Busto dedicado ao Dr. Martins Fontes - Praia José Menino, Canal 2, Santos-SP |
Frequentemente
me vem à cabeça a frase: ‘Como é Bom ser bom, Martins Fontes’. Lembro-me que
ela estava escrita em letras grandes, numa parede, visível para quem subia a
escada para o segundo andar do antigo Colégio Alexandre de Gusmão, no Ipiranga,
São Paulo-SP . Foi nesse Colégio que fiz meu Ensino Médio, e a vi diariamente,
durante os 3 anos do curso, quando subia para ir para a minha classe.
Hoje, por
acaso, procurei saber mais sobre ela –recorri ao Google naturalmente–, e só
agora, tantos anos passados, descobri que é o título de um poema de José
Martins Fontes, e quem ele foi.
José Martins
Fontes foi médico, poeta, e destacado humanista, brasileiro, nascido na cidade
paulista de Santos, em 23 de junho de 1884, onde faleceu em 25 de junho de
1937.
Como médico
foi tisiologista da Santa Casa de Misericórdia de Santos (a primeira do Brasil,
fundada por Brás Cubas), e da Sociedade Portuguesa de Beneficência.
Notabilizou-se
como conferencista, e, partir de 1924, tornou-se correspondente da Academia de
Ciência de Lisboa.
Escreveu
diversos poemas conhecidos, entretanto o soneto ‘Como é bom ser bom’ é
considerado o seu verso mais famoso e o seu título foi, antes de tudo, um lema
de vida que Martins Fontes sempre cultivou, principalmente na sua vida
profissional.
Foi uma
figura notável, venerado pelo povo — notadamente pelos mais humildes. Sua morte
causou grande consternação, tendo o seu funeral, conforme testemunhos da época,
paralisado a cidade. Seu túmulo no Cemitério do Paquetá, em Santos-SP, ainda
hoje, é um dos mais visitados.
O poema
Tu, que vês tudo pelo coração,
Que perdoas e esqueces facilmente,
E és, para todos, sempre complacente,
Bendito sejas, venturoso irmão.
Possuis a graça como inspiração
Amas, divides, dás, vives contente,
E a bondade que espalhas, não se sente,
Tão natural é a tua compaixão.
Como o pássaro tem maviosidade,
Tua voz, a cantar, no mesmo tom,
Alivia, consola e persuade.
E assim, tal qual a flor contém o dom.
De concentrar no aroma a suavidade,
Da mesma forma, tu nasceste bom.
(JA, Out18)