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Guerra Síria



Início
Há mais de 40 anos a Síria é governada pela família Assad. É, lá não existe democracia. Mas isso não era problema porque, embora muitos sírios se queixassem do um alto nível de desemprego, corrupção em larga escala, falta de liberdade política, e repressão pelo governo Bashar al-Assad - que havia sucedido seu pai, Hafez, em 2000, o povo vivia bem para seus padrões, e o país estava crescendo. Isso até 2011
Em março de 2011, adolescentes que haviam pintado mensagens revolucionárias no muro de uma escola na cidade de Deraa, no sul do país, foram presos e torturados pelas forças de segurança.
O fato provocou protestos, exigindo mais liberdades no país.
Quando as forças de segurança sírias abriram fogo contra os ativistas - matando vários deles -, as tensões se elevaram, e mais gente saiu às ruas. Os manifestantes pediam a saída de Assad.
Começou uma onda de protestos em diversas cidades do pais,  influenciadas pelas diversas revoltas que ocorriam ao mesmo tempo no Oriente Médio: a Primavera Árabe. Os grupos de oposição, ao se manifestarem de forma incisiva, tinham o objetivo de derrubar Bashar al-Assad, presidente do país, para iniciar um processo de renovação política, e criar uma nova configuração à democracia da Síria.  O governo começou a repreender esses protestos com violência.
O radicalismo do governo nessas ações gerou muita revolta, e os grupos de rebeldes, contrários ao governo, começaram a crescer. Cresceram tanto que começaram a se dividir e brigar entre si.
Isso enfraqueceu o movimento rebelde porque ninguém (nenhum outro país) daria a apoio a pequenos grupos.

Envolvimento Externo
Em um determinado momento, a Rússia (que tem interesses econômicos na Síria) começou a apoiar o governo do Assad.
Os EUA, considerando que a Rússia estava apoiando o ditador Assad, começou a apoiar os grupos mais moderados de rebeldes.... Começaram a fornecer, secretamente, armas e treinamento para eles.
A Turquia, vizinha da Síria, que também tem problemas com Assad, apoiou os EUA nesse intento, e começou também a ajudar os rebeldes moderados.
Como era de se esperar, os conflitos foram aumentando de intensidade.
Uma região da Síria foi dominada pelo Estado Islâmico - ISIS, que começou a marchar em direção à capital, Damasco. Por onde passavam, deixavam um rastro de destruição, morte, dor.
Em 2012, os enfrentamentos chegaram à capital, Damasco, e à segunda cidade do país, Aleppo.
Aleppo é a maior cidade da Síria, e é também hoje o olho do furacão dessa guerra.  A cidade é um dos centros do conflito. No momento, está dominada por rebeldes e cercada por forças do governo. É como se tivesse um monte de gente ilhada, sofrendo com os abusos da milícias do lado de dentro, e sendo bombardeada pelo pessoal do governo do lado de fora.
Nesse conflito já morreram mais de meio milhão de pessoas. E outros 6 milhões estão refugiados, ou procurando um lugar seguro para continuarem a viver suas vidas.
A rebelião armada da oposição evoluiu significativamente desde suas origens.
O número de membros da oposição moderada secular, foi superado pelo de radicais e jihadistas - partidários da ‘guerra santa’ islâmica. Entre eles estão o autointitulado Estado Islâmico, e a Frente Nusra, afiliada à Al-Qaeda.
Os combatentes do EI - cujas táticas brutais chocaram o mundo - criaram uma ‘guerra dentro da guerra’, enfrentando tanto os rebeldes da oposição moderada síria quanto os jihadistas da Frente Nusra.
Também combatem o Exército curdo, um dos grupos que os Estados Unidos estão apoiando no norte da Síria.
A escalada de terror causada por grupos como o EI - que aproveitou a fragilidade do país para tomar o controle de vastas partes de território no norte e leste - acrescentou outra dimensão ao conflito.

Tentativas de solução
Desde 2014, os EUA, junto com o Reino Unido e a França, realizam bombardeios aéreos no país, mas procuram evitar atacar as forças do governo sírio.
Já a Rússia lançou em 2015 uma campanha aérea com o fim de ‘estabilizar’ o governo após uma série de derrotas para a oposição. A intervenção russa possibilitou vitórias significativas das forças aéreas sírias.
Os Estados Unidos culpam Assad pela maior parte das atrocidades cometidas no conflito e exigem que ele deixe o poder como pré-condição para a paz.
Já a Rússia apoia a permanência de Assad no poder, o que é crucial para defender os interesses de Moscou no país.
O Irã, de maioria xiita, é o aliado mais próximo de Bashar al-Assad. A Síria é o principal ponto de trânsito de armamentos que Teerã envia para o movimento Hezbollah no Líbano - a milícia também enviou milhares de combatentes para apoiar as forças sírias.
Estima-se que os iranianos já tenham desembolsado bilhões de dólares para fortalecer as forças sírias, provendo assessores militares, armas, crédito e petróleo.
Contrapondo-se à influência do Irã, a Arábia Saudita, principal rival de Teerã na região, tem enviado importante ajuda militar para os rebeldes, inclusive para grupos radicais.
Outro aliado importante dos rebeldes sírios, a Turquia tem buscado limitar o apoio dos EUA às forças curdas, que acusam de apoiar rebeldes do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
Os rebeldes da oposição síria têm ainda atraído apoio em várias medidas de outras potências regionais, como Catar e Jordânia.

