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Mostrando postagens de 2020

Mundos Paralelos

  Algum dia, todos nós já sonhamos ou nos imaginamos, estar vivendo situações que não têm nada a ver com a nossa realidade, com o nosso mundo consciente. São locais, ambientes, pessoas e coisas que, de repente, aparecem em nossa mente, saídos sabe-se lá de onde. Esta matéria não tem a pretensão de explicar o que, e porque acontece; apenas registrar alguns desses eventos.     Encontro com amigos   Ele estava na beira de um penhasco, abaixo do qual corria um braço de mar que vinha no sentido da praia até um certo ponto. As  ondas se quebravam ao encontrar a areia, e  retornavam, num vai e vem incessante.  Lá de cima ele vê aquela paisagem em movimento, sente o seu pulsar. Entretanto,  não está ali para isso. Logo abaixo, na direção contrária - na do mar aberto -  avista uma construção aconchegante, térrea, parecendo um restaurante, com um grande varanda com uma vista magnífica para o mar. Não vê ninguém, mas sabe que seus amigos estão lá, reunidos, aguardando por ele, como c

Música ‘Noite Feliz’

  Manuscrito mais antigo da canção, com autógrafo do seu compositor, pe. Joseph Mohr   Se há uma canção que não pode faltar na época do Natal, é a clássica Noite Feliz. Em 2018  completaram-se 200 anos desde que Stille Nacht – como é chamada no original em alemão – foi ouvida pela primeira vez, na Igreja de São Nicolau, em Oberndorf, na Áustria, na missa da noite do Natal de 1818 . Traduzida para centenas de línguas, Noite Feliz foi declarada em 2011 pela UNESCO um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.   A Lenda Oberndorf, pequena cidade da Áustria, véspera do Natal de 1818 . O padre Joseph Mohr estava desesperado, porque o órgão da igreja estava quebrado. A cantata de Natal seria um fiasco. Logo na sua primeira naquela paróquia! Pediu orientação a Deus, e se lembrou que dois anos antes havia escrito um poema simples, também na véspera de Natal, após uma caminhada no silêncio das montanhas e bosques daquela cidade. Encontrou o manuscrito do poema numa gaveta da

Vacina Paulista

    A saída de Pazuello do governo é só uma questão de tempo. Ou porque será sacrificado, ou porque pedirá demissão. Até quando o general Eduardo Pazuello, ministro improvável da Saúde tanto quanto Jair Bolsonaro é presidente acidental, ainda suportará o desgaste que sofre, em decorrência de sua abissal ignorância sobre os assuntos que é obrigado a tratar? E até quando o Exército assistirá inerte à desmoralização de um dos seus oficiais? Pazuello não é apenas mais um militar de alto coturno que serve ao governo de um ex-capitão afastado contra sua vontade da caserna por indisciplina, e conduta antiética nos anos 80 do século passado. É o único general da ativa e, como tal, membro do alto comando do Exército. Isso faz muita diferença – ou melhor: deveria fazer. Seu colega Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria do Governo, levou meses para finalmente se render à pressão superior, e pedir passagem para reserva. Militar da ativa não pode ocupar os dois lados do balcão, ora sen

Clarice faria cem anos como monstro mais sagrado e humano do que em vida

Tempo ampliou popularidade e compreensão de uma autora presa em fama de hermética e estrangeira   ‘Uma das coisas que me deixam infeliz é essa história de monstro sagrado’, disse Clarice Lispector num registro tardio colhido pela amiga Olga Borelli. ‘A verdade é que algumas pessoas criaram um mito em torno de mim, o que me atrapalha muito, afasta as pessoas, e eu fico sozinha’. À beira de seu centenário, que se completa no dia 10 de dezembro, o mito de Clarice talvez esteja maior do que nunca. As pessoas não se afastaram nada dela. Pelo contrário. Desde sua morte, se aprofundou a compreensão sobre uma mulher enclausurada por toda a carreira, numa fama de hermética e estrangeira. E a repercussão de sua obra se ampliou, sem nunca se exaurir. ‘Quando escritores morrem, é comum que caiam num limbo, até de séculos. Clarice não passou por esse limbo. Ela foi direto ao céu’, afirma Nélida Piñon, amiga que a acompanhou até seus últimos respiros, em 9 de dezembro de 1977 . ‘Quando C