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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Costureira dos Contos de Fada

A. Era uma moça que morava numa zona rural  na região centro-oeste do Brasil.  Tinha 13 irmãos, sendo ela uma das mais velhas. Vivian numa grande fazenda, junto com seus pais. Algum dos irmãos tinham ido para a cidade mais desenvolvida  do país na época, para poderem cursar uma faculdade - ensino superior.  Ela, como as demais mulheres, de acordo com o costume de então, ficavam em casa cuidando das lides domésticas. Seu pai constantemente fazia viagens à cavalo, levando gado, auxiliado por tropeiros,  para os grandes abatedouros.  Numa determinada viagem, os bois contraíram uma doença desconhecida e foram morrendo, pouco a pouco. Apesar do esforço, dele e de toda equipe de peões que o acompanhava, não conseguiu levar a manada até o seu destino -  todos os bois morreram antes. O prejuízo foi tão grande que ele ficou muito abalado com o ocorrido e, na viagem de volta para casa, sofreu de um mal súbito, à beira de um riacho, e veio a falecer. Como era costume, quando ele e a equi

Abençoada

B. desde criança teve um dom inconsciente. Foi perceber isso muitos anos depois quando relacionou fatos, aparentemente independentes entre si, que ocorreram ao longo de sua vida. O que esses fatos têm em comum é que, por isso ou por aquilo, mais por ‘intuição’ do que por qualquer outra coisa, foram decorrência de decisões, atitudes, que ela foi levada a tomar a realizar, que mais tarde demonstraram serem acertadas, e que foram decisivas para definir o seu melhor futuro. Aos dezessete anos começou a trabalhar e, embora vivesse na casa dos pais, era responsável pelas suas despesas.  Escolheu a faculdade e o curso que iria seguir, considerando sempre que teria que trabalhar para pagar seus estudos.  No terceiro ano, por diversos motivos , atrasou o pagamento de algumas parcelas da anuidade. O Diretor a chamou e disse que não seria possível a sua promoção para o ano seguinte, independentemente do resultado das suas notas, se ela não pusesse em dia os pagamentos. Ela não sabia o qu

Tristeza

T . morava no mesmo prédio que eu,  com a filha de uns 5 anos e a mulher. O prédio ficava  numa cidade do litoral Sul de São Paulo, São Vicente.  T. tinha entre 40 e 50 anos, sempre bem vestido,  elegante como um executivo bem sucedido, e a mulher, muito bonita, aparentava ser bem mais nova do que ele. Eu, na época, tinha cerca de 15 anos, e o via entrar ou sair do prédio, indo ou voltando do trabalho, quase todos os dias. Aparentemente não tinha carro – aliás, naqueles dias, não era  comum alguém ter um.  Até aí nada de mais. Entretanto, o que eu enxergava nele era tristeza; nunca vi ninguém passar esse sentimento com tanta intensidade durante toda a minha vida. Era tão forte que chegava até a incomodar. Estava no seu jeito de andar, de falar e, especialmente, no seu olhar.  Até hoje, passadas cinco décadas, ainda me lembro perfeitamente daquele  olhar. E, ocasionalmente, ainda me pergunto:  ‘Por que ele era tão triste?’   Procurei me aprofundar um pouco no tema, mas não ch

Apanhe o trem da vida...

A vida é como uma viagem de trem: uns sobem e outros descem,  há acidentes, em alguns casos, há surpresas, e em outros, há uma profunda tristeza. Quando nós nascemos e subimos no trem, encontramos algumas pessoas e acreditamos que elas permanecerão conosco durante toda a viagem: estes são os nossos pais! Infelizmente, a verdade é diferente. Eles descem em uma estação, e nos deixam sem o seu amor e seu carinho, sua amizade e sua companhia. Por outro lado, existem outras pessoas que sobem no nosso trem durante a viagem e que serão muito importantes para nós: estes são nossos irmãos, nossas irmãs, os nossos amigos e todas as pessoas maravilhosas que amamos. Alguns consideram a viagem como um pequeno passeio. Outros não encontram senão tristeza durante sua jornada. Existem aqueles sempre presentes, sempre prontos para ajudar quem estiver em dificuldade. Alguns, quando descem, deixam saudade para sempre. Outros sobem e descem tão rapidamente que nós temos apenas o tempo de vê-los d

Pessoas e Palavras

As pessoas são como palavras. Cada uma traz e deixa seu significado gravado no universo. Algumas são afirmativas, outras negativas, outras tem duplo sentido e, finalmente, outras servem de apoio, de reforço ao que já foi ou será dito, feito. Além disso, quando são  reunidas, organizadas de determinado modo, dão vida a sonhos, a projetos, criam um enredo. Numa tarde maravilhosa, ensolarada de Outono, de repente, foi ouvido um estrondo muito intenso que parecia não acabar mais – como um grande avião aterrissando sem parar. Em seguida, o céu, que antes brilhava com a luz do sol, foi escurecendo.  Mais tarde ficaram sabendo que aquela escuridão havia sido provocada por imensas naves alienígenas que estavam sobrevoando a cidade. Então, tudo ficou em silêncio. As naves ainda continuavam no céu. Agora estavam imóveis - estacionadas no espaço, suspensas sabe-se lá como -, enormes, escuras ameaçadoras. Os carros nas ruas pararam de circular, e todos, por segurança, se recolheram na