Situação
Cerca de 500 mil pessoas vivem sob o cerco de forças de segurança ou rebeldes.
Além disso, 70% da população não tem acesso a água potável, uma em cada três pessoas não consegue suprir as necessidades alimentares básicas, mais de 2 milhões de crianças não vão à escola e uma em cada cinco indivíduos vive na pobreza.
Segundo a ONU, até fevereiro de 2016 mais de 4,8 milhões de pessoas haviam fugido do país - a maioria mulheres e crianças.
O êxodo de refugiados, um dos maiores da história recente, colocou sob pressão os países vizinhos - Líbano, Jordânia e Turquia.
Cerca de 10% deles buscam asilo na Europa, provocando divisões entre os países do bloco europeu sobre como dividir essas responsabilidades.
O Conselho de Segurança da ONU pediu a implementação do Comunicado de Genebra, adotado em 2012 na cidade suíça, que contempla um governo de transição com amplos poderes executivos "baseado no consentimento mútuo".
Porém, as negociações de paz de 2014, conhecidas como Genebra 2, foram interrompidas. A ONU responsabilizou o governo sírio por se recusar a discutir as demandas da oposição.
Um ano depois, a ascensão do grupo autodenominado Estado Islâmico deu novo ímpeto à busca por uma solução pacífica.
Em janeiro deste ano, Estados Unidos e Rússia conseguiram convencer as partes em conflito a participar de ‘conversas de aproximação’ em Genebra para implementar o plano da ONU.
Mas as negociações foram suspensas ainda na fase preparatória, depois que as forças de segurança sírias lançaram uma ofensiva contra a cidade de Aleppo, no norte do país.
A última trégua parcial, em meados de setembro, fracassou dias depois de entrar em vigor, após um ataque letal contra um comboio de ajuda humanitária, no qual morreram 20 civis.
Os EUA culparam a Rússia pelo bombardeio - Moscou negou as acusações.

Em julho, uma tentativa de golpe na Turquia mudou as prioridades do presidente Recep Tayyip Edorgan. Suas ações voltaram-se para o front interno, seja na repressão aos que alegadamente ou de fato procuram destroná-lo, seja nos esforços para concentrar ainda mais poderes. Esse novo pano de fundo limitou as ações de Edorgan na Síria. Ele ainda tem grande interesse em combater os guerrilheiros curdos e a facção Estados Islâmico, que promovem atentados na Turquia, mas já abre mão de ver os rebeldes moderados no poder.  Como essa configuração é compatível com os interesses de Putin, teve início, por assim dizer, uma bela amizade entre os dois autocratas. O assassinato do embaixador russo em Ancara na última segunda feira (19) para protestar contra as ações de Moscou na Síria, não muda em nada essa situação. 

O que fazer
O fato é que, atualmente, a situação está muito difícil, e ninguém sabe nem como intervir.
O que é evidente é que, como nenhuma das partes é capaz de impor uma derrota decisiva à outra, a única forma de pôr fim à guerra é por meio de uma solução política.
Entretanto, a intervenção de potências regionais e internacionais que deram apoio militar, financeiro e político, tanto para o governo quanto para a oposição, contribuíram diretamente para fomento do sectarismo religioso - as divisões entre a maioria sunita e a minoria alauita no poder, alimentou atrocidades de ambas as partes, não apenas causando a perda de vidas, mas a destruição de comunidades, afastando a esperança de uma solução pacífica. Além disso, contribuíram também para a continuidade e intensificação dos enfrentamentos, o que acabou por transformar a Síria em campo para uma guerra indireta.

As pessoas choram quando veem o filme  ‘A Lista de Schindler’. Entretanto, não têm consciência de que um holocausto que está acontecendo agora.
O que fazer para ajudar? Difícil  dizer. Mas, uma atitude positiva seria contribuir de alguma forma para pressionar os governantes internacionais a se posicionarem contra essa situação e a tomarem partido, no sentido de acabar com esse conflito cruel e desumano, o mais rápido, e da melhor forma possível. Outra, seria contribuir com donativos para as entidades internacionais que estão dando apoio a feridos e refugiados.

"As vitórias mais importantes são aquelas que sinalizam um recomeço, melhor e novo."



(JA, Dez16)

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