por ‘gênero’.
Nós homens imaginamos que sabemos
o que as mulheres pensam, falam, e o que fariam em determinadas situações.
Entretanto, independentemente disso, as consideramos extremamente interessantes
- o que não é comum pois, às coisas conhecidas, não damos maior atenção.
Isto me levou a refletir, e acabei
chegando à conclusão de que, na verdade, cada uma delas é um complexo
intelectual, físico e espiritual, singular, único, embora compartilhem algumas
afinidades psicológicas entre si. São essas afinidades que nos levam, os homens,
enganosamente, a enxergá-las como sendo um grupo uniforme.
Uma mulher que sabe aproveitar
as regalias que lhe são concedidas pela sociedade atual, provavelmente será bem-sucedida,
tanto no campo financeiro, profissional, como no espiritual-amoroso-físico-familiar.
Exige-se de uma mulher um
comportamento muito singular, racional e próprio, que deveria ser exigido
também do homem, para formação de uma sociedade de melhor nível, mais
produtiva, feliz.
Uma mulher precisa ter classe.
Ter classe consiste em uma enorme série de atitudes: ela não deve falar sem ter
certeza do que está falando, e nem mais do que deve; tem que conhecer
perfeitamente as pessoas que a cercam, para agir de maneira correta para não as
ofender, ou a agradá-las mais do que o necessário. Deve-se mostrar capacitada,
ativa, sensata, inteligente, simpática, imaginosa, com jeito para as coisas
trabalhosas – que demandam paciência.
O mais difícil, para quem tem
todas essas qualidades, é ter que se mostrar submissa ao seu namorado, noivo,
marido, chefia, de um modo tal que ele não se sinta o senhor absoluto da
situação, mas apenas o responsável pela direção.
Além disso, tem outras
obrigações, como manter a boa aparência, capacidade de sofrer em silêncio, de
se alegrar com parcimônia – sem excessos. Aliás, uma mulher de classe deve
fazer tudo sem excessos.
A classe de uma mulher, para
existir, precisa ser cultivada. É obtida através de um exercício constante: em qualquer situação, a qualquer momento,
quer sozinha ou acompanhada, em sua casa ou não, na rua ou no escritório.
Assim, pouco a pouco, esse comportamento se torna habitual, não exigindo mais
esforço algum.
Se mulher conseguir ser assim, poderá ser considerada realmente uma mulher emancipada e, como tal, exigir para si um homem igualmente preparado, pleno. Dessa união resultará um lar bem estruturado, no qual pais e filhos viverão bem, pois pertencerão a um grupo caracterizado, principalmente, pela prática equilibrada da razão, do respeito, do amor, próprio e compartilhado.
(JA, Nov68)
Fonte: Do ‘Tratado sobre a importância da mulher na estrutura masculina’, ainda por escrever, pelo mesmo autor