“- 'Ah', disse o rato, 'o mundo torna-se a cada dia mais estreito. A princípio, era tão vasto que me dava medo. Eu continuava correndo e me sentia feliz com o fato de que, finalmente, via à distância, à direita e à esquerda, as paredes. Entretanto, agora, essas longas paredes convergem tão depressa uma para a outra, que já estou no último quarto, e, lá no canto, fica a ratoeira para qual eu corro'.
- 'Você só precisa mudar de direção', disse o gato, e o devorou.”
Franz Kafka, Tradução: Modesto Carone
Uma pequena alegoria sobre os
nossos medos e os esforços que realizamos - por vezes em vão - para superá-los.
As paredes citadas na fábula são os muros, construídos por nós mesmos ou não, representando os nossos medos, que
limitam a nossa vida, subtraem o livre-arbítrio e, assim, a alegria.
Esses muros, se não forem
derrubados, irão nos limitar, impedir que manifestemos toda a nossa potencialidade. Podem acabar nos levando para um destino compulsório, às vezes, muito diferente
daquele que mereceríamos ou almejávamos.
Portanto, para alcançar a realização pessoal, para ser feliz, é recomendável
evitar construir esses muros, mantendo-se
sempre aberto para ouvir e entender opiniões diferentes das suas, evitar
lugares, pessoas ou comportamentos que incomodam ou que possam lhe prejudicar. Ser racionalmente acessível, mas, ao mesmo
tempo, preservando a sua individualidade. Definir, manter e perseguir seus sonhos e ideais.
E, finalmente, procurar ser otimista, mesmo nas situações mais adversas. Tim Wenders no filme ‘Alice nas Cidades’ declinou uma frase que,
embora paradoxal, vem ao encontro dessa proposta:
‘Não há nada a temer, senão o medo.’
(JA, Mar16)